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Percepção do desperdício é investigada

O desperdício de energia no Brasil, de acordo com alguns registros da imprensa, teve início em 1789, com D. Pedro II, quando ele acendeu seis lâmpadas na Central Ferroviária do RJ. Já, o desperdício com alimentos, sempre existiu, a ponto de o Brasil ser chamado “o celeiro do mundo”. Hoje, esse designativo perdeu sua força com a crise e os recursos naturais se tornando mais escassos, sobretudo a água. Até uma estimativa da ONU prevê que as guerras futuras serão provocadas pela falta de água no mundo.

A literatura aponta que o desperdício é um dos itens prioritários em estudos que envolvam políticas públicas e, neste caso, com o propósito de realizar ações que visem a um determinado planejamento.

A dissertação de mestrado “Estudo de um dos indicadores do custo da qualidade: o desperdício” indica algumas saídas para a questão do desperdício. Ela foi apresentada no último mês pela responsável pelo Serviço de Estatística do HC, Guiomar Terezinha Carvalho Aranha, à Faculdade de Engenharia Mecânica (FEM)sob orientação do professor Reinaldo Wilson Vieira, chefe do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp.

Descobertas – Para começar, a Equipe de Desperdício do HC obteve de 2.000 questionários as respostas de uma pesquisa de opinião pública inédita feita com os funcionários do Hospital. Em seu teor, era avaliada a percepção deles sobre o desperdício. Para se ter idéia, os funcionários acharam que os maiores desperdícios eram com materiais hospitalares (32%) (ver quadro ao lado), vindo, a seguir, energia elétrica, água, medicação, alimentos, material de higiene e limpeza, impressos e material de escritório.
Esses resultados reforçaram o Programa de Contenção de Despesas, já existente, baseados nesse e em outros relatórios que indicavam os gastos por áreas, e um trabalho paralelo, desenvolvido em 1999, com o Programa de Redução de Custos Hospitalares.

De acordo com Guiomar, somente identificar o desperdício fugia aos objetivos da pesquisa. “É possível apresentar soluções conjuntas para diversas áreas no menor espaço de tempo e custo”, diz.

Na dissertação, os custos foram colocados em uma matriz de relação, feita através do Diagrama de Pareto, cuja finalidade era justamente otimizar soluções, visualizando as áreas de maiores problemas comuns. O tempo de permanência hospitalar, à primeira vista, é uma variável que pode gerar muito desperdício, mas, segundo a concepção do HC, não. “Ao Hospital, o que mais interessa é a resolutividade do problema”, afirma a pesquisadora.

O trabalho deixou ainda evidente a necessidade de um maior treinamento dos recursos humanos locais e orientações na distribuição das tarefas, e como proceder a elas. “A cultura do desperdício está embutida nos costumes brasileiros”, expõe Guiomar. Isso vem desde a época da Abolição, em 1899. Os escravos não sabiam ler, nem escrever. E, com a porta aberta para a imigração, vieram ao Brasil toda classe de pessoas, o que dificultou a ampliação do conhecimento, salientando ainda mais a cultura do desperdício.

“Disciplina não implica falta, mas planejamento. O contrário disso é lixo, sinônimo de desperdício – excesso para uns e falta para muitos”, enfatiza Guiomar. A pesquisadora fala sobre a importância de ouvir os funcionários na tomada de decisões e com a ação dos gerentes da administração. “A posição da Superintendência do HC, que é de vanguarda diante dessas questões, é propícia a projetos ou programas que reflitam a contenção de custos, uma das bases de sustentação para a gestão da qualidade total”, conclui.

 

...CURTAS


Cinema - Alunos do IEL e IFCH da Unicamp, com o apoio de suas respectivas direções, estão promovendo a Semana do Cinema Brasileiro — Mostra Eduardo Coutinho, a ser realizada no campus da Universidade no período de 1° a 5 de outubro. No dia 26 (quarta-feira), a partir das 14h30, o cineasta participa de debate no auditório do IEL, e dia 3 de outubro, às 14h30, também no auditório do IEL, Coutinho participa de um outro debate. Nesse mesmo dia o filme Babilônia 2000 será projetado simultaneamente no IEL e no IFCH, a partir das 12h15. A mostra, constituída de sete filmes (Cabra marcado para morrer, O fio da memória, Babilônia 2000, Santo Forte, Santa Marta - duas semanas no morro, Boca de Lixo, e Theodorico - Imperador do sertão) são os filmes que serão mostrados na sala do telão do IEL, de segunda a sexta-feira, a partir das 12h15 na sala do telão do IEL, e às 18h15 no auditório do IFCH.

Acessibilidade - Os alunos da professora Maria Tereza Eglér Mantoan, da Faculdade de Educação, terão no próximo dia 19 (quarta-feira) uma aula diferente. A professora convidou procuradores do Estado e da República e promotores de Justiça para a discussão das questões jurídicas de um tema polêmico que é a acessibilidade em seus vários aspectos. A palestra “Direito à diferença na igualdade de direitos” será no auditório do Instituto de Economia, das 17h30 às 20h30 com entrada livre para a comunidade em geral. Estarão presentes a procuradora da República, Eugênia Augusta Gonzaga Fávero, o promotor de Justiça Lauro Gomes Ribeiro, a auxiliar da Promotoria Thaís Martinez , o procurador da República Rafael Siqueira de Pretto, a representante da Procuradoria do Trabalho Denise Lapolla e a presidente da Comissão de Apoio e Assistência à Pessoas com Deficiência (CAAD), da Ordem dos Advogados do Brasil. A realização é do Núcleo Temático “Educação, Escola e Diversidade – Leped”. Informações: 3788-5565.

Lançamento - AEditora da Unicamp está lançando o livro Em busca do Socialismo Democrático - O liberal- socialismo italiano: o debate dos anos 20 e 30,de Walquíria Domingos Leão Rêgo, do Departamento de Sociologia do IFCH. A literatura das ciências humanas e políticas é um tema pouco freqüentado entre os sociólogos brasileiros, acostumados às análises teóricas, analíticas e doutrinárias produzidas pelos países de língua inglesa. Em Busca do Socialismo Democrático trata do diálogo entre liberais e comunistas italianos nas décadas do fascismo e o do pós-guerra, que constitui uma das experimentações teóricas mais notáveis da história da política italiana. A obra de Walquíria analisa as figuras como Norberto Bobbio, que se transformou em liberal-socialista, e Palmiro Togliatti, herdeiro de Gramsci que conduziu o antigo e poderoso Partido Comunista Italiano na resistência ao fascismo. 256 páginas; R$ 30,00.


 
 
 

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