A Unicamp realizou no último dia 13 de novembro a primeira etapa do seminário “A Região Metropolitana de Campinas como objeto do programa de estudos em sistemas regionais de saúde”, com o intuito de promover a aproximação entre administradores públicos, pesquisadores e gestores da área médico-hospitalar da Universidade, propiciando conseqüentemente discussões que possam subsidiar projetos voltados à consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS) em âmbito regional. A segunda parte do evento ocorrerá no dia 27 de novembro e terá como tema “Saúde na RMC: Novos olhares e desafios”. A iniciativa é da Pró-reitoria de Desenvolvimento Universitário (PRDU), com apoio do Núcleo de Estudos de População (Nepo) e Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (Nepp).
A primeira etapa do seminário, intitulada “Os diferentes olhares sobre a RCM”, reuniu aproximadamente 50 pessoas no auditório da Diretoria Geral da Administração (DGA). De acordo com o titular da PRDU, professor Paulo Eduardo Moreira Rodrigues da Silva, o evento é resultado da preocupação da Unicamp em potencializar o seu relacionamento com os 19 municípios que compõem a região metropolitana. “Queremos construir um espaço adequado de discussão sobre os problemas regionais e estamos dispostos a colaborar para a busca de soluções”, afirmou. O prefeito de Santa Bárbara D’Oeste e presidente do Conselho de Desenvolvimento da RMC, José Maria de Araújo Júnior, considerou a iniciativa da Universidade fundamental para a formulação de ações cooperadas, sobretudo na área da saúde, apontada por ele “como a principal preocupação dos prefeitos”.
Conforme o diretor executivo da Agência Metropolitana de Campinas (Agemcamp), Luiz Augusto Baggio, o seminário organizado pela Unicamp surgiu de um pleito apresentado pelos prefeitos durante uma das reuniões do Conselho de Desenvolvimento. “Assim como os gestores públicos, a Agemcamp entende que os estudos desenvolvidos pelos pesquisadores da Unicamp podem ser importantes para o enfrentamento dos problemas que afetam a região”. O dirigente da Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares de Pesquisa (Cocen), Jorge Tapia, destacou a tradição da Universidade no desenvolvimento de pesquisas e a sua inserção na sociedade. Ele defendeu a necessidade de promover a interação dos vários atores envolvidos com a questão da saúde na região e lembrou que os problemas que afetam o setor, a maioria deles complexos, exigirão abordagens multidisciplinares.
Durante o seminário, o diretor técnico da Agemcamp, Afonso Castro, fez um resgate histórico da RCM. Em seguida, apoiado em dados estatísticos e em mapas, ele detalhou aspectos atuais ligados à região metropolitana, como demografia, meio ambiente, transporte, habitação, entre outros. O presidente do Conselho Científico do Nepp, professor Geraldo Di Giovanni, apresentou ao público o projeto “Modelo de Governança Metropolitana para o Estado de São Paulo”. O objetivo do estudo, como nome do projeto sugere, é tentar desenvolver padrões de gestão voltados à realidade regional. Conforme Giovanni, o conceito de governança empregado no projeto, cujo pedido de financiamento foi submetido à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), não é neutro. “Ele incorpora um forte componente ético”, afirmou.
A intenção é chegar a propostas que permitam a implementação de modelos descentralizados de gestão, que possam ser operados pelos distintos níveis de governo. “Também pretendemos formular recomendações para generalizar a aplicação das soluções bem-sucedidas, de forma a conferir maior eficácia e efetividade aos gastos promovidos pelas esferas federal, estadual e municipal”, adianta Giovanni. Ele acrescentou que o projeto é uma espécie de “filhote” de um outro desenvolvido para o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que analisou as políticas bem-sucedidas na área da saúde em 14 países da América Latina.
Problemas comuns O coordenador do Nepo, professor José Marcos Pinto da Cunha, expôs aos participantes do seminário aspectos da pesquisa intitulada “Evolução das condições de vida, segregação e vulnerabilidade da RMC”, que conta com financiamento da Fapesp. O projeto já consumiu quatro anos de estudos e ainda tem mais dois anos pela frente. Por meio de indicadores demográficos, econômicos e sociais, distribuídos especialmente com o auxílio de mapas da região metropolitana, Cunha demonstrou que os problemas que afetam um determinado município têm na verdade uma dimensão regional, visto que são comuns à maioria dos seus vizinhos.
A distribuição espacial dos dados referentes à RMC, conforme o docente, permite uma leitura qualificada da região, o que favorece a adoção de medidas mais efetivas para o enfrentamento dos problemas. O evento contou ainda com a participação do médico Savério Gagliardi, membro da Secretaria Municipal de Saúde de Campinas e da Câmara Técnica de Saúde da RMC. Em sua fala, ele apresentou uma vasta gama de dados sobre a estrutura médico-hospitalar da região. A segunda etapa do seminário, no dia 27, será realizado das 14h às 17h, no auditório da DGA.