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Jornal da Unicamp
Baixar versão em PDF Campinas, 27 de agosto de 2012 a 02 de setembro de 2012 – ANO 2012 – Nº 537Máquina produz
“lenha ecológica”
Equipamento desenvolvido no IFGWproduz briquete de alta densidade
Está em fase de ensaios e prestes a entrar no mercado uma máquina que produz um briquete de alta densidade possível de ser carbonizado e utilizado como carvão. O briquete, conhecido como “lenha ecológica”, é um bloco cilíndrico resultante da compactação de resíduos como serragem, casca de arroz, palha de milho, bagaço de cana, capim e tantos outros gerados em atividades agrícolas. Este combustível de biomassa já vem substituindo a lenha, por exemplo, em pizzarias e padarias, mas a produção de carvão a partir dele, em escala comercial, depende de ajustes nesta máquina desenvolvida com tecnologia nacional.
Batizada de Biotor, a briquetadeira é fruto de projeto financiado pela Fapesp e executado em parceria entre o Grupo Combustíveis Alternativos (GCA) do Instituto de Física da Unicamp, a Bioware Tecnologia (empresa graduada na Incamp/Unicamp) e a Embrapa Agroenergia. “A máquina foi deslocada por alguns meses para uma empresa interessada em realizar os ensaios. O intuito é aperfeiçoar a tecnologia até o ponto de levá-la ao mercado”, explicava o professor Carlos Alberto Luengo, coordenador do GCA, enquanto mostrava uma foto de Lula, ainda presidente, despejando resíduos na briquetadeira. “A presença de Lula se deve a uma palavra mágica: cana-de-açúcar (o bagaço e a cana), o que traz um potencial muito grande para o equipamento.”
A ideia de transformar briquete em carvão veio de Felix Fonseca Felfli, em pesquisa de doutorado desenvolvida em 2003 sob a orientação de Luengo, quando procurou identificar as principais barreiras técnicas e mercadológicas para produzir e comercializar a biomassa torrefeita. “Como temos um forno no laboratório, pensei: ao invés de torrificar lenha, vamos torrificar briquetes para substituir o carvão vegetal. Se o briquete já substitui a lenha, ainda não havia um substituto ecológico do carvão. Vemos no mercado produtos que se dizem ecológicos, mas que na verdade são resíduos de carvão prensados, ou seja, vendem a mesma coisa: trabalho infantil e escravo, poluição, árvores nativas cortadas.”
Briquetes foram doados para a pesquisa de Felix Felfli, que se decepcionou com o que saiu inicialmente do forno. “Virou pipoca. O bloco se quebrou em camadas e, muito frágil, se transformaria em pó com o manuseio e transporte. Começamos a investigar e descobrimos que o problema está no processo de compactação pelas briquetadeiras existentes no Brasil, que funcionam por meio de pistão mecânico. O briquete pode ser grande, mas é frágil estruturalmente: com o calor, surgem ranhuras que correspondem a cada percurso do pistão, e que depois se abrem.”
O doutorando voltou a se animar com a ideia quando José Dilcio Rocha, pesquisador da Embrapa Agroenergia , trouxe de suas viagens briquetes produzidos com uma máquina importada. “Eram verdadeiros tijolos. Nos testes, o material ficou carbonizado, não quebrou e vi que é possível produzir o carvão ecológico a partir do briquete. Mas para isso era preciso uma máquina capaz de garantir um briquete de alta densidade e resistência mecânica, o que depende da compressão e da continuidade de processo.”
Prensagem por extrusão
Terminado o doutorado, Felix Felfli passou a trabalhar na Bioware e aproveitou esta condição para enviar à Fapesp um projeto PIPE – Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas – propondo o desenvolvimento de uma máquina do tipo extrusora, que não é feita no país. “O Japão possuía estas máquinas, que depois chegaram à Europa e produzem o briquete em processo contínuo. Como ficaria muito custoso comprá-las, decidimos criar uma versão nacional, que já se tornou um produto, embora a pesquisa continue em andamento.”
O pesquisador explica que existem várias tecnologias de compactação no mundo, sendo que a mais difundida é a de pistão mecânico: como no motor de automóvel, há uma manivela com a qual se prensa os resíduos por impacto. “Esta tecnologia se difundiu no Brasil a partir dos anos 1930 e algumas empresas passaram a comercializar a máquina, mas em escala bem modesta. Houve certo boom na crise do petróleo nos anos 70, mas na década de 90, com o óleo barato, ninguém mais se interessou. Agora temos toda essa preocupação ecológica, principalmente em relação às árvores.”
Os ensaios com a briquetadeira, ora realizados em uma empresa de beneficiamento de arroz, se devem à constatação do desgaste das peças, segundo o esclarecimento de Felfli. “É uma tecnologia nova, em que a compactação se dá por meio de uma rosca girando em alta velocidade, que vai moendo e prensando a matéria-prima, não se percebe nenhuma fibra: é este movimento que causa o desgaste. Isso me trouxe de volta ao GCA depois do doutorado, a fim de aperfeiçoar a tecnologia com peças e outros materiais. A casca de arroz é o resíduo vegetal mais abrasivo que existe; se conseguirmos um tempo de vida útil aceitável da máquina, isso valerá para qualquer matéria-prima.”
