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Quando o locutor é também um torcedor

Raquel do Carmo Santos

O educador físico Sérgio Luis Giacomello: análise da transmissão de quatro partidas (Fotos: César Maia/Antonio Scarpinetti)Ao analisar as transmissões esportivas de uma rádio de Campinas, envolvendo os times de futebol Ponte Preta e Guarani, o educador físico Sérgio Luis Giacomello identificou aspectos que demonstram parcialidade da emissora em relação aos times da cidade. Na opinião do autor da pesquisa, que foi apresentada na Faculdade de Educação Física (FEF), narradores e comentaristas das partidas praticamente restringiram às equipes de Campinas todas as informações divulgadas no decorrer da transmissão. “Essa parcialidade identificada parece visar muito mais uma aproximação entre a emissora e o ouvinte, com o objetivo de atrair e manter a fidelidade da audiência”, analisa.

Segundo Sérgio Giacomello, ao realizar a transmissão dos jogos e sabendo que a maioria dos ouvintes são torcedores da equipe da cidade, os especialistas parecem se envolver com a partida além do aspecto profissional tornando-se, em alguns momentos, “torcedores apaixonados”. O educador físico analisou quatro partidas do Campeonato Paulista de 2008, envolvendo os times da cidade, sendo que uma das disputas ocorreu entre os dois times, o tradicional dérbi.

“No dérbi, a parcialidade identificada em outras situações praticamente desaparece, dando lugar a elogios para as duas equipes”, esclarece. Outro recurso de Sérgio foi comparar a narração dos gols de uma partida da emissora de Campinas com a de outra rádio de São Paulo. Neste caso, avalia, ficou clara a postura parcial da emissora da região.

O trabalho de Giacomello foi orientado pela professora Heloisa Helena Baldy dos Reis e se justifica pela própria história do rádio, pois o veículo é capaz de estimular e potencializar a imaginação do ouvinte. Oferece ao torcedor, segundo o educador, a possibilidade de vivenciar as emoções do futebol de uma maneira peculiar. “A sua presença ainda é relevante e pode ser comprovada dentro dos estádios, quando deparamos com o torcedor acompanhando a partida com um radinho colado ao ouvido”, destaca. Para ele, o veículo sempre terá espaço no meio futebolístico além de permitir realizar várias atividades ao mesmo tempo, diferentemente da internet, TV ou jornal. (R.C.S.)

 

 

 
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