Pesquisadores da Faculdade de Educação Física (FEF) da
Unicamp desenvolveram um aparelho que pode auxiliar no treinamento
de paraatletas em cadeira de rodas de modalidades como o
basquete, o handebol e o rúgbi. A invenção teve patente
depositada no INPI, por meio da Agência de Inovação Inova
Unicamp, e está disponível para ser destinada ao mercado.
Trata-se de uma pequena caixa que, quando acoplada à cadeira
de rodas, transmite dados sobre o desempenho do atleta por
uma pequena antena para um sistema localizado fora da quadra
e acoplado a um computador. Informações como a velocidade
de manejo da cadeira, a aceleração do atleta e número de
movimentos para a esquerda ou direita são traduzidas em
gráficos pelo software. Segundo os professores Jose Irineu
Gorla, Paulo Ferreira de Araújo e o engenheiro eletricista
Leonardo Lage, autores da invenção, tais informações são
importantes para a tomada de decisões referentes ao apoio
técnico e desenvolvimento dos atletas. “Atualmente, poucas
soluções são encontradas no mercado para os problemas enfrentados
no dia-a-dia dos esportistas, principalmente quando o foco
é o paraatleta”, explica Araújo.
O grande diferencial da tecnologia desenvolvida na FEF
é a possibilidade de analisar até mesmo os movimentos parciais,
pois a maioria das tecnologias usadas atualmente para captação
de dados sobre o desempenho de paraatletas depende do movimento
completo da roda, ignorando os movimentos de meia volta,
por exemplo.
Gorla explica que dados muito minuciosos podem ser obtidos
com a tecnologia, uma vez que cada movimento é monitorado
através de pontos de captação colocados a cada trecho das
rodas da cadeira. Tais informações aliadas a outros dados
como o volume de oxigênio consumido no jogo e a freqüência
cardíaca do atleta podem servir de subsídio para a avaliação
do técnico. “Ele pode fazer as intervenções adequadas e
melhorar o rendimento do atleta no jogo”, afirma.
A invenção foi concebida pelos professores a partir da
identificação da necessidade de ampliar o escopo de informações
e analisar situações importantes no desporto adaptado. Eles
contaram com o apoio de Lage, que na época do desenvolvimento
da tecnologia era graduando simultaneamente dos cursos de
Educação Física e Engenharia Elétrica, para o desenvolvimento
mecânico da invenção.
Os professores destacam que o desporto adaptado começou
recentemente a ser tratado como desporto e não somente como
uma prática esportiva para deficientes físicos. Para Araújo,
tudo o que foi conquistado no esporte merece ser levado
ao desporto adaptado da mesma forma. “Hoje nós temos poucas
ferramentas e recursos de análise no desporto adaptado.
Há uma necessidade de desenvolvimento de equipamentos para
esta avaliação e para a inovação tecnológica”, opina.
A tecnologia já foi testada em quadra no time de handebol
em cadeira de rodas da Unicamp e seu desenvolvimento está
em estágio avançado. A Agência de Inovação Inova Unicamp
busca empresas interessadas em firmar parcerias para levá-la
até o mercado.