Os 40 anos da FCM

EUSTÁQUIO GOMES

Ao destacar os 40 anos da Faculdade de Ciências Médicas, o Jornal da Unicamp puxa o fio de uma longa e movimentada história que, ao cabo de 20 anos, resultou na instalação da Unicamp em 1966. A FCM foi, pois, o embrião de um projeto maior cuja qualidade e densidade têm a ver com a luta persistente da sociedade organizada de Campinas e, mais tarde, com o engenho de Zeferino Vaz.

Que Zeferino, nos anos que precederam a criação da FCM, tenha se colocado contra a idéia de uma escola médica em Campinas - ele que na época dirigia a Faculdade de Medicina da USP em Ribeirão Preto -, não é um fato tão relevante. Tem seu lado pitoresco. Mais importante é o que o criador da Unicamp foi capaz de realizar depois, transformando uma derrota particular numa vitória coletiva.

Do ponto de vista histórico, o feito da coletividade campineira ao conseguir sua escola médica é uma conquista tão importante quanto o que veio depois. É pouco provável que a Unicamp fosse o que é não tivesse havido, antes, uma FCM e um punhado de homens incansáveis que, anos a fio, lutaram tenazmente pela materialização de sua idéia. O distanciamento no tempo dessa luta organizada permite ver, em perspectiva, um modelo de gerenciamento de projeto semelhante ao que faria, hoje, uma ONG de metas bem-definidas.

Tão bem-definido quanto a meta daqueles cidadãos foi o trabalho de implantação e consolidação acadêmica, científica e de serviços da FCM nas quatro décadas que se seguiram, cujos resultados são hoje bem visíveis. Para isso concorreram centenas, milhares de pessoas que em boa parte ainda seguem dando sua contribuição à FCM e às unidades de saúde que dela nasceram, no que é hoje o maior e mais orgânico complexo hospitalar do interior do Estado.