Nas bancas
Atividades lúdicas atenuam estresse
de criança em tratamento odontológico
Raquel
do Carmo Santos
A
cirurgiã-dentista Ludmila da Silva Tavares Costa obteve
resultados positivos ao aplicar estratégia psicológica em
crianças de 3 a 4 anos de idade durante tratamento odontológico.
Seu objetivo foi minimizar o nível de estresse causado pelas
visitas odontológicas, tão necessárias na infância, como
medida de prevenção. Ludmila quis comprovar em pesquisa
o que ela já sabia nos cinco anos de prática de atendimento
prestado no Centro de Pesquisa e Atendimento Odontológico
para Pacientes Especiais (Cepae) da Faculdade de Odontologia
de Piracicaba (FOP).
O Cepae atua junto ao público
de zero a cinco anos, num programa preventivo iniciado ainda
no período pré-natal. “Percebia que muitas crianças não
colaboravam com o tratamento e isso dificultava o trabalho
do dentista. A falta de manejo do comportamento infantil
leva a um aumento do tempo de consulta e do desconforto
causado pela situação”, observa.
Muitos dos traumas causados
pela ida ao dentista na idade adulta podem estar associados
a problemas ocorridos na infância. Por isso, na opinião
da cirurgiã-dentista, o estresse gerado pela situação odontológica
pode ser minimizado, por exemplo, por meio de atividades
lúdicas no início de cada sessão. A proposta de Ludmila
consta de sua dissertação de mestrado apresentada na FOP
sob orientação da professora Rosana de Fátima Possobon.
Nela, a cirurgiã-dentista destaca, passo-a-passo, as sessões
planejadas para adaptação da criança ao contexto odontológico.
Ela testou o método em 10
crianças atendidas no Cepae. “Trata-se de uma estratégia
simples e eficiente, que pode ser replicada em consultórios
no dia-a-dia do profissional”, defende. Ao entrar no consultório,
por exemplo, em vez de iniciar imediatamente os procedimentos
odontológicos, é realizada a atividade lúdica em uma mesa
de brinquedos, com o objetivo de aumentar a interação entre
criança e dentista.
Este momento também é útil
para que o profissional explique à criança o que será realizado
nos próximos minutos, bem como quais os comportamentos são
esperados. Em seguida, de posse de um boneco, o dentista
relata aspectos sobre cárie e ensina como realizar a escovação
e o manuseio do fio dental. Só então inicia o exame clínico
com a colaboração da criança.
Como forma de recompensa,
o bom comportamento valeria um pequeno brinde. Para avaliar
o nível de estresse das crianças, Ludmila coletou saliva
dos pacientes, tanto no início como no final das sessões,
para avaliar a concentração do hormônio indicativo de estresse,
o cortisol. Pelos resultados, após as sessões houve diminuição
significativa dos comportamentos de não-colaboração, bem
como da concentração de cortisol salivar, o que comprova
a importância do preparo do profissional para lidar com
questões comportamentais da criança na situação odontológica,
mesmo em tratamentos preventivos.