A macrorregião de Campinas terá ampliada a sua capacidade e qualificação no atendimento a pacientes hematológicos e uma área para transplantes de medula óssea. O projeto foi oficializado no último dia 26 pelo coordenador do Hemocentro da Unicamp, Cármino Antonio de Souza, durante o lançamento da pedra fundamental do futuro Hospital de Hematologia e Hemoterapia da Unicamp, um moderno espaço de 6.833 metros quadrados e que atuará como uma unidade satélite do Hospital de Clínicas (HC).
Na mesma solenidade, foi inaugurado o Ambulatório Multidisciplinar de Hematologia, com novos ambulatórios e uma área de fisioterapia da Unidade de Transplante de Medula Óssea, que prevê desafogar o atendimento tanto do Hemocentro quanto do HC. Outra cerimônia, realizada no auditório da Faculdade de Ciências Médicas (FCM), fez alusão aos 15 anos de atividades da Unidade de Transplante de Medula Óssea.
O coordenador-geral da Universidade, Fernando Costa, recebeu o secretário de Estado da Saúde, Luiz Roberto Barradas Baratas, e o presidente do BNDES e professor do Instituto de Economia (IE) da Unicamp, Luciano Coutinho. O evento reuniu ainda autoridades da área de saúde do país e a comunidade universitária. O médico Ricardo Pasquini, que implantou um Programa de Hemofilia no Paraná e que foi um dos pioneiros em transplante de medula óssea do país, também compareceu à cerimônia.
Os investimentos estimados para construir e equipar o hospital são da ordem R$ 15 milhões, com financiamento do Ministério da Saúde e da Universidade, além do BNDES, que, segundo Luciano Coutinho, elege projetos de pesquisa não-reembolsáveis para apoiar. “Trata-se de um projeto de alto impacto social e então elegemos a Unicamp, que é uma das instituições mais sóbrias para receber esta contribuição.”
Cármino, homenageado pela Administração da Unicamp, pela implantação da unidade TMO, afirmou que o sonho agora está mais próximo de fechar um ciclo na assistência. As tratativas, segundo ele, vêm sendo feitas há três anos, para um atendimento que estava estrangulado e restrito à área física de 15 consultórios. Lembrou que se atuava no limite de leitos – 19 – e com a mesma estrutura de 15 anos, ocupando ainda cerca de 35 leitos no HC. Em sua avaliação, o aumento no número de pacientes deve ocorrer “vegetativamente” em termos ambulatoriais mas, do ponto-de-vista médico, representará mudanças em suas características, para melhor.
Barradas salientou que o Hemocentro escreve uma bonita página na saúde pública, tendo realizado mais de 800 transplantes. “Aqui os pacientes tiveram acesso a um atendimento de qualidade como poucos oferecidos por outros países.” Juntamente com o novo Instituto de Oncologia de São Paulo, o maior hospital de câncer do Brasil, e com o Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, que já superou o Incor em capacidade de atendimento, o Hemocentro foi apontado pelo secretário como um modelo a ser seguido por outras instituições de ensino.
Fernando Costa lembrou que, para grande parte da população, a área da saúde da Unicamp se constitui a única possibilidade de tratamento, não somente para a região, mas também para o Brasil. Particularmente sobre o Hemocentro, ele realçou que seguramente este é um centro reconhecido mundialmente e cujos dados de pesquisa têm sido amplamente divulgados em trabalhos científicos de alto impacto.
Cármino pontuou que o novo hospital será o primeiro no país com atendimento exclusivo SUS para pacientes com doenças hematológicas oncológicas, hereditárias e degenerativas. Contou que o prédio terá quatro pavimentos e cerca de 50 leitos, inclusive de UTI, triplicando a sua capacidade atual.
A primeira etapa do prédio foi iniciada em 2002, projetando a estrutura de fundação do prédio. Agora, a Universidade pretende licitar o projeto do hospital para viabilizar a segunda etapa, em que buscará parcerias com órgãos estaduais e federais.
A nova unidade hospitalar terá quartos individuais e coletivos, além de centro cirúrgico para transplante de medula e pequenos procedimentos, salas de procedimentos, postos de enfermagem, salas para preparo de medicação, salas de quimioterapia, salas de transfusão e laboratórios, entre outras destinações.
125 cidades
O Centro de Hematologia e Hemoterapia da Unicamp completou 23 anos de atividade, iniciadas em 1985, atuando como centro de referência em nível terciário e quaternário nas áreas de Hematologia e Hemoterapia Clínica e Laboratorial. A instituição atende uma região de 125 municípios e corresponde a uma população estimada em 7,5 milhões de habitantes, quase 20% da população do Estado de São Paulo. Nesse período foram mais de 100 mil pessoas atendidas gratuitamente pelo SUS e cerca de 700 mil de bolsas de sangue coletadas.
A instituição também é unidade de referência para atendimento de pacientes portadores de inúmeras doenças do sangue como leucemia, linfoma, hemoglobinopatias, coagulopatias congênitas como hemofilia e doença de von Willebrand, desenvolvendo atividades multidisciplinares e orientando unidades de menor complexidade
Desde 1999, o Hemocentro da Unicamp oferece o serviço de coleta, processamento e armazenamento das células tronco adultas e do cordão umbilical do recém-nascido, colhidas após o parto. Essas células congeladas poderão no futuro, auxiliar no tratamento de doenças como leucemias, doenças hematológicas e alterações degenerativas do sistema nervoso central. O Hemocentro é um dos fundadores da Rede Nacional Brasil-Cord de Bancos de Sangue de Cordão Umbilical do Ministério da Saúde