Um
pólo de atração
A
s alunos sempre buscam as universidades de maior excelência
acadêmica. Além de obter conceito A em
todos os seus cursos de graduação que
foram avaliados pelo Provão, as notas obtidas
pelos programas de pós da Unicamp têm gerado
um esforço sistemático para o aumento
do número de vagas a fim de atender a demanda.
Atrair bons alunos de pós significa que,
quando eles aqui chegam, multiplica a capacidade de
pesquisa que é indissociável destes cursos,
considera o professor.
De
1997 para 2000, a Unicamp teve um acréscimo de
1.360 alunos regulares na pós-graduação,
o que representa 18% de aumento. Se incluir também
os alunos especiais, esta conta chega a mais 2.400,
ou seja, um crescimento de 25% no período. Alunos
especiais são aqueles que freqüentam disciplinas
isoladas e se capacitam antes de tentar o ingresso regular,
com a vantagem que todos os trabalhos que fizerem antes
de entrarem oficialmente na pós serão
validados nos respectivos históricos escolares.
A tendência de aumento continua em 2001,
atesta Geromel.
Grande
vitrine
Como oferece uma gama muito grande de cursos, espera-se
que os alunos procurem a Unicamp de forma generalizada,
mas, muito provavelmente, os cursos que obtêm
maior conceito e proporcionam melhor visibilidade e
maior poder de captação de recursos, devem
exercer maior atração. Nos cursos de menor
conceito, a disposição é de aprimoramento
e ajuste nas debilidades apontadas pelos Comitês
Avaliadores da Capes. Ao contrário do que aconteceu
na avaliação anterior, referente ao biênio
96/97, nenhum curso foi reprovado agora, com conceitos
1 e 2; em contrapartida, aumentou o número de
cursos com conceito de excelência -6 ou 7- para
doutorado e 5 para mestrado, que é o máximo
nesta categoria. O que significa melhor desempenho
nacional com 27% de seus cursos na categoria de excelência,
comemora Geromel.
A
orientação da pró-reitoria para
os cursos que receberam conceito mais baixos (3 e 4)
é que a excelência acadêmica deve
ser buscada. Assim, cada instituto deve analisar o que
está acontecendo com seus programas dentro das
perspectivas da área a que pertence. Alguns ajustes,
porém, talvez extrapolem a atuação
da universidade, já que a baixa avaliação
em algumas áreas foi generalizada na maioria
das outras instituições. Neste ano, em
particular, praticamente todos os cursos que tiveram
conceito 3 estão na área biológica.
Entretanto, há fortes indícios de que
a avaliação que foi feita nesta área
possa ter sido severa em demasia e com problemas na
definição adequada dos critérios
adotados.
Como
é uma situação presente em todas
as universidades brasileiras, esta discussão
é importante de ser feita no âmbito da
comissão de pós-graduação,
seja para analisar os critérios adotados ou para,
numa etapa posterior, os cursos que tiveram esta avaliação
façam um estudo crítico a respeito.
Geromel acrescenta que será importante ouvir
as áreas biológicas sobre o assunto -
o que só não foi feito porque o processo
de avaliação da Capes ainda não
terminou. Na Unicamp, por exemplo, 11 cursos pediram
reavaliação dos conceitos e entraram com
pedido de reconsideração.
Definição
de critérios
Os critérios são definidos pelos comitês
assessores de cada área e podem ser muito diferentes,
mas é importante que seja assim, destaca o pró-reitor.
A Universidade é um mosaico de situações,
não é homogênea e nem deveria ser
mesmo. Portanto, cada comitê de área composto
por pares analisa a sua específicidade e estabelece
critérios. Depois, os cursos que recebem 6 e
7 são analisados, numa etapa seguinte, por comitês
internacionais.
No
caso da fragilidade apontada nos programas de biológicas,
a impressão que se tem, e que vai ser discutida
com os coordenadores da área, é a de que
os cursos não pecam. É uma área
muito importante, e como existe uma média geral
menor que as outras, não dá para descartar
que talvez os critérios adotados não tenham
conseguido capturar a realidade desta área no
Brasil. É preciso fazer uma análise nesta
direção. A demanda para ingresso é
extremamente alta, de onde se conclui que a qualidade
dos alunos e também dos professores seja muito
boa.
Além
disso, é uma área que recebe quantidade
de recursos apreciável. Portanto, esta quantidade
de cursos com avaliação ruim, com a média
baixa, leva a uma análise a posteriori dos critérios
adotados para torná-los transparentes e precisos.
