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Fórmula evita a proliferação
de bactérias em tratamento de cáries
Efeito antimicrobiano
controla o crescimento
e desenvolvimento de microorganismos
Nova
fórmula criada por pesquisadores da Faculdade de Odontologia
de Piracicaba (FOP), baseada em antimicrobianos, pode diminuir
ou evitar a proliferação de bactérias em tratamentos de restauração
de cáries profundas. Segundo os pesquisadores, a incorporação
de antimicrobianos ao cimento de ionômero de vidro – material
utilizado para restauração de cavidades na remoção de parte
do tecido cariado – pode minimizar consideravelmente o desenvolvimento
das bactérias remanescentes do tratamento.
“O efeito antimicrobiano combate
e controla o crescimento e o desenvolvimento dos microorganismos,
o que, consequentemente, inibe a progressão da cárie”, revela
a professora Regina Maria Puppin Rontani, orientadora da tese
de doutorado defendida pela cirurgiã-dentista Aline Rogéria
Freire de Castilho.
O que motivou as especialistas
nesta investigação foi a necessidade de se buscar meios alternativos
para tratar a dentina afetada nos processos de restauração.
Para isso, a opção foi aumentar a capacidade antibacteriana
do cimento, incorporando os antimicrobianos digluconato de
clorexidina e hiclato de doxiciclina em diferentes concentrações
ao cimento de ionômero de vidro modificado por resina Fuji
Lining LC – importada do Japão. Ambos antimicrobianos são
eficazes na inibição de crescimento de microrganismos cariogênicos
como Streptococcus mutans, Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus
casei e Actinomyces viscosus. “Além de ser biocompatível,
também evita a perda da resistência mecânica e da adesão ao
dente”, explica Aline, que teve co-orientação da pós-doc da
FOP, professora Cristiane Duque, atualmente na Universidade
Federal Fluminense (UFF).
A cárie profunda, esclarece
Aline, é um dos principais motivos que levam à perda de dentes
por conta do comprometimento da vitalidade e infecção dos
canais radiculares. Para evitar essa perda, tem se procurado
remover menos quantidade de tecido dentário cariado, que os
especialistas chamam de dentina, para diminuir a possibilidade
de expor a polpa dentária e a necessidade de tratamento endodôntico
ou de canal, pois não garante 100% de sucesso. “A remoção
da parte mais amolecida e infectada pelas bactérias permite
que a polpa, que determina a vitalidade do dente, se restabeleça
e produza mais dentina para protegê-la. Isto evita o tratamento
endodôntico e diminui a possibilidade de perda do dente”,
explica a cirurgiã-dentista, esclarecendo ainda que a remoção
é feita com o auxílio de instrumento manual para evitar desconforto
para o paciente e para proteger a parte interna da cavidade
limpa.
O material mais utilizado
para essa função é o cimento de ionômero de vidro que adere
à estrutura do dente, no esmalte e na dentina. Por outro lado,
a técnica permite que parte das bactérias que habitam as porções
mais profundas da dentina permaneça, ou seja, não elimina
por completo as bactérias presentes no tecido que se encontra
mais endurecido, no caso, a dentina afetada. Neste sentido,
a nova fórmula se mostrou eficaz, justamente, no combate a
essas bactérias.
Num primeiro momento, foram
realizadas análises microbiológicas in vitro a fim de se determinar
as concentrações das substâncias antimicrobianas a serem utilizadas.
Em uma segunda etapa da pesquisa, foram realizados ensaios
no laboratório de Cultura de Células, da Faculdade de Odontologia
de Araraquara, da Unesp, junto com o professor Carlos Alberto
de Souza Costa. Atualmente, na quarta etapa, em fase de conclusão,
está sendo avaliado o efeito do cimento sobre a dentina afetada,
após remoção parcial do tecido cariado, em crianças.
Os resultados iniciais são
promissores, embora a aplicação de antimicrobianos no tratamento
de cárie dentária não seja habitualmente recomendada devido
ao risco de desenvolvimento de cepas resistentes. “Mas, a
carência de agentes com atividade antimicrobiana comprovada,
além de baixa toxicidade em células, sem afetar as propriedades
mecânicas, induz à busca por novas formas de terapia”, esclarece
a autora. Além disso, explica ela, as bactérias resistentes
ao antibiótico resultam do uso indiscriminado e contínuo da
droga ou de concentrações subletais, por repetidas vezes,
o que não acontece neste caso. Ademais, a quantidade de doxiciclina
necessária para a inibição de S. mutans é muito menor que
as concentrações recomendadas usualmente para agentes antibacterianos
de uso oral, não comprometendo a saúde do paciente.
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Publicação
Tese “Avaliação das propriedades biológicas e físico-mecânicas
de cimentos de ionômero de vidro associados a clorexidina
ou a doxicilina como materiais forradores em procedimentos
de remoção parcial de cárie”
Autor: Aline Rogéria Freire de Castilho
Orientador: Regina Maria Puppin Rontani
Unidade:
Faculdade de Odontologia
de Piracicaba (FOP)
Financiamento: Fapesp
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