ANTONIO
ROBERTO FAVA
Um elenco de 23 alunos do Departamento
de Artes Cênicas do Instituto de Artes (IA)
da Unicamp está trabalhando na montagem de
uma peça de teatro inspirada no livro Galvez,
o Imperador do Acre, de Márcio Souza. Não
se trata, no entanto, de mais uma simples montagem
teatral para obtenção de nota de final
de curso. O trabalho inaugura uma nova estrutura do
curso de artes cênicas, que sofreu algumas modificações
para possibilitar que os alunos tenham know-how profissional
antes mesmo de deixar os bancos da faculdade.
Anteriormente o curso de artes cênicas
se desenvolvia em três anos com trabalhos teórico-práticos
e, apenas no último ano, o aluno passava por
uma experiência da montagem de uma peça.
Na revisão do processo pedagógico
do nosso curso, percebemos que a experimentação
prática, por parte dos alunos, deveria ser
antecipada, de modo que esse processo pudesse ser
acompanhado de perto pelos professores, explica
o professor Márcio Aurélio, responsável
pelo Projeto Integrado e Criação Cênica,
e docente da disciplina de Improvisação
1: a Palavra, do Instituto de Artes (IA-Unicamp).
Nesse curso, ministrado no IA, os
alunos conseguem adquirir uma experiência muito
mais abrangente, que possibilita uma visão
bastante ampla dos exercícios que naturalmente
envolvem uma peça teatral para o ator que estamos
formando, e não com uma perspectiva restrita
como antes. Hoje, nos primeiros dois anos de
curso, os alunos aprendem tudo sobre técnica,
prática e teoria do teatro e, já no
primeiro semestre do terceiro ano, têm condições
suficientes para trabalhar na primeira montagem, que
consiste na criação de um espetáculo,
a partir de um material não dramático,
que pode ser um romance, um poema ou uma fotografia.
A partir daí, os alunos são colocados
num embate envolvendo o cotidiano do desenvolvimento
do trabalho ou de idéias, onde aprendem a dinâmica
do trabalho coletivo, que é a base do teatro.
No segundo semestre do terceiro
ano, muda-se a estrutura: os alunos passam a ter a
incumbência de trabalhar em cima de um texto
épico como narrativa. Segundo o professor Márcio,
a partir desse texto épico já começa
a se configurar mais claramente o propósito,
não só o tipo, mas também a constituição
do personagem. É no quarto ano que os alunos
vão trabalhar um texto clássico, seja
do realismo ou da tragédia clássica
grega. Trata-se de um texto mais complexo onde
se fixam verdadeiramente os componentes que vão
compor o personagem, por meio dos quais os alunos
podem contextualizar o seu aprendizado, diz
ele.
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