Edição nº 523

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Jornal da Unicamp

Baixar versão em PDF Campinas, 17 de abril de 2012 a 22 de abril de 2012 – ANO 2012 – Nº 523

Novos paradigmas na extensão

Plano de institucionalização redesenhou e ampliou o papel da Preac

A atividade de extensão na Unicamp consolidou-se como a via de mão dupla capaz de proporcionar a professores, funcionários e alunos a oportunidade de atender demandas da sociedade, e que também faz retornar à Universidade novos conhecimentos e informações obtidos da interação com o meio externo. De modo eficaz, um conjunto de ações vem permitindo à instituição e às comunidades atendidas atuar em conjunto na busca da superação de problemas e da realização de suas aspirações. Nesse contexto, a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários (Preac) tornou-se a interface facilitadora e catalisadora das atividades de extensão da Universidade, envidando esforços ao longo dos últimos três anos no sentido de promover a difusão e a disseminação do saber acadêmico na sociedade por meio de programas culturais, sociais, tecnológicos e educacionais.

Conforme faz questão de lembrar o professor Mohamed Habib – pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários até janeiro deste ano –, a trajetória da Preac está solidamente ancorada em um plano de institucionalização da atividade de extensão na Unicamp posto em marcha ainda em 2005. A iniciativa, de acordo com ele, redesenhou e ampliou o papel da extensão, até então limitado à prestação de serviços mediante remuneração.

“Romper com esse vício, com essa cultura então dominante, tornou-se um desafio. Enfrentamos um inferno de resistência e foi preciso muita coragem”, reconhece o docente. A ação resultou em um novo paradigma, que para se estabelecer necessitou de um conjunto de regras destinado a normalizar as atividades de extensão na Unicamp.
Mohamed observa que a implantação dessa profunda mudança conceitual não foi obra individual, mas fruto do empenho de uma parcela significativa de docentes e de profissionais de apoio técnico e administrativo e também de estudantes de graduação e pós-graduação.

“Com o respaldo desse grupo, que tem uma consciência muito clara da importância da extensão universitária, pudemos redefinir o conceito da atividade, entendido por nós como um palco sobre o qual a academia interage com a sociedade. E para interagir, de fato, não basta prestar serviço; é imprescindível assumir o compromisso de disponibilizar os conhecimentos técnico-científicos gerados pela ciência para atender demandas dos mais diferentes setores da população”, argumenta o professor, “pois a Unicamp tem a obrigação institucional de retribuir à sociedade o que dela recebe.”

Para ele, é desse modo que a Universidade contribui para a formação não só de recursos humanos altamente qualificados, mas também de cidadãos brasileiros socialmente comprometidos.

Editais
A institucionalização pavimentou o terreno no qual a Preac conduziu seu trabalho. A conclusão do histórico ciclo de mudanças foi o lançamento, em 2011, do Manual de Extensão, contendo a legislação interna e as normas que regulamentam as atividades de extensão.
Ainda no plano institucional-acadêmico foram criadas duas disciplinas relacionadas à extensão comunitária, uma voltada a participantes de projetos de extensão e outra a integrantes do Projeto Rondon. Contabiliza-se também o fundamental estímulo à participação de docentes e discentes da Universidade nos editais públicos de fomento à extensão universitária, destacando-se o Programa de Apoio à Extensão Universitária do Governo Federal (Proext), do MEC e do Ministério da Cultura; os Editais Capes – Novos Talentos, e os Editais PET – Programa de Educação Tutorial, do MEC, além dos Editais Preac para Projetos de Extensão Comunitária (PEC).

Voltados à inclusão social de grupos menos favorecidos, ao desenvolvimento de práticas e estudos que contribuam para a implementação de políticas públicas, os Editais Preac abriram possibilidades de participação também para servidores não docentes em projetos que promovam ações de natureza social, artística, cultural, desportiva ou educativa junto a segmentos da população de baixa renda ou grupos específicos (minorias, grupos étnicos, portadores de necessidades especiais, por exemplo). Lançados em 2007, os Editais Preac englobam o montante de R$ 290 mil ao ano e concedem o valor máximo de R$ 10 mil por projeto aprovado.

Parcerias e ações internas
No biênio 2009-2011 a pró-reitoria celebrou parcerias com instituições públicas e privadas, com a finalidade de promover importantes eventos acadêmicos, culturais e educativos. Destacam-se, entre as ações nesse campo, o Festival Internacional de Leitura de Campinas (FILC); o 1º, 2º e 3º Projeto Sustentar - Cidade Sustentável; a realização do Campinas Décor, que possibilitou a restauração da antiga Estação Guanabara, que abriga o Centro Cultural de Integração e Inclusão Social (CIS – Estação Guanabara); e a realização do 1º, 2º e 3º Campinas Café Festival.

No plano interno, houve considerável aumento do escopo de trabalho da Coordenadoria de Desenvolvimento Cultural (CDC), tanto em termos quantitativos quanto em qualidade, salienta o professor João Frederico Costa Azevedo Meyer, o Joni, sucessor de Mohamed na Preac e até então coordenador da CDC.

