MANUEL
ALVES FILHO
Modelo hidrológico híbrido
desenvolvido para a tese de doutorado do físico
Fernando Sérgio Amaral, a ser defendida no
dia 11 de julho junto à Faculdade de Engenharia
Civil (FEC) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp),
traz contribuições para a previsão
do escoamento da água da chuva para pequenas
bacias rurais. A partir de dois modelos já
conhecidos, o TOPMODEL (Topography Based Hydrological
Model) e o HUIG (Hidrograma Unitário
Geomorfológico), o autor concebeu o TOPMODIF,
cujas medidas de eficiência ficaram um pouco
abaixo do recomendado pela literatura (62% contra
70%, respectivamente). Apesar disso, em alguns
eventos o índice ficou acima do patamar sugerido,
o que coloca o novo modelo numa direção
promissora, explica o autor.
Um modelo hidrológico pode
ser definido como uma representação
matemática do fluxo de água sobre alguma
parte da superfície e/ou subsuperfície
terrestre. Trata-se de uma ferramenta importante para
a realização de previsões hidrológicas,
como a probabilidade da ocorrência de enchentes
ou transbordamentos de barragens. O TOPMODIF, conforme
o seu criador, congrega a leitura fisiográfica
feita pelo HUIG e a modelagem da fase terrestre do
ciclo hidrológico realizada pelo TOPMODEL.
Para validá-lo, Coelho tomou para estudos três
bacias rurais localizadas no Vale do Paraíba,
no interior de São Paulo, com áreas de
38, 67 e 184 quilômetros quadrados.
Foram usados cinco eventos por bacia,
cada um compreendendo um período de 30 dias.
Cada evento, segundo Coelho, foi rodado três
mil vezes no computador. Numa primeira etapa, o pesquisador
gerou hidrogramas tanto no TOPMODEL quanto no TOPMODIF.
Depois, comparou-os com os hidrogramas observados,
ou seja, com os dados já conhecidos acerca
da quantidade de chuva e do seu reflexo nas bacias.
O modelo TOPMODEL apresentou melhores resultados
em relação do TOPMODIF, porém
os valores ficaram bem próximos, diz
o autor do trabalho.
As variáveis e os dados de
entrada utilizados para compor esse tipo de representação
matemática, esclarece Coelho, são múltiplos
e complexos. Entre as variáveis estão
o decréscimo exponencial da transmissividade
da água conforme a profundidade do solo, o
tempo de resposta da zona saturada (região
abaixo do lençol freático onde os poros
ou fraturas da rocha estão totalmente preenchidos
por água) e a capacidade de água disponível
na zona das raízes das plantas. Os dados de
entrada compreendem a precipitação,
a vazão e a evapotranspiração
potencial, que é a quantidade máxima
de evaporação e transpiração
que ocorreria se o solo dispusesse de suprimento de
água suficiente.
São considerados, ainda,
outros fatores, uma vez que do ponto de vista hidrológico
o solo atua como vários reservatórios
distintos. Exercem influência, nesse caso, a
cobertura vegetal e o refluxo da água, apenas
para citar dois exemplos. Coelho afirmou que pretende
continuar trabalhando no aperfeiçoamento do
novo modelo hidrológico, de modo a torná-lo
mais eficiente. A tese de doutorado, que contou com
financiamento da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp),
foi orientada pelo professor Valter Hernandez.
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