Há 40 anos, aqui começou a Unicamp - FCM
MANUEL ALVES FILHO
A Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp completa 40 anos de fundação no próximo dia 21 de maio. A data representa um marco tanto para a Universidade quanto para a cidade de Campinas. A FCM, que nasceu a partir da mobilização da sociedade local, é o embrião do que viria a ser a Unicamp, considerada atualmente uma das mais importantes escolas de ensino superior da América Latina. O avanço obtido em quatro décadas é impressionante. Prova disso é que nos primórdios da então Faculdade de Medicina da Universidade de Campinas os alunos tinham que sair às ruas à caça de cães baldios para realizar experimentos nas aulas de fisiologia. Hoje, os estudantes têm à disposição equipamentos de primeira linha e ajudam a desenvolver, sob a orientação de alguns dos principais cérebros do País, várias pesquisas de ponta, algumas delas de largo alcance social.
Além de ser a pioneira, a FCM também é a maior unidade de ensino e pesquisa da Unicamp. Conta com 427 docentes e 481 funcionários. Em 2002, estavam matriculados nos cursos de Medicina e Enfermagem, que completa este ano 25 anos, 2.129 alunos, sendo 793 na graduação, 1.273 na pós-graduação e 63 na especialização. Na pós-graduação, foram defendidas no ano passado 216 dissertações de mestrado e 88 teses de doutorado. Em 2002, foi iniciado, ainda, o curso de Fonoaudiologia. Brevemente, a Faculdade também participará do curso de Farmácia que está em fase de implantação. Os números não param por aí. O Hospital das Clínicas (HC), espaço de ensino e também principal referência de saúde para uma região que conta com cerca de 5 milhões de habitantes, promoveu 14.164 internações e 14.214 cirurgias em 2002. No mesmo período, foram realizadas 359.144 consultas. Em 40 anos, a FCM formou 2.239 residentes.
A despeito dos números expressivos e da reconhecida eficiência nas áreas de ensino, pesquisa e prestação de serviço à sociedade, a FCM ainda tem desafios a vencer. Conforme a direção da Faculdade, é preciso avançar em relação à excelência dos cursos oferecidos. Uma das medidas em andamento nesse sentido é a reforma curricular do curso de Medicina. Também será indispensável assegurar o equilíbrio financeiro do HC. "Nesse aspecto, vamos ter que contar novamente com a participação da comunidade. Os hospitais universitários passaram por um processo de sucateamento que precisa ser urgentemente revertido. São eles, em última análise, que respondem pela assistência da população mais carente do País", afirma a diretora da FCM, a reumatologista Lilian Tereza Lavras Costallat, ex-aluna da faculdade e primeira mulher a dirigir a FCM.
De acordo com ela, o HC atende hoje a uma população de mais de 5 milhões de pessoas distribuídas por quase uma centena de municípios. Um dos desafios do novo superintendente do HC, professor Ivan Toro, um ex-aluno da Unicamp, é tentar fazer junto ao Ministério da Saúde uma rediscussão dos valores pagos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) - em nível muito baixo , no momento. A busca de parcerias e convênios também é outra meta que está sendo planejada.
Festividades - Para marcar o aniversário de 40 anos, a FCM preparou uma série de atividades, que será desenvolvida ao longo do ano. Uma comissão presidida pelo médico e professor João Luiz de Carvalho Pinto e Silva vem trabalhando na organização do calendário de eventos. Uma das primeiras ações foi a criação de uma home page (http://www.fcm.unicamp.br/40anos/index.html) que contém dados sobre a trajetória da faculdade e toda a programação das festividades. O espaço disponibiliza, ainda, uma seção para o depoimento de pessoas que mantêm ou mantiveram algum vínculo com a FCM. Atualmente, iniciando estas comemorações, ocorre uma exposição de pintura no saguão da unidade.
De acordo com o presidente da comissão organizadora, algumas destas atividades deverão ganhar destaque ao longo das festividades. A visita de ex-alunos às dependências da FCM e do HC é uma delas. No dia 21 de maio, haverá sessão solene para marcar a data de criação da Faculdade. "Queremos também promover uma grande confraternização em agosto entre nossos ex-estudantes, que hoje são profissionais de reconhecida competência em suas áreas de atuação", afirma o professor João Luiz. Em outubro, será realizado o Comau, congresso médico dos estudantes de Medicina, que integra o calendário oficial. Para o dia 2 de dezembro, está agendado um jantar dançante, que deverá contar com a participação de docentes, alunos e funcionários, além de ex-colaboradores. "Será mais uma oportunidade para reunirmos as pessoas que ajudaram a construir uma das principais escolas médicas do País", acrescenta.
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