Estudo revela como rins
reagem a veneno de serpente
Testes em animais mostram
como três enzimas se comportam depois de dose
Pesquisa
desvenda as alterações renais causadas por envenenamento pela
serpente Bothrops alternatus, espécie agressiva presente,
em geral, no sudeste e sul do Brasil e conhecida pela alta
quantidade de veneno inoculado. O estudo feito pelo farmacêutico
André Lisboa Rennó a partir de uma aplicação de dose subletal
da peçonha em ratos trouxe entendimentos de como três enzimas-chaves
produzidas pelo rim se comportam durante o dano renal. São
elas: a heme-oxigenase, a ciclo-oxigenase e a superóxido dismutase,
importantes por estarem envolvidas na manutenção renal, na
proteção e nos processos inflamatórios.
“Eram muitas perguntas existentes
na literatura e o estudo conseguiu esclarecer o que acontece
bioquimicamente nos rins. Isto abre portas para a compreensão
das alterações renais e o papel das enzimas neste quadro”,
esclarece Rennó, lembrando que a insuficiência renal é a principal
causa de óbito em seres humanos neste tipo de envenenamento.
Em estudos anteriores realizados
no Laboratório de Farmacologia e Bioquímica da Faculdade de
Ciências Médicas (FCM), onde o farmacêutico apresentou dissertação
de mestrado sobre o assunto, já se havia constatado as alterações
morfológicas e funcionais renais em quadros de envenenamento
pela Bothrops alternatus. No pós-doutoramento, realizado em
colaboração com professores da FCM e do Instituto de Biologia
(IB), a farmacêutica Alessandra Linardi identificou essas
alterações e indicou algumas das principais enzimas envolvidas
no processo. Na sequência, Rennó quis entender o mecanismo,
uma vez que os rins são os órgãos vulneráveis por concentrar
as toxinas das peçonhas.
Outros estudos nesta linha,
segundo o autor da pesquisa, poderão levar a novas terapias
nos quadros de envenenamento. Pelo menos é neste sentido que
as investigações feitas com a peçonha da Bothrops alternatus
no laboratório, coordenado pelo professor Stephen Hyslop,
orientador da dissertação de mestrado, se destacam. No estudo
apresentado por André Rennó, a dose subletal aplicada em ratos
não causou a morte do animal e, só assim, foi possível analisar
os aspectos da diminuição do volume urinário, a insuficiência
renal e as causas de lesões até sete dias após o envenenamento.
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Publicação
Dissertação “Perfil heme-oxigenase, ciclo-oxigenase e superóxido
dismutase em rins de ratos tratados com peçonha Bothrops alternatus”
Autor: André Lisboa Rennó
Orientador: Stephen Hyslop
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)
Financiamento:
Capes, CNPq e Fapesp
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