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Adição de casca enriquece geleia de uva
Procedimento da FEA garante produto com mais propriedade
antioxidante
Adicionar
a casca da fruta no processo de produção da geleia de uva
garantiu maior capacidade antioxidante – propriedades nutricionais
que previnem os radicais livres e, por isso, são saudáveis
para o organismo humano. Em geral, o processamento da geleia
de uva é feito apenas com a polpa da fruta e a casca é considerada
como resíduo para os pequenos produtores, que a utilizam como
adubo ou ração animal. “O fato de acrescentar a casca à mistura
minimizou a perda dos compostos fenólicos, uma vez que as
altas temperaturas – em torno de 90º – necessárias no processo
favorecem a degradação dos compostos antioxidantes, deixando
a geleia com concentrações bem menores”, explica a engenheira
de alimentos Luciula Lemos Lima Morelli.
Segundo resultados da sua
pesquisa de mestrado, desenvolvida na Faculdade de Engenharia
de Alimentos (FEA) e orientada pelo professor Marcelo Alexandre
Prado, a perda dos compostos fenólicos foi em torno de 24%,
enquanto que no processo tradicional de produção as perdas
chegam a 80%. “Ou seja, a casca é muito importante para tornar
o produto mais saudável”, esclarece. Este aspecto, segundo
a engenheira, não havia sido destacado na literatura, pois
são raros os estudos sobre geleias. Ademais, explica ela,
as pesquisas indicam a preferência cada vez maior do consumidor
em ingerir derivados da uva ao invés da fruta in natura.
Uma das variedades de uva
testadas pela engenheira Luciula Morelli apresentou resultados
ainda maiores na retenção dos antioxidantes. Trata-se da IAC
138-22, desenvolvida pelo Instituto Agronômico de Campinas
(IAC), cuja utilização tem sido exclusivamente para a produção
de vinhos no Estado de São Paulo. Nos resultados dos testes
feitos em duas variedades, as diferenças foram de até 300%
entre uma e outra em relação à porcentagem de compostos fenólicos
presentes no produto. “Esta variedade demonstrou ter uma alta
concentração de compostos e, por isso, maior potencial antioxidante
para o consumidor”, comemora Luciula.
A outra variedade estudada
foi uma mistura da uva Niágara rosada e Isabel. Foram produzidas
três formulações de cada uma das variedades para efeito comparativo
e com diferentes concentrações da casca de uva incorporada
à massa. A primeira delas não teve adição de casca, a segunda
teve incorporação de 3% e, a terceira, 6%, sendo que esta
última foi a formulação que continha maior potencial antioxidante.
O estudo desenvolvido na FEA
também contemplou a secagem da casca da uva para a produção
da geleia, com o objetivo de inibir as enzimas e, assim, evitar
a contaminação microbiológica. Neste caso, a pesquisadora
testou solventes menos agressivos ao meio ambiente nos estudos
de extração e conseguiu reduzir o volume de álcool e substituir
metanol por etanol, o que tornou o processo mais “limpo”.
Além disso, conseguiu baixar o gasto com energia, com uma
nova técnica de extração por banho de ultrassom, com otimização
da temperatura, o que, na proposta da engenheira de alimentos,
reduziu o tempo de extração de 10 para três horas.
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Publicação
Dissertação: “Avaliação de compostos fenólicos
em geleia de uva produzida com a variedade IAC 138-22 (máximo)”
Autor: Luciula Lemos Lima Morelli
Orientador: Marcelo Alexandre Prado
Unidade: Faculdade de Engenharia de Alimentos
(FEA)
Financiamento: CNPq
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