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...Curtas - pág. 4...Lançamento/Educação - pág. 10
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...Em dia - pág. 6...Personagem - pág. 12
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Cooperativismo orienta nova incubadora

Participação comunitária, discussões democráticas e liberdade de propostas e concepções de objetivos. Os mesmos princípios do cooperativismo estão norteando a criação da Incubadora Unicamp de Cooperativas Populares. A começar pelo próprio ambiente criado para discussão do processo, o Seminário de Incubadoras Tecnológicas de Cooperativas Populares, que serviu, além de discutir as experiências de outras incubadoras de universidades públicas, para reunir grande número de pessoas engajadas em movimentos cooperativistas, relatando suas experiências, anseios e frustrações, na tentativa de criar um novo cooperativismo.

Todo esse processo foi temperado, a propósito, com um novo e fundamental componente: a discussão acadêmica, que deverá de agora em diante participar cada vez mais ativamente do movimento. “O que há hoje na Unicamp é a vontade de discutir o modelo de incubadora mais adequado às demandas de mercado. Não existe um concepção prévia de sua estrutura, que vai depender do entendimento da necessidade e das propostas pedagógicas. O importante é ter parceiros, como a Prefeitura e Banco do Brasil, que aproximam o poder público e as formas de financiamento” define o pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, Roberto Teixeira Mendes, destacando o interesse da universidade em aproximar alunos, professores e funcionários com o mundo do trabalho.

A mesma opinião é partilhada pelo professor Mohamed Habib, para quem o seminário não é uma via de mão única. “Assim como os técnicos e autoridades têm muita experiência para expor aos interessados, os integrantes de movimentos cooperativistas, na platéia do evento, têm muito a contar e discutir sobre os melhores formas de melhorar a estrutura das cooperativas”, destaca o professor Mohamed, para quem os debates foram o ponto alto do seminário.

Para o senador Eduardo Suplicy (PT) a história do cooperativismo remonta aos primórdios da humanidade, quando surgiram os grandes valores como ética, liberdade, justiça, verdade, solidariedade e fraternidade. Autor de um projeto de lei que regulamenta a atividade cooperativista, Suplicy citou James Edward Meade, laureado com o Prêmio Nobel de Economia de 1977, quando resolveu visitar a Ilha de Utopia, um lugar perfeito para viver, mas não encontrou. No lugar achou a ilha de Agathotopia, onde os arranjos sociais não eram perfeitos mas eram bons. Meade chegou à conclusão de que aqueles arranjos eram os melhores que alguém alcançar neste mundo perverso.

Conclusão: enquanto os utopianos procuravam produzir instituições perfeitas para seres humanos perfeitos, os agathotopianos apenas tentaram fazer boas instituições para seres humanos imperfeitos. “É assim que vejo o cooperativismo, um ideal onde se tem a liberdade de trabalhar de acordo com a vocação, num modelo de igualdade e eficiência”, disse o senador.
Suplicy não perdeu a oportunidade de defender também seu projeto de renda mínima, dizendo que a distribuição de riqueza passa pelos benefícios do cooperativismo, com maior participação dos trabalhadores nos salários e administração, mas também de uma garantia de renda como direito à cidadania em casos de imprevistos, tais como calamidades.

Para Amílcar Barca Teixeira Júnior, da Organização das Cooperativas do Brasil (OCB), a aproximação da universidade é um momento importante para o cooperativismo, que poderia estar mais adiantado se essa vinculação existisse há mais tempo. “A OCB era uma organização mais voltada ao cooperativismo agrorural, e essa predominância ainda é forte nesta área, de pouco acesso à escola. Mas o eixo está mudando e sem dúvida o desenvolvimento passa pelo processo da educação”, disse Teixeira.

Segundo Barca, o caminho já está sendo trilhado com programas dirigidos às crianças e jovens , como a criação da Cooperjovem e a Turma da Cooperação, um série de histórias em quadrinhos semelhante à Turma da Mônica. “Estamos plantando a semente do futuro nas escolas, dentro da diversificação do currículo escolar cinco estados já adotaram o estudo do cooperativismo no ensino básico, atingindo 75 mil crianças”, informa.

Atualmente a OCB luta contra os principais obstáculos da legislação para criação de novas cooperativas. Segundo Barca, há três projetos que tratam da modernização das leis cooperativistas aguardando votação, e todos pretendem reduzir a exigência mínima de vinte associados para formar uma cooperativa. “Existem muitas dificuldades, principalmente de setores do governo, que vêem as cooperativas como fraudulentas”, lamenta. Segundo dados da OCB as cooperativas respondem atualmente por 6% do PIB. Barca conclamou os presentes, entre eles muitos representantes de cooperativas, a uma grande união para pressionar a mudança da lei no Congresso. E encerrou parodiando Raul Seixas: “Sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”.


 
 
 

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