CLAYTON
LEVY
A assinatura de um acordo com Instituto
Superior do Trabalho e da Empresa (ISCTE), com sede
em Lisboa, firmado no dia 30 de junho na embaixada
brasileira em Portugal, consolidou a estratégia
de inserção internacional adotada pela
Unicamp. O convênio, visando ao intercâmbio
de estudantes e professores por meio de cátedras
a ser instaladas nas duas instituições,
é o terceiro do gênero realizado este
ano.
Em abril, o reitor Carlos Henrique
de Brito Cruz firmou convênio na Argentina visando
à instalação, já em 2003,
de uma cátedra da Universidade de Buenos Aires
(UBA) na Unicamp, para estudar temas relacionados
à Argentina, e uma cátedra da Unicamp
na UBA, para temas relacionados ao Brasil. Em maio,
a Unicamp e o Grupo Santander-Banespa assinaram acordo
visando ao patrocínio das atividades das cátedras
que a Unicamp passará a ter na UBA e em outras
universidades de excelência da Espanha.
Temos uma estratégia
de internacionalização que passa pela
penetração em regiões de mais
fácil inserção, diz o coordenador
da Coordenadoria de Relações Internacionais
(Cori), Luís Cortez. Segundo ele, essa estratégia
prevê um forte intercâmbio com países
da América Latina. Temos uma responsabilidade
regional, explica. Na Europa, segundo Cortez,
a inserção deverá ser buscada
primeiro nos países de língua latina.
Os acordo firmados na Argentina, Espanha e Portugal
refletem esse pensamento, diz.
Na América Latina, segundo
Cortez, além do acordo firmado com a UBA, também
está ocorrendo uma aproximação
com a Universidade do Chile, uma das mais conceituadas
instituições de ensino superior e pesquisa
do Cone Sul. Na Europa, além dos convênios
com Portugal e Espanha, também há entendimentos
para acordos futuros, visando a instalação
de cátedras da Unicamp em universidades italianas.
Nesse momento, estamos em processo avançado
de aproximação com o Instituto Politécnico
de Turim, revela.
Orçado em US$ 237 mil, o
programa será financiado pela Portugal Telecom,
pela Câmara de Comércio e Indústria
Luso Brasileira e pelo empresário luso-brasileiro
André Jordan. O primeiro ciclo terá
duração de quatro anos, com duas edições
no Brasil e outras duas em Portugal, alternadamente.
O acordo com o Banco Santander,
firmado em maio, prevê a liberação
de US$ 15 mil por ano, durante quatro anos, para as
atividades de intercâmbio entre Unicamp e UBA.
Está previsto um curso por ano, envolvendo
palestras e atividades de pesquisa. Durante o programa,
professores da Unicamp atuarão na UBA e professores
da UBA atuarão na Unicamp.
Para as atividades envolvendo as
universidades espanholas, estão previstos outros
US$ 83 mil por ano, durante quatro anos. A cada ano
serão ministrados quatro cursos. Da mesma forma,
professores da Unicamp viajarão para a Espanha
e professores espanhóis virão à
Unicamp. Os cursos abordarão as quatro áreas
do conhecimento ciências humanas, exatas,
tecnológicas e biológicas. O convênio
envolve as seguintes instituições: Universidad
Politécnica de Madri (Exatas); Universidad
Complutense de Madri (Biomédicas); Universidad
de Salamanca (Humanas); e Universitat Politécnica
da Catalunya (Tecnológicas).
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Convênio
é estratégico, diz embaixador
O embaixador do
Brasil em Portugal, José Gregori, foi um dos
principais responsáveis pelo acordo que resultou
na instalação de uma cátedra
da Unicamp naquele país. Gregori, que se empenhou
pessoalmente no sentido de aproximar as duas instituições
de ensino superior, diz que o convênio firmado
com o Instituto Superior do Trabalho e da Empresa
(ISCTE) tem importância estratégica nas
relações entre os dois países
por tratar-se de duas instituições altamente
conceituadas. Leia a seguir os principais trechos
que o embaixador concedeu ao Jornal da Unicamp, por
telefone, na última quinta-feira, dia 3.
Jornal da UnicampO
senhor vê uma importância estratégica
no convênio firmado entre a Unicamp e o ISCTE?
José GregoriSim, na medida em que abre
uma via de entendimento acadêmico e universitário
sistematizado entre os dois paises.
JUSeria o início
de uma nova política visando à aproximação
entre universidades brasileiras e portuguesas?
GregoriSem dúvida. Esse sistema
de cátedras, que já tem funcionado em
locais como Oxford e Berkeley, tem produzido bons
resultados. Essa parceria que acabamos de fazer une
esforços dos dois países, permitindo
troca de experiências. Sem a instalação
da cátedra, essa troca ficaria muito dispersa,
ao passo que a cátedra representa um elemento
de fixação. É um ponto de encontro
definido.