As inúmeras aplicações do briquete
O interesse da empresa beneficiadora de arroz em testar a briquetadeira desenvolvida por Felix Felfli está no ganho adicional que a casca do produto, hoje vendida para servir de cama na criação de frangos, pode trazer enquanto matéria-prima de briquete a ser transformado em carvão. “Por causa das fezes das aves, a casca de arroz se torna ainda mais poluidora, sendo depois descartada em algum lugar. Antes, a cama era usada como adubo, o que foi proibido por lei justamente pelo risco de transmissão de doenças. Uma solução seria o briquete, pois a casca de arroz, depois de queimada em caldeiras, deixa muita cinza rica em sílica, que poderia ter outros usos”, observa o pesquisador.
Felfli afirma que a máquina extrusora nacional, em comparação com as de pistão, é bem menor e silenciosa e de manutenção mais barata. “Resolvido o problema do desgaste, o mercado é amplo. Temos, por exemplo, cerca de dois mil fabricantes de móveis apenas no Estado de São Paulo, que produzem 500 quilos de serragem por hora. Também seria interessante exportar briquetes para a Europa, onde se queima muito carvão mineral – eles querem comprar nossos resíduos, que somam 300 milhões de toneladas anuais. Uma grande vantagem é a densidade: se a do bagaço de cana é de cem quilos por metro cúbico, a do briquete por chegar a uma tonelada por metro cúbico no navio.”
Em relação às vantagens do briquete, seja de alta densidade ou não, o professor Carlos Luengo mostra um vídeo produzido pela Embrapa Agroenergia enaltecendo a diminuição da derrubada de árvores nativas e o aproveitamento dos resíduos agrícolas; a ausência de produtos químicos (cola, verniz, tinta), tornando-os apropriados para a indústria alimentícia, pizzarias, churrascarias e padarias, caldeiras em lavanderias e abatedouros, e aquecimento de água em hotéis, motéis e piscinas; a higiene e o menor espaço para armazenagem; o alto poder calorífero, regularidade térmica e geração de menos cinza e fumaça, poluindo menos que a lenha; e, no final, a redução do custo na geração de energia.
Luengo, entretanto, enxerga outro grande benefício da pesquisa e produção de briquetes. “A parceria com instituições fora da Unicamp é uma prática muito antiga em nosso laboratório e acredito nestas pesquisas porque os alunos, que um dia terão de conseguir emprego, já se integram naturalmente à parte produtiva. Trata-se de uma inovação tecnológica que beneficia a todos que participam dela, gerando novos empregos e benefício ao meio ambiente. Os briquetes estão cada vez mais populares e daqui a pouco estarão no supermercado.”
Atualmente, a empresa de base tecnológica EcoDevices é a responsável pela continuação do desenvolvimento e introdução dessa tecnologia no mercado.
Comentários
BRIQUETES
ESTOU NA TORCIDA POR ESTA MAQUNA , TALVEZ SEJAMOS PARCEIROS TAMBÉM NESTA FABRICAÇÃO . ABRAÇOS AO SR FELIX
interesse no projeto
Tenho um projeto ecológico e a maquina em questão será muito útil.
Aguardo contato.
maquina para fabricar briquetes
Caro Dr. Felix, será um prazer conhecer o seu projeto, pois tenho uma fábrica de adubo orgânico exportação e importação, com uso da serragem como matéria principal, gostaria de entrar no negócio de Briquetes, e gostaria de conhecer o projeto da máquina, estou no aguardo.
Obrigado.
maquina de fazer briquete
gostaria de informações para contato sobre a maquina de fazer briquete, tenho interece em comprar. Aguardo contato para negociação.
abraço
benonesoares@gmail.com
O preço total em média para
O preço total em média para implantar um projeto pequeno de fabricação de briquetes?
E o mercado está absorvendo bem esta ideia?
Como adquirir a Máquina
Tenho interesse em adquirir a máquina,. Já estar disponível?
Aguardo contato
interesse em fabricar a maquina
tenho pequisado muito sobre o assunto, tenho uma empresa metalurgica proximo da unicamp.
gostaria de fazer uma parceria para fabricar o equipamento, quais os requisitos, disponho minha empresa para fazer prototipos com empresa Junior da unicamp.
Como adquirir essa maquina
Parabéns pelo projeto. Gostaria de adquirir uma maquina de briquete. Aguardo contato.
detalhes da briquetadeira
ESTOU MONTANDO UMA FÁBRICA DE BENEFICIAMENTO DE AÇAI NO AMAZONAS, GOSTARIA DE SABER SE TEM A DISPOSIÇAO A BRIQUETADEIRA A VENDA POIS PRECISO PARA DAR DESTINO AO RESIDUO PRECISO DE PREÇO E LAY OUT DAS MAQUINAS QUE VOU PRECISAR E SE DAR PRA SECAR AO SOL A MATERIA PRIMA SEM USAR SECADOR PRECISO COM URGENCIA
gostaria de informações
gostaria de informações asobre a maquina de fazer briquete, tenho interece em comprar e qual o valor dela. Aguardo contato para negociação.
abraço
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