Resfriamento prolonga vida
útil do morango in natura
Raquel
do Carmo Santos
O
morango in natura submetido a um processo de resfriamento
rápido com temperatura de zero grau teve um aumento substancial
na validade do produto. A aplicação da técnica denominada
cadeia de frio permite manter o morango com as propriedades
nutricionais por até 14 dias. A fruta, explica a autora
da pesquisa, a agrônoma Cintya Alejandra Castillo Pizarro,
é altamente perecível – dura em média de 3 a 4 dias – e,
por isso, métodos que minimizem as perdas no processamento
pós-colheita favorecem o aspecto econômico.
Estimativas apontam que
as porcentagens de perdas dos hortifrutigranjeiros, em geral,
atingem entre 35% e 45% na etapa que compreende a colheita
até chegar ao consumidor. “Se formos calcular as perdas
após esta etapa, o número é ainda maior”, destaca Cintya,
que desenvolveu sua pesquisa na Faculdade de Engenharia
Agrícola (Feagri), orientada pelo professor Paulo Ademar
Martins Leal.
A agrônoma conseguiu os
morangos com produtores de Monte Alegre do Sul, no Estado
de São Paulo, para realizar os experimentos. Ela precisou
chegar a uma temperatura ideal de resfriamento, visto que
o morango não pode ser congelado. “A dona-de-casa pode observar
que ao descongelar o morango ele derrete, pois o congelamento
altera suas características fisiológicas e bioquímicas”,
observa.
Segundo Cintya, a cadeia
do frio já é uma técnica conhecida, mas de muito pouco uso.
Isto porque o custo é alto para os pequenos produtores rurais.
A agrônoma defende iniciativa conjunta deste segmento, o
que garantiria um produto menos perecível e com possibilidades
de ganhos maiores. Uma ideia, por exemplo, é criar cooperativas
para ratear os custos. Em sua opinião, falta um programa
de conscientização para os produtores para que compreendam
os benefícios do processo.
O morango é uma fruta de
clima temperado. É plantado nos meses de março a abril,
e sua florada acontece de julho a outubro. Na pós-colheita,
em geral, a fruta é armazenada em cestos e mantida em temperaturas
quentes. Trata-se, segundo Cintya, de um processo inadequado,
visto que o calor do campo torna o fruto ainda mais sensível.
“A ideia é que, depois de retirado da plantação, o morango
seja rapidamente resfriado em embalagens de PVC ou PET”,
esclarece.
Pelos testes feitos pela
agrônoma, a fruta manteve suas propriedades físico-químicas,
como aparência, textura, gosto e aroma. Além dos valores
nutricionais de vitamina C. Embora não seja ainda exportado,
o morango é uma das frutas mais consumidas pela população
brasileira pela vasta aplicação em produtos alimentícios.
A produção média chega a 100 mil toneladas ao ano. Minas
Gerais lidera a produção com 32,3%, seguido por São Paulo
com 31,4% e Rio Grande do Sul, com 16,5%. (R.C.S.)