Unicamp
tem a melhor pós do país
Wanda
Jorge
Boas
novas para a Unicamp chegaram com o relatório
da última avaliação da Capes (Fundação
Coordenação de Aperfeiçoamento
de Pessoal de Nível Superior) dos cursos de pós-graduação.
Na média brasileira, a Universidade obteve a
melhor performance, com 17 deles, entre mestrado e doutorado,
elevando-se a níveis de excelência. Além
disso, nenhum de seus 62 programas foi reprovado. Este
cenário deve estimular ainda mais o crescimento
do número de alunos que, em dez anos, saltou
de 5.048 para 8.799 nos cursos de pós-graduação
oferecidos pela Universidade. Foi no doutorado que o
aumento foi mais acentuado: em 1991 eram 1.907 inscritos,
chegando a 4.328 no ano passado. Cerca de 65% dos alunos
da pós-graduação são originários
do Estado de São Paulo; pouco mais de 30% vêm
de outros Estados. O restante é composto de estrangeiros,
principalmente da América do Sul.
O
mestrado em Odontologia, cujo conceito subiu de 4 para
5 no triênio (1998/1999/2000) analisado pela Capes,
foi o primeiro a se estruturar na Unicamp em 1962, no
campus de Piracicaba, quando a unidade ainda era um
instituto isolado de Ensino Superior do Estado de São
Paulo. Em junho de 1969, foi a vez da Faculdade de Engenharia
de Alimentos iniciar seu mestrado em Tecnologia de Alimentos
e Ciência de Alimentos. Os conceitos obtidos no
relatório da Capes, divulgado agora em setembro,
colocaram a Unicamp na frente de suas congêneres,
atingindo o conceito médio de 4,77, seguida pelas
universidades federais de Minas Gerais e Rio Grande
do Sul, e pela USP, entre os concorrentes mais próximos.
O
pró-reitor de Pós-Graduação,
José Cláudio Geromel, comemora o resultado,
salientando que 11 cursos entraram com pedido de reavaliação
dos conceitos, visando uma elevação da
nota. Ele reconhece, porém, que algumas medidas
urgentes precisam ser adotadas frente à redução
do número de professores e aumento de vagas e
teses. A Unicamp tem 35 anos de vida e é
natural que um determinado número de professores
em tempo para se aposentar o façam. E é
também um fato que a Universidade, por conta
das restrições orçamentárias,
venha tendo dificuldade em repor seu corpo docente e
em possibilitar a abertura de concursos para o preenchimento
de vagas docentes. Geromel salienta que este é
um problema que envolve toda a universidade, mas alguns
setores estão em situação mais
crítica do que outros, devido ao número
de cursos que oferecem.
Aposentadorias
A questão das aposentadorias atinge todas
as unidades, e urge, portanto, tentar resolver a questão
para viabilizar a contratação de novos
docentes através de um orçamento que seja,
de fato, saudável e permita, inclusive, uma renovação
dos quadros. O processo de aposentadoria começou
com mais intensidade nos últimos dez anos. Geromel
contabiliza que, em 1989, o impacto dos aposentados
era de 2% na folha de pagamentos da universidade; hoje
é de 18%.
O
pró-reitor acrescenta que muitos professores
que poderiam aposentar-se não o fizeram. E
muitos dos que se aposentaram aqui permanecem como professores
pesquisadores voluntários, o que é extremamente
importante para todo o sistema universitário.
Esse professor não recebe honorários adicionais,
embora continue fazendo pesquisa, orientando alunos
e até ministrando aulas. Tal participação
é importante e estratégica para a universidade,
já que sua experiência é fundamental.
É um trabalho de voluntariado que deve ter pleno
reconhecimento da instituição, oferecendo,
em contrapartida, infra-estrutura para que ele possa
continuar sua atuação.
Desde
a origem
A Universidade Estadual de Campinas foi implantada pelo
fundador e primeiro reitor, Zeferino Vaz, com o seguinte
objetivo: criar uma instituição de excelência.
Neste momento, estamos consolidando este processo
e colhendo frutos do empenho e do desempenho extremamente
importantes na área de pós dos professores
e dos alunos, com algumas melhorias administrativas
que permitiram que o sistema tivesse visibilidade e
tornasse mais simples a atuação acadêmica.
