COMENTÁRIO
A ação dos voluntários
EUSTÁQUIO GOMES
A vastidão de responsabilidades que envolve a comunidade de alunos da Unicamp, o lufa-lufa das aulas, o corre-corre em direção a bibliotecas, laboratórios, enfim a uma agenda de compromissos nem sempre amena, pouco deixam entrever a ação livre e freqüentemente silenciosa que muitos deles exercem, com ou sem ajuda institucional, junto a comunidades da cidade.
O Jornal da Unicamp relaciona nesta edição oito grupos de estudantes que se auto-organizaram para fazer voluntariado em suas horas livres. Seus campos de interesse vão da revitalização de sociedades de bairro ao levantamento sócio-econômico de áreas urbanas e rurais, de atividades de arte-educação à organização de cooperativas, do trabalho comunitário com moradores de rua à difusão do conhecimento científico, da realização de espetáculos em hospitais e escolas à alfabetização de adultos. E por aí afora.
Do ponto de vista acadêmico, essas atividades podem ser tomadas como um complemento da formação de cada estudante-voluntário, num plano semelhante, por exemplo, com os que estão envolvidos com a iniciação científica ou com as empresas juniores. Mas, no plano da realização humana, os jovens voluntários da Unicamp vão além: eles tratam de construir cidadania e de valorizar cidadãos, cobrindo lacunas não preenchidas pelo Estado e pelo poder público em geral.
Os grupos existentes na Unicamp são seguramente em maior número dos que aqui são apresentados e seu leque de atividades é muito mais amplo. Mais do que um fenômeno de época -- e a palavra "voluntariado" entrou definitivamente na agenda da sociedade civil brasileira -- a variedade de iniciativas e a seriedade das ações mostram a qualidade do aluno da Unicamp e sua condição de agente transformador da sociedade, não só no futuro como já no presente.