A mistura de sobras de comida, de entulhos gerados pela poda de árvores e de grama ou mesmo de raspas de madeira pode gerar benefícios para o meio ambiente, quando tratados adequadamente. Aida Gamal Eldin Mahmoud, graduanda do Instituto de Biologia, em pesquisa de iniciação científica orientada pelo professor Mohamed Habib, produziu um composto combinando resíduos verdes e orgânicos para utilização em plantações. A intenção de Aida é aplicar o adubo em árvores da Universidade e disponibilizá-lo para hortas escolares e agricultores da região. A compostagem apresenta boa expectativa de uso, pois além de significar ganhos econômicos, permite que instituições dêem um destino correto para estes resíduos que seriam descartados em lixões e outros locais.
Aida começou a trabalhar com a idéia a partir de um intercâmbio de seis meses na Universidade da Califórnia, em 2004. O contato com várias formas de compostagem levou a estudante a elaborar um projeto-piloto para aplicação em universidades, escolas, clubes e condomínios. “Quando retornei fiquei surpresa com a falta de trabalhos nesta área, em se tratando de um processo tão benéfico para o meio ambiente. Conheci algumas iniciativas domésticas e também o projeto da Universidade Federal de Santa Catarina, que tomei como base”, explica.
Aida percorreu os restaurantes do campus em busca de sobras de alimentos e, no Centro de Bioterismo, recolheu resíduos da maravalha, que serve para acomodar os ratos utilizados em experiências. O apoio do Parque Ecológico da Unicamp também foi fundamental para obtenção de um terceiro resíduo da composição: os entulhos das podas de árvores e de gramados.
A aluna da Biologia, que teve a pesquisa financiada pelo CNPq, conta que a montagem do pátio para abrigar as composteiras exigiu um esforço adicional. Geralmente é necessário um espaço relativamente grande para que o trabalho seja eficiente. O processo engloba quatro diferentes tratamentos cada um deles com três repetições que geraram 12 pilhas (ou leiras) de adubo orgânico.
Um item importante na transformação são as condições climáticas, visto que calor e umidade são essenciais para a degradação que, por isso, pode levar mais ou menos tempo. Na composteira montada na Unicamp, o tempo médio variou de cinco a seis meses. Aida Mahmoud realizou ainda o levantamento da fauna nas composteiras, uma vez que a presença de animais é importante no processo de degradação. “É um aspecto positivo, pois significa que a leira não está sofrendo compactação, o que poderia provocar mau cheiro, e também que não está produzindo chorume, uma substância tóxica”, esclarece.
Agora, a pesquisa prossegue com testes nas chamadas plantas indicadoras, a fim de se apurar a qualidade do composto e de seus componentes químicos, prevendo-se ainda a comparações com o produto já utilizado no campus. Os testes serão feitos com o adubo orgânico em diferentes concentrações, avaliando-se a geminação e o desenvolvimento da planta.
Aida pretende refinar o cálculo das vantagens econômicas do processo, mas lembra de imediato a eliminação do custo de transporte do material até os lixões. A graduanda do IB aplicou um questionário junto aos donos de cantinas. “A reciclagem e a compostagem são conhecidas por 99% dos comerciantes e todos se mostraram dispostos a doar as sobras de alimentos”.