Pesquisa de mestrado realizada por Rogério da Veiga e apresentada no Instituto de Geociências (IG), no Departamento de Política Científica e Tecnológica, propõe a massificação de softwares com o objetivo de facilitar o acesso de classes sociais menos favorecidas. Segundo Veiga, a dinâmica do segmento prioriza o desenvolvimento de programas diversificados voltados para as classes mais altas, ou seja, criados para um contingente de pessoas e empresas que já tem o software em sua cesta de consumo. Com isso, explica o pesquisador, os grupos de excluídos digitais mantêm-se sem acesso aos programas.
Para Veiga, formado em Ciência da Computação, o acesso deveria focar também as classes mais baixas e, assim, alargar a base de clientes para o consumo de software. “A indústria investe fortemente em produtos que substituem os que já existem e não se preocupa em levar o acesso aos grupos de menor poder aquisitivo. Deve-se mudar a lógica de atuação para intensificar a difusão de software”, defende.
Rogério da Veiga foi orientado pelo professor Wilson Suzigan e, no estudo, traça um diagnóstico da indústria de software no Brasil. Com base em autores como Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares e outros, ele faz propostas de mudanças nas políticas existentes para que a inclusão social faça parte da lógica de atuação do setor.
Neste sentido, Veiga aposta que a inclusão digital seria apenas uma vertente da política de inclusão social. “Não basta ensinar a pessoa de baixa renda a manusear a tecnologia. É preciso que os setores econômicos que estão nele inseridos utilizem softwares e que sejam criados mecanismos para que participem do desenvolvimento de produtos e serviços digitais voltados para este público”, acredita.
A proposta de Rogério da Veiga consiste em envolver as classes baixas na oferta e na demanda. “De um lado, na demanda, intensificar as políticas de inclusão digital e promover a difusão do software pelos setores econômicos. Por outro lado, o da oferta, criar produtos e serviços digitais que atendam necessidades específicas dos grupos beneficiados pelas políticas de inclusão digital, direcionando as atividades de desenvolvimento de software para a sua massificação. Transversalmente, formar jovens de baixa renda em tecnologias de informação para que atuem no setor”.
Veiga sugere ainda que a opção pela massificação pode gerar demanda por soluções já existentes e, neste caso, o software livre ganha relevância, seja pela existência de softwares livres de qualidade em tipos de softwares de uso mais geral ou por permitir que se aprenda a partir dele.