| Edições Anteriores | Sala de Imprensa | Versão em PDF | Enquete | Portal Unicamp | Assine o JU | Edição 208 - 31 de março a 3 de abril de 2003
.. Leia nessa edição
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.. Cooperação
.. Cartas
.. Produção de petróleo
.. Belluzzo e a Previdência
.. Escolarização de servidores
.. Brasil diante da guerra
.. Guerra
.. Frases
.. A saga de Desanka
.. Passado bélico
.. Unicamp na Imprensa
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Pesquisas nos tempos da guerra
na Coréia davam crédito à ONU para a construção da paz


Um passado bélico que o Ibope não deixa esquecer
LUIZ SUGIMOTO

Hoje, em meio às conseqüências de uma nova guerra, não custa lembrar o passado. Em 1950, enquanto os cidadãos norte-americanos ouviam Bing Crosby e Dinah Shore, deixando Frank Sinatra em quinto lugar entre os favoritos, seus soldados e de outros países membros da ONU entravam na Coréia para conter o avanço das tropas comunistas, procedentes do norte sobre o resto do país asiático. O conflito, que no início o presidente Harry Truman chamou de "simples operação policial", acabou se arrastando a ponto de se transformar, na visão do Ocidente, em estratégia bolchevista no Extremo Oriente que ameaçava a segurança mundial.

Apesar do genocídio em Hiroshima e Nagasaki, americanos mantiveram aval à bomba

O general MacArthur colocaria lenha na fogueira, defendendo o bombardeio das bases aéreas dos comunistas chineses na Manchúria, o bloqueio dos portos de abastecimento chineses e o aproveitamento das tropas nacionalistas de Chiang-Kai-Chek refugiadas em Formosa. O governo americano, por seu lado, pregava prudência nesta questão que dividia a opinião pública, pois nem idéia se tinha do poderio humano da China. O censo chinês calculou, em 1948, uma população de 462 milhões. Pesquisa do Instituto Gallup, em março de 1951, indicava que a China conseguiria mobilizar pelo menos 10 milhões de soldados contra os EUA. O governo optou por tirar de MacArthur os seus comandos no Oriente.

Fato é que, em terras da Coréia, cresciam as baixas nas forças ocidentais, o que levou a ONU a apelar a países membros como o Brasil que enviassem contingente humano. Em junho de 1951, o Ibope fez uma consulta aos cariocas, obtendo 64% de votos contrários à ida de tropas brasileiras; mesmo numa suposta agressão comunista à Europa, 46% dos entrevistados eram contrários e 38% favoráveis. Homens não, mas bombas sim: 51% achavam que as forças aliadas deveriam empregar a bomba atômica na Coréia.

Nos Estados Unidos, pesquisas realizadas nos cinco anos seguintes à rendição japonesa na Segunda Guerra, mostraram que 85% dos americanos continuavam aprovando as bombas atômicas usadas em Hiroshima e Nagasaki, apesar das conseqüências surreais. Mesmo depois, quando pregadores religiosos e outros segmentos sociais pressionavam o governo dos EUA a suspender a produção dessas armas, 69% da população votaram a favor do projeto de um artefato ainda mais destruidor, a bomba de hidrogênio.
Dentro daquela guerra fria, a terceira grande guerra, real, entre o bloco ocidental e os comunistas, era para muitos inevitável e iminente, como mostram os números do Ibope de 1952.

É inevitável a 3ª Guerra Mundial?
Sim 52%
Não 29%
Não opinaram 19%
Em quanto tempo explodiria a Guerra
Até 1 ano 9.4%
De 1 a 2 15.9%
De 2 a 3 20.3%
Mais de 3 13.8%
Não se pode calcular 30.6%
Não opinaram 10%
Um batalhão colombiano está combatendo na Coréia, ao lado das tropas da ONU. O Sr. acha que o Brasil deveria permitir a ida de voluntários brasileiros para a frente coreana?
Sim 8.7%
Não 81.4%
Não opinaram 9.9%



O petróleo nacional (fevereiro de 1952)

A criação da "Petróleo Brasileiro S.A." será obra de profundas repercussões nacionais.
Houve um tempo em que o carvão era a espinha dorsal da economia de um país. O "ouro negro" veio substituí-lo no trono do produto nº 1 com virulência inimaginável. A história do petróleo será sempre contada com a ênfase das epopéias. O precioso líquido provocou guerras e revoluções e armou de poderes fabulosos organizações mais fortes do que os governos a quem controlavam e dirigiam.

Exatamente porque a história do petróleo é escusa e pouco divulgada é que as opiniões se apaixonam quando se levanta a ponta do véu que a encobre.

No Brasil a história do petróleo é mais comprida do que em geral se pensa e mais escusa do que em geral se revela. Agora, porém, tudo indica que o caminho está ficando desimpedido e que já podemos traçar o novo capítulo deste romance em plena luz do dia.

Essa história começou a poder ser contada quando, em 21 de janeiro de 1939, o primeiro poço brasileiro de petróleo lançava em Lobato seus 110 litros de óleo bruto em um dia. Atualmente 137 poços no Recôncavo baiano produzem diariamente três milhões de litros de óleo bruto, e a produção total do Recôncavo desde 1939 é de 265.182.903 litros.


Existe um plano do nosso governo de levantar um empréstimo popular de dez milhões de contos para financiar a exploração de nosso petróleo. Estaria disposto a comprar ações para participar desse empreendimento?
Sim 52%
Não 29%
Não opinaram 19%



População versus trocadores de ônibus (novembro de 1952)

Vê-se claramente que os trocadores de ônibus não contam com a simpatia de uma parte ponderável da população.

É possível que fatores outros que não o contato direto com esses profissionais - a Imprensa, o Rádio, o humor popular, tenham concorrido para a formação de um estereótipo desfavorável.

De qualquer maneira, porém, é inegável a abundância de queixas e reclamações contra os rapazes que - nem sempre com boa vontade, trocam o dinheiro dos passageiros de ônibus desta Capital.

Sua profissão, como todos as que se fundamentam no trato com o público, exige boa-vontade, polidez e bom-humor constante. Essas qualidades são tão importantes para o trocador, quanto o saber contar.

Há quem diga que o mundo está se tornando insuportável, por falta de compreensão entre os homens. Em sua opinião pessoal, qual é o grupo de pessoas que mais lhe dá aborrecimentos em sua vida diária?
Os trocadores de ônibus 4.6%
As empregadas domésticas 2.8%
Os açougueiros 1.0%
Os colegas de trabalho 0.8%
Os funcionários públicos 0.7%

Obs: Houve quem respondesse "Getúlio Vargas" e "os entrevistadores do Ibope". Não faltou, também, quem se recusasse a apontar qualquer grupo social como importunante, acrescentando: "a vida, para mim, é um céu azul...".

A ONU e a paz mundial
(19 a 25 de outubro de 1952)

A Organização das Nações Unidas foi criada a fim de garantir a preservação da Paz Mundial.

Inúmeros têm sido os obstáculos a derrubar, as lutas a vencer para edificação da harmonia internacional.

Deve ser agradável, por isso, aos líderes da ONU, saber que há uma coletividade, pelo menos, que acredita no seu valor para a construção da Paz.

Referimo-nos ao povo desta cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro, que, interrogado pelo Ibope, durante o início do mês de outubro em curso, manifestou-se crente na efetividade da ONU em sua função precípua - evitar a guerra.

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