LUIZ
SUGIMOTO
Do tomate à
carne bovina, a agropecuária paulista
ainda carece de um retrato mais nítido
da produção peloângulo
das aplicações tecnológicas.
Saber como estão equipados o pequeno
agricultor e criador em uma ponta, e na outra
ponta o agroindustrial, e analisar alternativas
tecnológicas que levem a melhorias
de processos com aumento de produção
são os objetivos principais do convênio
assinado pela Faculdade de Engenharia Agrícola
(Feagri), através da empresa júnior
Agrológica, com a Companhia Paulista
de Força e Luz (CPFL). Este projeto
de prospecção tecnológica
vai refletir os 260 municípios da área
de concessão da CPFL, tendo orçamento
de R$ 200 mil para oito meses.
Neste primeiro momento
foram escolhidos 25 produtos (veja quadro),
seguindo classificação do Instituto
de Economia Agrícola (IEA) de acordo
com área produzida ou número
de cabeças, valor da produção
e percentual de participação
desses itens na economia dos municípios
abrangidos pela CPFL, comparativamente com
a do estado. O objetivo é caracterizar
a cadeia produtiva até o limite da
propriedade, avaliando onde podem ser inseridos
equipamentos que otimizem o processo, bem
como beneficiamentos que agreguem valor ao
produto.
Desconheço
outro projeto desta natureza e porte que tenha
sido confiado a uma empresa júnior,
afirma o professor Luiz Antonio Rossi, coordenador
da pesquisa. A equipe técnica é
formada por mais quatro docentes da Feagri,
cinco graduandos e cinco pós-graduandos,
além do apoio de quatro integrantes
da Agrológica e de uma secretária.
Esse tipo de treinamento traz um diferencial
na formação do aluno em relação
a outras escolas, reforça Rossi.
O pessoal está em campo desde maio
deste ano e deve encerrar os trabalhos até
dezembro.
O interesse da CPFL
em financiar o projeto vai além do
óbvio, que é medir a potencialidade
de consumo de energia elétrica na agropecuária.
A própria concessionária
admite que, salvo grandes consumidores como
as agroindústrias, ela não conhece
este mercado detalhadamente. Traçando
o perfil das propriedades de baixa, média
e alta tecnologia, podemos visualizar um futuro
de dois a cinco anos e apresentar uma expectativa
de implantação de novos equipamentos,
softwares e pesquisas para aumentar a produtividade,
a própria produção ou
agregar valor aos produtos, ou todos juntos.
E o círculo vai se fechar com a mesma
CPFL sendo beneficiada com o aumento de consumo
de energia, observa.
Um produtor de baixa
tecnologia na avicultura, por exemplo, é
aquele que possui apenas lâmpadas no
interior dos galpões, cortinas laterais,
distribuição manual de ração,
sendo a operação e o manejo
dos galpões executados também
manualmente.
O frango se sujeita
ao estresse tanto pelo excesso de frio como
de calor. Com o tempo, este produtor pode
ir adquirindo resistências elétricas
ou lâmpadas para aquecimento, ventiladores
ou exaustores, bombas de nebulização,
comedores automáticos e cílio
de carregamento. Mesmo o produtor de alta
tecnologia, que possui tudo isso, pode aumentar
a eficiência energética por meio
de um controle automático, com sensor
de temperatura e umidade, para ligar e desligar
os equipamentos.
Para promover
a implementação de novas tecnologias,
a própria CPFL poderá realizar
parcerias com fabricantes dos mais variados
tipos de equipamentos e oferecê-los
aos produtores em condições
comerciais específicas. A concessionária
já possui programas de eficiência
energética com diversos setores. Um
caso recente foi com a Prefeitura de Campinas,
na distribuição de lâmpadas
econômicas para a população
de baixa renda, lembra.
Instantâneo
Luiz Rossi esclarece que esta fase
do programa resultará em uma foto
instantânea dos produtores (uma
de alta e outro de baixa tecnologia) em torno
dos 25 itens escolhidos, dentre um universo
de 47 previstos. Posteriormente, o projeto
será ampliado com a caracterização
de todos os produtos, permitindo que a CPFL
escolha aqueles com boas perspectivas de absorção
de tecnologias para um estudo mais significativo
em termos estatísticos, inserindo-se
mais detalhes de caracterização
e estudos técnico-econômicos,
finaliza o professor.