Hoje em dia, a pós-graduação em
termos de decisão é totalmente descentralizada
e com autonomia, como tem que ser mesmo, pois quem sabe
melhor atuar dentro de suas características específicas
é cada unidade de ensino e pesquisa, diz
Geromel. Segundo o pró-reitor, a comissão
central de pós é um órgão
que analisa isto e tenta ter uma experiência mais
abrangente dentro da universidade, deixando o espaço
para que a ações das unidades sejam realizadas.
Em
seu estudo dos conceitos Capes, Geromel conclui que
todos os índices apontam para o melhor: o primeiro
lugar no Brasil e evolução das médias
gerais. Além dos ajustes que cada unidade fará
de acordo com seu posicionamento no ranking de seus
pares, duas das ações na pós merecem
destaque:
nPeríodo escolar não é mais fixo-
pode ter disciplinas de 7,5 ou 15 semanas, por decisão
de cada unidade. Isso permite maior maleabilidade para
que o aluno e o professor façam viagens, participem
de congressos ou cumpram atividades de aprimoramento
extra-classe.
nProjeto
para acelerar a entrada no mestrado - aprovado recentemente
por unanimidade pela CCPG em que alunos de graduação,
antes de terminarem o ciclo, já poderão
começar a ter atividades de pós. Isto
acelera o processo sob o aspecto administrativo, mas
o principal objetivo é atrair os melhores alunos
já identificados nos processos da graduação
como a iniciação científica.
Outras
universidades ainda não adotam este sistema,
diz Geromel, que depende da aprovação
final do Conselho Universitário. Mas a intenção
é que seja implementado a partir do primeiro
semestre de 2002. Além de atrair os melhores
alunos da graduação, o que é um
ganho de qualidade para a pós devido à
qualificação destes estudantes, o tempo
de titulação diminui, o que melhora o
desempenho do sistema, aumentando bolsas e recursos.
O
mestrado é uma etapa fundamental e a pós-graduação
do Brasil é a melhor dos países em desenvolvimento,
garante Geromel. Este contato já na iniciação
científica enseja um programa de mestrado como
desdobramento da pesquisa iniciada na graduação.
Institucionaliza e incentiva uma prática que
de certa forma já ocorre. Este aluno está
mais bem capacitado a entrar no programa de mestrado
e contribui naturalmente para o seu melhor desempenho.
As vagas na pós são crescentes,
mas queremos uma logística interna para capturar
os melhores alunos da própria universidade. Eles
se submeterão às regras de ingresso como
todos os outros, conclui.
Hoje
a média é de 6 alunos por professor, operando
quase no limite máximo. As novas vagas vão
abrir um espaço por conta da rapidez de titulação.
O sistema todo vai orientar mais e publicar mais. A
Unicamp, segundo Geromel, está dando uma resposta
firme a todos aqueles que a estão procurando
sempre. Porém, dentro do mais estrito vínculo
de manter excelência acadêmica: todos os
índices estão indicando esta melhora.
O gargalo, porém, é que o aumento do número
de alunos ocorre com maior rapidez e vigor que o aumento
de bolsas disponíveis. Nos interessa que
o aluno faça a pós em tempo integral e
as agências de fomento devem entender este cenário
específico e singular da Unicamp, alerta
o pró-reitor.
Cada
unidade vai decidir como e se implanta este programa,
pois é garantida sua autonomia acadêmica.
A Unicamp tem um comportamento corretíssimo
com sua política de alunos especiais. É
quase uma mensagem- experimentem nossa pós-graduação-
e nosso objetivo é que estes alunos se transformem
um dia em regulares.
Cada
vez mais a iniciativa privada tem que investir nas universidades,
criar parcerias e reconhecer a importância da
formação de pós-graduação
nos setores de ponta. Todos têm que participar
na Educação. Não há um aluno
formado na Unicamp, em mestrado, que vá fazer
doutorado, que não verifique que sua formação
ocorreu de forma sólida e em pé de igualdade
com qualquer outro centro universitário no exterior,
atesta Geromel.