JUO governo brasileiro
pretende estender esse tipo de parceria para outras
instituições de ensino superior?
GregoriComo embaixador do Brasil sempre
tive o desejo de trazer para Portugal a experiência
desse tipo de parceria realizada com outros países.
Desde a minha chegada por aqui tive a ambição
de instalar uma cátedra brasileira em Portugal.
Isso porque, na medida em que ela funcionar bem, significará
um fator positivo para os dois lados. Mas eu, pessoalmente,
tenho um carinho especial pela Unicamp. Quando atuei
como deputado federal em 1986, participei de um grupo
de estudos da Constituinte na Unicamp. Isso me possibilitou
uma inserção concreta na universidade.
Também tenho tido o privilégio de conhecer
a maioria dos reitores e recolho deles a melhor impressão.
Além disso, sou amigo pessoal de vários
professores da Unicamp. Então já havia
um reconhecimento prévio sobre a qualidade
da Unicamp.
JUHá alguma
razão especial para a escolha do ISCTE?
GregoriProcuramos aqui em Portugal um
instituto universitário que também fosse
bem conceituado. Uma instituição que
aliasse competência à abertura de idéias.
Acho que essa é sempre a química mais
difícil de se obter. Às vezes a pessoa
tem boas idéias e nenhuma competência.
De outras vezes é competente, mas não
tem boas idéias. Então procuramos uma
instituição que apresentasse esses dois
lados.
JUO fato de o ISCTE
ser voltado mais para as Ciências Sociais também
influi na escolha?
GregoriO ISCTE também tem uma
grande tradição na área empresarial.
É, portanto, a junção da teoria
com a prática. O ISCTE tem uma atuação
muito próxima, por exemplo, à da Fundação
Getúlio Vargas no Brasil.
JUQue tipo de política
o senhor está adotando no campo do ensino superior
e da pesquisa?
GregoriRecentemente apoiamos aqui o desenvolvimento
de uma revista para assuntos empresariais e administrativos
através de uma parceria entre a FGV e o ISCTE.
A revista já está no terceiro número.
Além disso, estamos dando todo apoio aos congressos
e simpósios realizados. Nesse contexto, a cátedra
significa um coroamento do nosso trabalho porque representará
um instrumento de ação.
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Ciências Sociais, o foco
O convênio com o ISCTE
está direcionado para a área de
Ciências Sociais. A parceria foi oficialmente
consolidada na embaixada brasileira em Lisboa
pelo reitor da Unicamp, Carlos Henrique de Brito
Cruz, e pelo presidente do ISCTE, João
Ferreira de Almeida. Também participaram
do encontro o presidente da Portugal Telecom,
Miguel Horta e Costa, e o embaixador do Brasil
em Portugal, José Gregori, um dos principais
responsáveis pelo sucesso do acordo.
A assinatura deste convênio
insere-se dentro de uma estratégia muito
importante que é estabelecer relacionamentos
de prazos duradouros com os institutos destacados,
principalmente no espaço ibero-americano,
disse o reitor da Unicamp logo após a
assinatura do convênio. A cátedra
poderá intensificar o relacionamento
entre os países, completou Brito
Cruz.
Por seu lado, o presidente
do ISCTE, João Ferreira de Almeida, declarou
que as universidades modernas têm
duas preocupações básicas:
a mobilidade e a internacionalização.
Almeida destacou, ainda, que o convênio
com a Unicamp insere-se no âmbito da internacionalização.
Para que a cooperação científica
entre duas instituições corra
bem, devemos escolher parceiros de qualidade,
como é a Unicamp, complementou.
O embaixador brasileiro em
Portugal, José Gregori, declarou que
o convênio cria uma ponte entre duas instituições
muito conceituadas e reputadas no Brasil e em
Portugal. Gregori foi quem idealizou esse projeto
e realizou todos os contatos para a assinatura
do convênio entre as duas instituições.
O ISCTE (http://www.iscte.pt./index.php),
desde a sua origem, foi uma instituição
universitária vocacionada para o ensino,
formação e investigação
na área das ciências sociais e
empresariais. Criado a partir de um núcleo
de docentes que, em 1963, haviam fundado o Instituto
de Estudos Sociais (IES), o ISCTE foi a primeira
iniciativa em Portugal, ao nível do ensino
superior universitário, para o desenvolvimento
de cursos que tivessem como objeto central de
estudo as questões relacionadas com as
problemáticas da administração
social do Estado e das empresas e para
formar licenciados, quadros docentes e pesquisadores
em ciências sociais.
O programa de atividades da
instituição é fundamentalmente
desenvolvido em três domínios principais:
ciências de gestão, ciências
sociais e ciências tecnológicas.
As três primeiras licenciaturas criadas
no ISCTE prefiguram exatamente esta determinação:
Organização e Gestão de
Empresas (1972/73), Economia (reiniciada em
1994/95) e Ciências do Trabalho, rebatizada
Sociologia em
1975/76.
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