A Agência de Inovação (Inova) lançou em 11 de novembro a rede de relacionamentos “Unicamp Ventures”. O lançamento ocorreu durante o 1º Encontro de Empreendedores da Unicamp, evento realizado no Centro de Convenções como parte do encontro de ex-alunos. A rede nasceu grande. Dela já participam cerca de 130 empresas “filhas da Unicamp”, formadas por empresários ex-alunos, ex-professores e empreendedores que passaram pela Incamp – Incubadora de Base Tecnológica da Unicamp. Em comum, eles utilizaram o conhecimento adquirido na Unicamp para montar seus negócios. Heterogêneo, o grupo inclui desde empresas com mais de 20 anos de atuação até pré-incubadas na Universidade. O reitor José Tadeu Jorge participou do lançamento. Os empreendedores podem se inscrever pelo site www.unicampventures.org/subscribe. Mensagens podem ser enviadas para unicampventures-subscribe@googlegroups.com.

A idéia de reunir no mesmo dia as “filhas da Unicamp” partiu do diretor-executivo da Inova, professor Roberto Lotufo, ao saber que haveria o encontro de ex-alunos. “Essa vontade era antiga”. Segundo Lotufo, de acordo com os princípios e conceitos da agência, a coordenação desse tipo de iniciativa deve ficar a cargo de empresários. O ex-aluno Cesar Gon foi nomeado presidente da comissão que organizou o encontro. Os resultados, revela Lotufo, não demoraram a aparecer. Os empresários providenciaram o logotipo do evento e sugeriram a criação do “Unicamp Ventures” – inclusive o nome.

O diretor executivo da agência acredita que esse tipo de iniciativa encaixa-se no papel da Inova. “Nossa vocação está na articulação das ações. Isso está acontecendo aqui, hoje. Ficamos muito satisfeitos com os resultados obtidos”. O primeiro deles, já visível, é o interesse manifestado pelos integrantes da rede na atualização do cadastro das “empresas filhas”. Por meio da lista é possível saber quantas estão estabelecidas, sua localização geográfica e o seu faturamento, informações tidas como fundamentais no ambiente da inovação. 

O foco do projeto, diz o diretor executivo, é o relacionamento e suas possibilidades. Um exemplo do seu alcance, explica Lotufo, é a necessidade que se tem de contar, no programa de pré-incubação, com empresários que ajam como mentores. “O ex-aluno empresário é o candidato natural para exercer essa função”. Outra iniciativa, de acordo com o docente, é a busca de ambientes de investimento, por meio dos quais os empresários apresentam suas propostas para as financiadoras de inovação.   

O diretor-executivo revela que a intenção da agência é que, cada vez mais, o grupo de empresários assuma a frente das iniciativas. “A Inova e a Unicamp são as maiores beneficiadas com essa estratégia”, acredita o docente, para quem os ex-alunos já têm um forte vínculo com a Universidade e com os ex-professores. “Quando existe essa ligação afetiva, de carinho até, abrem-se inúmeras possibilidades para a concretização de parcerias. E isso tem tudo a ver com a Inova”.

Base comum – “A ‘Unicamp Ventures’ consiste num espaço de colaboração, por meio do qual fomenta-se a busca de conhecimento e a troca de informações sobre empreendedorismo. Todos têm uma base comum, que é a Unicamp. Isso gera confiança. E esse vínculo de confiança vai gerar negócios”, avalia o empresário César Gon, cuja missão foi reunir, num primeiro momento, interessados em participar da iniciativa.

Segundo o empresário, o próximo passo será desenvolver iniciativas para diferentes temas, entre os quais inovação, capital, acesso a agências de fomento, gestão, uso da Lei de Inovação e impostos. “Hoje surgiram várias idéias. Teremos, nos próximos eventos, mais espaço para que esses empresários possam trocar experiências e, eventualmente, fazer negócios”.

Gon acredita que, em razão de sua estrutura, a Unicamp vive um “momento único” no sentido de fomentar uma interação “efetiva” entre o mercado, as empresas e as universidades. “A Inova é a materialização disso. Sua criação foi um passo importantíssimo. Sinto hoje um ambiente extremamente propício para que essa relação cresça e gere mais emprego, riqueza e conhecimento”.

Gon ingressou em 1989 no curso de Engenharia da Computação da Unicamp, onde também fez mestrado. Há 12 anos fundou a Ci&T, empresa especializada no desenvolvimento de softwares aplicados em tecnologias web. O crescimento foi meteórico – a empresa conta hoje com sete unidades no Brasil, sendo duas  no exterior e tem mais de 350 colaboradores.

Gon acaba de fundar outra empresa – esta nascida na Unicamp –, voltada para a utilização do uso de recursos de tecnologia em empresas. O empresário aceitou ser o acionista majoritário do empreendimento, que tomou forma na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da Unicamp (Incamp). “Este é o círculo virtuoso do empreendedorismo no Brasil. As empresas são criadas em razão de resultados obtidos por outras que já atingiram a maturidade”, afirma Gon, que diz ter sido fundamental a estrutura da Inova para o sucesso do negócio.

Na opinião do empresário, o conhecimento é a base do empreendedorismo. Reside aí, segundo ele, o fato de a Unicamp estar presente diretamente ou indiretamente em centenas de empreendimentos espalhados pelo país. “O conhecimento não pode ser algo estático. A base de conhecimento da Unicamp é muito sólida. Aprendemos sempre”. Na opinião do empresário, este é o grande diferencial da formação oferecida pela Unicamp. “Você sai da Universidade com fome de conhecimento. E esta fome perdura ao longo de sua vida profissional. Isso é extremamente importante para o empreendedorismo e para a inovação”.

Background – O empresário Maurício Conti, também integrante da comissão que criou a “Unicamp Ventures”, endossa as palavras do colega. “Minha formação foi muito sólida. Isso é bastante relevante, sobretudo no começo da carreira, época em que precisamos desse background para buscar um espaço no mercado”, avalia Conti, que ingressou no curso de Engenharia da Computação em 1994 e presidiu durante um ano e meio a empresa júnior Conpec, outra experiência que lhe abriu portas.

“Esse espírito de campus universitário da Unicamp faz com que haja interação com pessoas de várias áreas”, afirma . Segundo o ex-aluno, os primeiros projetos de sua empresa foram desenvolvidos com esse network. “O ambiente é fundamental. Tem um peso muito grande”.

Sua empresa, a Accenda, fundada há um ano e meio, presta consultoria em marketing para empresas de base tecnológica. A matriz fica em Campinas, já que boa parte da base de clientes é da cidade e oriunda da Unicamp. O foco da empresa, que tem também um escritório em São Paulo, é estratégia de posicionamento e inteligência de mercado, com ênfase no marketing, com o objetivo de aumentar a competitividade. O faturamento da Accenda gira em torno de R$ 2 milhões/ano.
Para Conti, são três os objetivos da “Unicamp Ventures”. O primeiro, segundo ele parcialmente concretizado no primeiro encontro do dia 11, é reunir os empreendedores. O segundo é mapear o universo de empresas e mensurar quanto a Unicamp gera para o mercado do ponto de vista do empreendedorismo e de abertura de vagas. Por fim, diz o ex-aluno, a rede deve gerar negócios — seja com as empresas se subcontratando ou chamando a atenção dos fundos de fomento do governo para que apóiem os negócios na região. “Juntos, seremos muito mais fortes.”.(A.K.)