No Centro de Convenções, os três palcos foram redimensionados permitindo uma necessária circulação de ar com vistas, inclusive, à eliminação de umidades; os recursos de infraestrutura passaram por processos de atualização, limpeza e manutenção; novos telões e projetores foram adquiridos, e foi feita uma primeira revisão das lâmpadas; reformas de trechos dos pisos e a revitalização da sala para recepcionar visitantes e palestrantes foram efetivadas com sucesso.

No Ginásio Multidisciplinar, cabe destacar os sucessivos aumentos anuais de atividades esportivas: 14 em 2009, o dobro da registrada no ano anterior; e 51, em 2010. É importante observar que esse incremento se deu sem que outras atividades acadêmicas e sociais tradicionais (UPA, Feira de Talentos, Congresso Interno de Iniciação Científica, formaturas, entre outras) sofressem qualquer redução. Em paralelo, medidas importantes foram tomadas para reformas necessárias no teto, nos banheiros, na acessibilidade e, sobretudo, no piso da quadra poliesportiva.

Prefeitura, CPROJ, Deman e CCUEC foram alguns órgãos da Universidade que se tornaram parceiros da Preac nessa empreitada que, de acordo com Joni, exigiu nos últimos três anos investimento muito próximo dos R$ 2,5 milhões. Ele cita ainda outra iniciativa fundamental no âmbito da CDC: a renovação e a capacitação continuada da equipe, com o intuito de manter os níveis de excelência na prestação de serviços.

Projeto em construção
Nos dois últimos anos o Espaço de Arte da CDC também se fortaleceu, abrindo oportunidade para a exposição de trabalhos de artistas novos e consagrados. Esta atividade se tornou mais abrangente quanto ao público alcançado com a abertura de novos espaços no auditório do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas (NEPP), do Núcleo de Estudos Populacionais (Nepo) e nas salas de espera do Centro de Saúde da Comunidade (Cecom).

Desse modo, a CDC somou seus esforços aos do Espaço Cultural Casa do Lago (Ecult) na divulgação de trabalhos de artes plásticas. Vale mencionar que as ações da Preac em relação à Casa do Lago – que completa 10 anos em 2012 – compreenderam a expansão do atendimento na área cultural e artística do local enquanto espaço de extensão universitária, o que intensificou a participação das comunidades universitária e externa, seja como público, expositores, artistas e ou como oficineiros.

“A extensão universitária, nas mais diferentes áreas do conhecimento, cresceu substancialmente na Unicamp, desde que a institucionalização foi posta em prática há sete anos. Mas trata-se de um projeto ainda em construção, que vem sendo continuamente aprimorado, aspecto que esperamos seja levado em consideração pelas próximas gestões”, pondera Mohamed, ele próprio à frente de uma ambiciosa proposta para um dos serviços mais estratégicos da Preac na relação da Universidade com a comunidade.

O plano consiste em obter do governo federal autorização para transmitir em sinal aberto a programação da TV Unicamp, hoje captada em canais pagos. Desde 2004 subordinada à Preac, a Rádio e Televisão Unicamp (RTV) foi contemplada no último biênio com uma série de reformas e aquisições que elevaram o patamar de qualidade de seu trabalho e diversificaram sua atuação, com a implantação de novas frentes de divulgação, como a web rádio e a web tv. A abertura do sinal seria o merecido coroamento desses esforços em prol da comunidade.

 

RondonCamp atuará na região

 

Desde 2005, quando o Projeto Rondon teve seu reinício, até julho de 2011, a Unicamp esteve presente em 17 operações, atuando em 25 municípios pertencentes a 15 estados, com um contingente constituído de mais de 200 pessoas, entre professores, alunos e técnicos.

A experiência inspirou a Preac a criar, no final do ano passado, o RondonCamp, voltado aos municípios da região de Campinas. A versão regional do projeto é uma parceria da Unicamp com os governos locais e setores empresariais para o atendimento de questões sociais em Campinas e nas cidades vizinhas. Um diferencial importante será o tempo de trabalho das equipes: enquanto cada operação do Rondon dura uma quinzena, no RondonCamp aluno e professor ficarão um semestre inteiro dedicados ao trabalho.

O início das atividades do RondonCamp está previsto para o segundo semestre. Até lá, a operação estará sendo estruturada pela Preac, com a identificação de demandas regionais junto às prefeituras e a busca de parcerias com empresas interessadas em apoiar financeiramente o projeto.
 

Comentários

Comentário: 

Fui testemunho e partícipe do desenvolvimento das atividades de extensão como a reportagem indica, e ciente de que ainda ha bastante que pode ser feito, para fora da universidade e para dentro também, com o reconhecimento da atividade por ela em todos os seus orgãos.
Encerro desejando a continuidade e progresso desta nova gestão.

lunazzi@ifi.unicamp.br