Jongo auxilia no aperfeiçoamento de atores
Elementos da dança trazida por
africanos são usados por grupos teatrais
Os
elementos musicais e as movimentações corporais existentes
no jongo – dança afro-brasileira trazida ao Brasil pelos negros
do grupo Banto – foram incorporados a um conjunto de jogos
teatrais, originando uma proposta de treinamento popular para
aperfeiçoamento de atores. A proposta, defendida pelo ator
e educador Osvanilton Conceição, compõe dissertação de mestrado
apresentada no Instituto de Artes (IA) da Unicamp e foi desenvolvida
a partir do estudo do jongo realizado no Quilombo São José
da Serra, localizado no município de Valença, no Estado do
Rio de Janeiro. Além disso, o sistema de jogos teatrais criado
pela arte-educadora norte-americana Viola Spolin e a experiência
positiva realizada com os atores da Companhia dos Inventivos,
do espaço cultural Ateliê Casarão (Jundiaí) e do Grupo de
Teatro Buraco D’Oráculo (São Paulo), também são contemplados
no trabalho.
Osvanilton Conceição explica
que os jogos teatrais num contexto laboratorial permitem aos
atores o desenvolvimento do potencial criativo, o alargamento
da expressão corporal e vocal, além de possibilitar diferentes
caminhos para a abordagem corporal. Por estes fatores, eles
são utilizados com frequência em diferentes ambientes artísticos
e educacionais.
O interesse em fazer a junção
entre uma dança e o teatro e criar uma proposta de treinamento
para atores deve-se à sua formação como ator e aos estudos
acerca de expressões populares brasileiras e danças como:
ciranda, coco, maracatu, cavalo-marinho. “O jongo foi escolhido
por ser uma prática cultural com movimentos leves e flexíveis,
podendo assim permitir maior liberdade e fluidez nas expressões
corporais e vocais dos atores no fazer teatral”, explica.
A junção entre jongo e jogo
teatral, argumenta Osvanilton, enriqueceu as improvisações
e fez com que os atores participassem de forma mais ativa
das proposições apontadas nos jogos, sem recorrer à padronização
de movimentos e nem à rigidez de formas anteriormente estabelecidas.
O processo de criação do treinamento popular para atores foi
orientado pela professora Inaicyra Falcão dos Santos.
No início de sua formação
artística, em 1999, Osvanilton fundou juntamente com outros
jovens artistas de Salvador (Bahia), a Companhia de Teatro
Popular Cirandarte e em seguida atuou por sete anos na Companhia
de Teatro Popular da Bahia. Depois de concluir a Licenciatura
em Teatro na Universidade Federal da Bahia (UFBA), especializou-se
em linguagens da arte no Centro Universitário Maria Antonia
da Universidade de São Paulo (USP) e passou em seguida a
desenvolver seu projeto de mestrado na Unicamp.
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■Publicação
Dissertação: “Do Jongo ao Jogo: Uma proposta de treinamento
popular para atores”
Autor: Osvanilton de Jesus Conceição
Orientadora: Inaicyra Falcão dos Santos
Unidade: Instituto de Artes (IA)
Financiamento: Fapesp
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