Estudo
realizado por Laura Loguercio Cánepa identificou 132 filmes
do cinema brasileiro que contêm elementos do gênero horror
ficcional. A maioria é composta de obras de José Mojica
Marins, o Zé do Caixão. Mas, até mesmo nas pornochanchadas,
Laura observou abordagens do sobrenatural e aspectos que
provocam medo. Os resultados constam da tese de doutorado
“Medo de quê – uma história do horror nos filmes brasileiros”
apresentada no Instituto de Artes (IA).
“Havia resistência à leitura do cinema brasileiro pelo
viés do gênero nos estudos acadêmicos. Por isso, a minha
proposta foi fazer uma releitura do cinema nacional na perspectiva
do horror, visto que há algum tempo este tipo de leitura
tem sido feita por muitos autores”, explica.
A pesquisa foi orientada pelo professor Nuno César de Abreu
e traz um levantamento desde 1937, a partir do filme O Jovem
Tataravô – primeiro que incorpora cenas de terror –, até
o ano de 2007. Para a análise, Laura recorreu a dicionários
de filmes e anuários. Por isso, ela assistiu a centenas
de produções dos estilos mais variados. Neste sentido, o
estudo permite incorporar aspectos do cinema popular, que
por não ter características sofisticadas, são muitas vezes
excluídos da historiografia.
Ela cita, inclusive, filmes cômicos em que também encontrou
elementos de horror, como é o caso dos protagonizados pelos
Trapalhões. Segundo Laura, assim como ocorre em outras categorias,
as superproduções não são a marca do cinema ficcional de
horror brasileiro. Vale destacar, segundo a pesquisadora,
que uma das maiores produções dos últimos tempos foi realizada
em 2006 e trata-se do filme Encarnação do demônio, feito
por Mojica.
Em sua tese de doutorado, Laura também propõe um modelo
descritivo para as configurações do horror ficcional no
cinema brasileiro, e mostra um panorama histórico dos filmes.
A pesquisadora explica que o horror é um dos gêneros mais
estudados no mundo nos últimos 30 anos, se não for o maior.
Outros gêneros bastante pesquisados são o western e o melodrama.
(R.C.S)