Era
um estudante em seu primeiro ano na Unicamp. Tímido,
gostava
muito de rock. Seu desejo era assistir a um show próximo
ao palco. Próximo até demais. Mantinha idéia
fixa de se jogar lá de cima em direção
ao público para ser carregado pelas pessoas. E assim
aconteceu.
Casuísticas
como essa, aparentemente simples de se resolver, misturam ficção
e realidade. Saem das páginas dos estudos e ganham novo
tratamento na Unicamp, no Serviço de Assistência
Psicológica e Psiquiátrica ao Estudante (Sappe),
criado em 1987. Oficializado no ano passado como pertencente
à Pró-Reitoria de Graduação (PRG),
nos próximos meses o Sappe irá se transferir fisicamente
da área de Psiquiatria da Faculdade de Ciências
Médicas para o ex-prédio da Diretoria Acadêmica
(DAC), no Ciclo Básico.
Conforme
negociações preliminares, ele ocupará uma
ala mais ampla para os atendimentos a estudantes de graduação
e de pós. Assim poderemos atender mais pessoas
e com maior agilidade, em local central, conta Maria Lilian
Coelho de Oliveira, uma das psicólogas do Serviço.
As consultas deverão ser dobradas. A idéia
é trabalhar até às 20h30, pois atualmente
funciona das 7 às 19 horas. Será um grande avanço
para nós, para desafogar aquela demanda que estava reprimida.
Linha
de trabalho O Sappe é um serviço como
poucos no Brasil, cuja assistência é feita em moldes
americanos e, em termos de pioneirismo, ele surgiu ao mesmo
tempo em que se formava um trabalho similar na USP.
Passados
os primeiros anos, o Serviço está realizando por
volta de 4.000 sessões por ano, atendendo mais ou menos
180 estudantes semanalmente, por demanda espontânea ou
recomendação profissional.
São
suas principais atribuições promover tratamento
psicoterápico e executar programas preventivos na área
de psicologia e psiquiatria. Uma das especialidades que oferece
é a psicoterapia breve, técnica psicanalítica
que trabalha o momento atual em poucas sessões para possibilitar
um conhecimento maior de si mesmo. A finalidade é
dinamizar o processo psicanalítico, explica Lilian.
Os
problemas mais freqüentemente mencionados na clínica
diz Lilian vão de depressão e ansiedade,
falta de dinheiro e trabalho, até desajustes por causa
da transição no ritmo escolar, após os
estudantes concluírem o curso secundário.
Informações detalhadas: telefone 3289-4819 ou
e-mail mlcoliv@terra.com.br.
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Boa
letra nos prontuários médicos
Não
dá para fazer idéia de quantas mãos manipulam
um prontuário médico num hospital por dia, quem
dirá por um mês. No mínimo, esse documento
é consultado por médicos, enfermeiros, psicólogos,
assistentes sociais, fisioterapeutas, pessoal administrativo,
alunos, pacientes e muitos outros profissionais. Mas o que é
o prontuário?
Define-se prontuário como um documento básico
que permeia as atividades de assistência, pesquisa, ensino,
administrativa e jurídica. Ele é ainda o elemento
de comunicação entre os vários setores
e depositário de um conjunto de informações
para gerar conhecimento. O tema é abrangente. Ele
é o histórico de saúde do paciente,
explica Amauri Roberto Dias, responsável pelo Serviço
de Arquivo Médico do HC. Por ser o prontuário
um importante instrumento para consulta, será lançada,
em dezembro no Hospital, a Campanha da Boa Letra, com o propósito
de melhorar a sua qualidade.
Com
a Campanha em curso (não haverá abertura oficial),
será enfatizada a importância da boa letra
através da distribuição de cartazes nos
ambulatórios, enfermarias, PS, UTI e pontos estratégicos
do HC. Verificamos muitos problemas de preenchimento dos
formulários, informa Amauri.
A
Campanha Boa Letra é encabeçada pela Comissão
Permanente para Revisão de Prontuários, que foi
instituída no ano passado no HC, representada por sete
médicos, dois enfermeiros e três funcionários
administrativos e coordenada pela diretora clínica do
Hospital, Ilka Boin.
Essa
Comissão interna revisa os prontuários por amostragem,
já que ainda é impossível a conferência
do montante total de prontuários. Ela tem o respaldo
legal de duas leis recomendando grafia legível: a Lei
do Consumidor (artigo 72) e o Código de Ética
Médica do Conselho Federal de Medicina (CFM).
Segundo
Amauri, o erro mais comum, além de assinatura ilegível
do médico, é a falta do registro do CRM. Os campos
não preenchidos prejudicam o bom andamento do trabalho.
A conseqüência é a desobediência à
lei federal e às normas de acreditação
hospitalar que o HC está pleiteando. O prontuário
é a garantia do paciente e do médico no caso de
ser movido um processo judicial, permanecendo guardado por no
mínimo 20 anos, a partir da data do último atendimento,
finaliza. (I.G.)
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