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Equoterapia tem bons resultados
em pacientes vitimados por AVC
Depois de terapia com cavalos,
progressos
em aspectos motores foram consideráveis
A
equoterapia - prática em que o cavalo é utilizado
para atingir objetivos terapêuticos - mostrou-se eficaz
na recuperação de pacientes adultos que foram
vítimas de acidente vascular cerebral (AVC). "Os
pacientes tiveram melhora na qualidade de vida e nos aspectos
motores dos membros inferiores, e isto demonstra que a terapia
com cavalos pode estimular o paciente e ainda ser muito gratificante",
avalia a fisioterapeuta Fernanda Beinotti em pesquisa de mestrado
apresentada na Faculdade de Ciências Médicas
(FCM), sob orientação do professor Antonio Guilherme
Borges Neto.
As terapias com cavalos são
recentes no Brasil - as primeiras experiências datam
de 1989. Em geral, são conhecidos quando aplicados
em crianças com paralisia cerebral, déficit
de aprendizagem, Síndrome de Down e outros tipos de
doenças. Isto porque existem aspectos lúdico
e educacional no método. No entanto, em pacientes adultos,
relata a fisioterapeuta, são pouquíssimos os
estudos que apontam para uma melhora geral. Em indivíduos
acometidos por AVC, não existia nenhum registro na
literatura. "A maioria dos trabalhos focando adultos
com lesões neurológicas é constituída
de estudos de casos e não representa uma amostragem
significativa e comparativa", explica.
Por 16 semanas, Fernanda realizou
tratamento convencional aliado à hipoterapia - assim
chamada, uma vez que os pacientes são dependentes motores
e não conseguem guiar o cavalo sozinhos - em 10 voluntários
acompanhados no Ambulatório de Fisioterapia do Hospital
das Clínicas (HC) da Unicamp. Todos que realizaram
a hipoterapia apresentaram parecer médico favorável
para a prática.
Foram selecionados pacientes
cuja enfermidade havia acontecido há mais de um ano,
apenas uma vez e que já conseguiam andar. Era necessário
também que o comprometimento fosse maior nas pernas
e que não possuíssem nenhuma outra comorbidade,
como hipertensão ou diabetes não-controlados.
Neste período, foram realizadas duas avaliações
- uma no início e outra no final da terapia - e, como
forma de comparar os dados, outro grupo de 10 pessoas se submeteu,
apenas, ao tratamento convencional e também passou
por ambas as avaliações.
O período de tratamento
aconteceu no Centro de Equoterapia Harmonia, em Campinas (SP),
e envolveu exercícios de equilíbrio, coordenação
de membros superiores e inferiores e postura. A fisioterapeuta
explica que a aplicação da hipoterapia varia
de acordo com o paciente e com a resposta que se tem a cada
exercício, pois não há um programa específico
a ser seguido. Mas, na pesquisa, ela buscou padronizar a terapêutica
como forma de observar melhor o desempenho de cada um. Foram
avaliados o comprometimento motor, o equilíbrio, o
tônus muscular, a independência na marcha, a cadência
dos passos e a qualidade de vida dos pacientes.
Segundo
Fernanda, no cruzamento estatístico dos dados as diferenças
entre os grupos não aparecem de forma incisiva. Por
exemplo, o equilíbrio e a independência na marcha
apresentaram rença entre os grupos, mostrando que ambos
melhoraram. "Se compararmos de uma forma geral, os pacientes
do gru-po controle se mantiveram no mesmo estágio.
Alguns resultados apresentaram melhora e outros até
pioraram".
O grupo submetido à equoterapia
associada à fisioterapia apresentou uma melhora geral.
Em vários aspectos foi possível notar os resultados
positivos e estatísticos, como é o caso do comprometimento
motor dos membros inferiores, do tônus dos flexores
plantares, do equilíbrio e da qualidade de vida. Ademais,
o grupo que realizou a hipoterapia apresentou uma melhora
no padrão de marcha, tornando-a mais próxima
da marcha normal. A cadência diminuiu e a velocidade
do andar aumentou, o que é considerado normal tendo
em vista que, quanto mais rápido andar uma pessoa sem
déficit neurológico, menos passos ela dará.
Isso não foi encontrado no grupo controle, pois eles
aumentaram a cadência e a velocidade.
Fernanda Beinotti lembra ainda
do aspecto afetivo que os pacientes mantêm com o animal.
Este foi outro ponto, embora não mensurável,
também observado nos resultados finais pelos relatos
dos indivíduos. "Dois voluntários moravam
em área rural e depois da enfermidade não acreditavam
que pudessem novamente montar em um cavalo. Outro paciente
nunca havia montado e ficou emocionado ao fazer isso pela
primeira vez. É bom lembrar que são pacientes
que sofreram muito com a doença e estão em um
período de recuperação dos movimentos,
além do trabalho na parte emocional que impõe
um cuidado maior. Por isso, o exercício com cavalos
pode levá-los à superação de antigos
e novos desafios", argumenta.
Publicação
Dissertação "Influência da
hipoterapia no treino da marcha e na qualidade de vida em
indivíduos hemiparéticos pós-acidente
vascular cerebral"
Autor: Fernanda Beinotti
Orientador: Antonio Guilherme Borges Neto
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas
(FCM)
Financiamento: Fapesp
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