Primeira
tese de doutorado na área de Antropologia Visual pela USP, o
tema fotografia acabou se transformando em livro. Trata-se de
A Imagética da Comissão Rondon — Etnografia Fílmica Estratégica,
do professor Fernando de Tacca, que acaba de ser lançado pela
Editora Papirus. Pertencente à coleção Campo Imagético, a obra
apresenta a produção imagética do que se passou a chamar Comissão
Rondon, analisando-a como uma construção da imagem “oficial”
do índio brasileiro na estratégia de ocupação do Oeste e das
fronteiras nacionais; além disso, o estudo forma uma etnografia
visual sustentada na formação de uma imagem-conceito do índio.
Imagem-conceito que, segundo Fernando de Tacca, superpõe a idéia
do índio como selvagem, “pacificado e civilizado do início ao
fim dos trabalhos do cineasta e fotógrafo Major Thomaz Reis
estendendo-se após a sua morte com a publicação por Cândido
Mariano da Silva Rondon de séries fotogramáticas elucidativas
da relação que se estabeleceu entre eles”.
São
imagens que correspondem à tipologia estabelecida na época para
classificar as sociedades indígenas. “O ponto de partida para
a compreensão das significações são as próprias imagens em si,
na procura do olhar enunciador do produto sígnico”, diz Fernando.
A análise contida no livro baseia-se principalmente em dois
produtos da Comissão Rondon: os filmes originais (de 1917 a
1938) e os livros da série Índios do Brasil, em três volumes,
publicados respectivamente nos anos de 1946, 1953 e 1956. Outros
documentos são citados e utilizados, como os relatórios de viagem,
as conferências e biografias dos personagens desse empreendimento.
O
contexto imagético da Comissão, diz De Tacca, formou intertextualidades
imbricadas umas nas outras que permitem desvendar informações
que não estavam presentes somente em um dos produtos — os livros
ou os filmes. “Rondon e Reis formam um único e inseparável olhar
articulado que fornece visibilidade das diferenças étnicas e
de contato no Brasil daquela época e responsável por permanências
sígnicas do imaginário brasileiro no roteiro entre a imagem
do selvagem ao integrado até os dias de hoje”, explica o professor
Fernando de Tacca.
|
Livro
mostra relação entre ciência e mídia
Por
que a ciência é notícia na mídia? Esta é uma das muitas questões
analisadas no livro Produção e Circulação do Conhecimento —
Estado, Mídia, Sociedade (Pontes), que está para ser lançado
no mercado. A obra, organizada pelo professor Eduardo Guimarães,
do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) da Unicamp, tem como
principal proposta divulgar e fazer circular pela mídia o conhecimento
científico produzido pelo Núcleo de Jornalismo Científico do
Nudecri. Discute ainda a relação do Estado com a produção de
conhecimento, além de refletir sobre “as relações da mídia com
a sociedade, com o Estado e com a ciência.” O primeiro volume
da obra, com 269 páginas, contém catorze textos de doze autores
— jornalistas, pesquisadores e professores ligados à área da
pesquisa científica.
Os
artigos contidos no livro estão organizados em três partes.
A primeira, A ciência como notícia, traz estudos sobre o que
faz um acontecimento da ciência transformar-se em notícia para
a mídia e sobre o processo discursivo que caracteriza a divulgação
científica. A segunda, Produção de conhecimento e Estado, se
dedica ao estudo das políticas científicas na sua relação com
a mídia e a sociedade. Numa terceira parte, Jornalismo científico,
a obra investiga o jornalismo científico brasileiro, “tanto
de modo geral, quanto de estudos mais específicos, que incluem
a apreciação de certas experiências de divulgação científica
por meio eletrônico”. Conforme diz o professor Guimarães, no
texto de apresentação de Produção e Circulação do Conhecimento,
“os estudos aqui publicados mostram a distribuição dos veículos
de comunicação (jornal, revista, rádio e televisão aberta e
por assinatura) pelas regiões brasileiras e quais desses veículos
tratam de divulgação científica.
Aspectos
que são postos no trabalho ‘Mapeamento da Mídia no Brasil: potencial
para a veiculação do jornalismo científico’. A publicação do
livro foi financiada pelo CNPq, por intermédio do Pronex (Programa
de Núcleo de Excelência), em colaboração com o Núcleo de Jornalismo
Científico. O livro tem artigos assinados por Eduardo Guimarães,
Eni Orlandi, José Horta Nunes, Claudia Pfeiffer, Telma Domingues
da Silva, Clarinda Rodrigues Lucas, Carlos Vogt, José Marques
de Melo, Célia Chaves, Wanda Jorge, Vera Regina Toledo Camargo
e Mônica Macedo.
|