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Por um palmito sem restrições
RAQUEL
DO CARMO SANTOS
O
custo da imagem da produção de palmito associada a crimes
ambientais e ao perigo de botulismo – um tipo de intoxicação
alimentar – é elevado. Segundo o engenheiro de alimentos Ernesto
Quast, o Brasil perdeu a posição de liderança na exportação
de palmito para países que, até há poucos anos, não possuíam
tradição no cultivo da iguaria. Por isso, seu objetivo ao
desenvolver pesquisa de mestrado na Faculdade de Engenharia
de Alimentos (FEA) foi garantir o consumo seguro do palmito
em conserva, avaliando, para isso, a velocidade de acidificação
do produto.
Segundo Quast, depois de pasteurizado,
a etapa de acidificação é considerada um ponto crítico de
controle, pois o pH ácido impede o desenvolvimento de esporos
da bactéria Clostridium botulinum – causadora do botulismo
– não destruídos durante a pasteurização. “Se existe a suspeita
de botulismo, a primeira pergunta que se faz é se ingeriu
palmito, quando na verdade, a toxina pode estar presente em
qualquer outro alimento processado inadequadamente”, explica.
Os resultados da pesquisa,
orientada pelo professor Flávio Luís Schmidt e feita com colaboração
da aluna de graduação de Engenharia de Alimentos Noma Luporini
Ruiz, mostraram que os tecidos internos de toletes acidificados
para um pH de equilíbrio abaixo de 4,5 (valor considerado
ideal), com três centímetros de diâmetro e comprimento maior
que três centímetros, demoraram mais de cinco dias para reduzir
o pH a valores seguros. Isto permitiu o desenvolvimento de
esporos de bactérias denominadas PA3679, que possuem o comportamento
de crescimento similar ao Clostridium botulinum. “Os resultados
foram inesperados, uma vez que a legislação permite que o
palmito tenha até nove centímetros de comprimento, quando
as pesquisas apontaram que a acidificação em toletes menores
é bem mais rápida”, destaca.
No exterior, a venda do palmito
de menor diâmetro é comum, mas no Brasil o consumidor prefere
toletes grandes. Uma ideia, segundo Quast, seria trabalhar
um padrão de palmito tipo exportação e outro para a demanda
nacional – que corresponde a mais de 50% do consumo de palmito
no mundo. Dessa forma, o produto poderia ser comercializado
em rodelas com, no máximo, dois centímetros de comprimento,
independentemente do diâmetro. “Esta apresentação deve encontrar
menor rejeição por parte do consumidor, visto que o tolete
é sempre cortado no momento da ingestão”, acredita.
Segundo o pesquisador, outra
forma de garantir a segurança é a quarentena do produto sob
refrigeração, durante a difusão do ácido. Para as pesquisas,
Quast utilizou os laboratórios do Instituto de Tecnologia
de Alimentos (Ital), com a colaboração dos pesquisadores Alfredo
Vitali, Shirley Berbari e Valéria Junqueira.
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