Geromel salienta que se o setor for comparado ao conceito
médio com as outras áreas da própria
Unicamp, está em desvantagem, mas se for comparada
com as outras universidades que oferecem os mesmos cursos,
tem o melhor desempenho nacional.
Certamente
na área médica existe grande contingente
de alunos e professores na linha de frente do dia a
dia, com impacto social fantástico; por outro
lado, existe pesquisa extremamente acadêmica cujo
principal objetivo são as publicações
científicas de alto valor. Olhar com a mesma
intensidade aqueles que estão na linha de frente
do dia a dia como alguém que precisa publicar
com o mesmo rigor que o outro do metier de publicação,
não parece critério razoável. Isto
não quer dizer que ambos não tenham excelência;
o que significa é que o parâmetro de medida
deva ser ajustado, pondera Geromel.
Vagas
em expansão
O número de vagas na pós é bastante
dinâmico, e tem sido aumentado de forma substancial
nos últimos anos. Como pesquisa e pós
constituem uma fórmula indissociável,
é importante que a equipe se mantenha e também
tenha renovações. Como conseqüência
lógica da obtenção de melhores
conceitos, a unidade também passa a receber mais
recursos e mais bolsas. Para que esta equação
funcione nos padrões exigidos pela Unicamp, é
fundamental que o tempo de titulação dos
alunos diminua para que aumente a injeção
de novos recursos de bolsa.
A
Unicamp opera com certa vantagem neste processo, de
acordo com o sistema de bolsas Capes, que leva em conta
o desempenho acadêmico de cada curso. Já
o CNPq, cuja distribuição de bolsas tem
como um dos parâmetros o critério regional,
faz com que a Unicamp seja prejudicada neste processo
de destinação de recursos que, na opinião
de Geromel, deveria se pautar pela excelência
dos cursos. O pró-reitor reconhece que é
louvável buscar eliminar as defasagens educacionais
do país com a distribuição de bolsas,
mas ressalta, que deveria existir uma linha dedicada
a este objetivo, pois não é razoável
fazer com que todas as universidades disputem bolsas
sob este critério.
Outro
aspecto destacado por Geromel é a absoluta necessidade
de que além de receber a bolsa, o aluno tenha
recursos mínimos para desenvolver seu trabalho
com apoio adicional à sua estrita manutenção.
São as chamadas reservas técnicas- -existentes
na Fapesp ou verba de bancada - na Capes. Já
no CNPq não existe este financiamento adicional,
destinado para livros, materiais de laboratório,
seminários, viagens, entre outras necessidades.
Atenuando
diferenças regionais
O fenômeno específico de São Paulo
é que as agências financiadoras federais
reduziram sua participação nos últimos
anos, sob o argumento de que a Fapesp tem coberto com
eficiência a demanda. Na opinião dos coordenadores
da pós, não é justo que o cumprimento
correto da lei de aplicação estadual de
imposto em benefício da pesquisa acadêmica
seja punido.
Geromel
reforça que o critério justo é
a disputa por excelência e que a inserção
dos que estão fora dos principais centros deva
ser feita através de linhas específicas
com este objetivo. Nesta direção, a Unicamp
já trabalha, de certa forma, com algumas experiências
como a de Clínica Médica, na Universidade
Federal do Piauí, Educação Física
na Universidade Federal de Goiás ou de História
com a Universidade Federal do Amapá.
Trata-se
do Programa Interinstitucional, que tem como objetivo
financiar ações para que os professores
da Unicamp constituam programas de pós nas regiões,
levando consigo não apenas o aperfeiçoamento
acadêmico como recursos como laboratórios
ou bibliotecas. A Unicamp já tem oito experiências
neste sentido, com resultados que o pró-reitor
considera muito interessantes. Este modelo começou
em 1995, estimulado pela Capes.
O
programa funciona assim: recebemos uma demanda específica
de uma universidade pública de determinada área.
O coordenador da Unicamp vai até o local para
avaliar a viabilidade do curso de pós e criar
um projeto específico a respeito, a fim de coloca-lo
à apreciação da Capes, revela.
Vários programas da Unicamp estão em andamento
ou já foram concluídos e, segundo Geromel,
todos os projetos propostos até agora foram aprovados.
O
programa é destinado a professores da universidade
local que não têm mestrado e o farão
ficando lá. Os programas são, de
fato, um sucesso que acabam transferindo recursos, retendo
o profissional lá e estabelecendo vínculos
de pesquisa entre as partes. Geromel acrescenta
que a Capes já abriu a possibilidade do desdobramento
para doutorado e está avaliando três projetos
neste sentido: dois na Lingüística e um
na Engenharia Agrícola.