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Do gramofone ao CD
 

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UNICAMP NO SALÃO

Breve perfil da ‘usina de pesquisas’

Jovem, mas com tradição

Criada por lei em 1962, a Unicamp foi instalada a partir de 5 de outubro de 1966, data de lançamento da pedra fundamental de seu campus de Campinas. Mesmo num contexto universitário recente, em que a universidade brasileira mais antiga ainda nem completou 70 anos, a Unicamp pode ser considerada uma instituição jovem que, não obstante, já conquistou forte tradição no ensino, na pesquisa e na prestação de serviços à sociedade.

O projeto de instalação da Unicamp veio responder à crescente demanda por pessoal qualificado numa região do País, o Estado de São Paulo, que já nos anos 60 detinha 40% da capacidade industrial brasileira e 24% de sua população economicamente ativa.

Uma característica da Unicamp foi ter escapado à tradição brasileira da criação de universidades pela simples justaposição de cursos e unidades. Assim, a instalação gradativa de suas unidades ao longo das décadas de 70 e 80 não invalida que elas tenham emanado de um projeto coerente e único. Basta dizer que, antes mesmo de instalada, a Unicamp já havia atraído para seus quadros mais de 200 professores estrangeiros das diferentes áreas do conhecimento e cerca de 180 vindos das melhores universidades brasileiras.

A Unicamp tem cinco campi — em Campinas, Piracicaba, Limeira, Paulínia e Sumaré — e compreende 20 unidades de ensino e pesquisa. Possui também um vasto complexo hospitalar, além de 25 núcleos e centros interdisciplinares, dois colégios técnicos e uma série de unidades de apoio num universo onde convivem cerca de 30 mil pessoas e se desenvolvem milhares de projetos de pesquisa.

O ensino conjugado à pesquisa
A Unicamp tem cerca de 12,5 mil alunos distribuídos por seus 53 cursos de graduação e 12,7 mil matriculados em seus 111 programas de pós-graduação. Universidade brasileira com maior índice de alunos na pós-graduação – metade de seu corpo discente – a Unicamp responde por 10% da totalidade de teses de mestrado e doutorado em desenvolvimento no País.

A qualidade da formação oferecida pela Unicamp tem muito a ver com a estreita relação que historicamente mantém entre ensino e pesquisa. Tem a ver também com o fato de que 90% de seus 1.800 professores atuam em regime de dedicação exclusiva e 94% têm titulação de no mínimo doutor.

Isso faz com que os docentes que ministram as aulas sejam os mesmos que, em seus laboratórios, desenvolvem as pesquisas que tornaram a Unicamp conhecida e respeitada. E permite que o conhecimento novo gerado a partir das pesquisas seja repassado aos alunos, muitos dos quais freqüentemente delas participam através da inserção direta — como é o caso dos estudantes de pós-graduação —, de bolsas de iniciação científica para os alunos de graduação ou das atividades extracurriculares propiciadas pelas empresas juniores existentes em praticamente todas as unidades.

Levantamento realizado pelo Serviço de Apoio ao Estudante (SAE) da Unicamp mostra que, dos aproximadamente 30 mil ex-alunos de graduação que passaram pela universidade desde 1967, 85% atuam profissionalmente em suas áreas de formação; e que, desses, 26% são chefes em seus setores de atuação, 11% são profissionais liberais ou proprietários de empresas, 55% são funcionários qualificados e 7% dão seqüência a sua formação acadêmica em cursos de pós-graduação. Apenas 1% estava desempregada à época da pesquisa.

Tudo isso é possível graças a um bem-estruturado sistema de bolsas para manutenção dos pós-graduandos. Dos 1.864 pós-graduandos que defenderam teses de mestrado e doutorado na Unicamp em 2002, mais de 60% contavam com bolsas de estudo de agências federais ou do Estado de São Paulo. São duas as principais agências de financiamento da pós-graduação no Brasil: o Conselho Nacional de Pesquisa – CNPq (www.cnpq.br), a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior – Capes (www.capes.gov.br). Além dessas, no âmbito do Estado de São Paulo, os pós-graduandos contam também com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – Fapesp (www.fapesp.br), instituição de fomento considerada modelar dentro e fora do país.

15% da pesquisa universitária brasileira
Ao dar ênfase à investigação científica, a Unicamp parte do princípio de que a pesquisa, servindo prioritariamente ao ensino, pode ser também uma atividade econômica. Daí a naturalidade de suas relações com a indústria, seu fácil diálogo com as agências de fomento e sua rápida inserção no processo produtivo.

Tal inserção começou já nos anos 70, com o desenvolvimento de pesquisas de alta aplicabilidade social, muitas das quais logo difundidas e incorporadas à rotina da população. Exemplos: a digitalização da telefonia, o desenvolvimento da fibra ótica e suas aplicações nas comunicações e na medicina, os vários tipos de lasers hoje existentes no Brasil e os diversos programas de controle biológico de pragas agrícolas, entre outros.

Acrescente-se a essas — e às centenas de outras em andamento — um número notável de pesquisas no campo das ciências sociais e políticas, da economia, da educação, da história, das letras e das artes. A maioria dessas pesquisas não só está voltada para o exame da realidade brasileira como, muitas vezes, tem-se convertido em benefício social imediato. No seu conjunto, elas representam em torno de 15% de toda a pesquisa universitária brasileira.

Atuando como uma autêntica “usina de pesquisas” e como um centro de formação de profissionais de alta qualificação, a Unicamp atraiu para suas imediações todo um pólo de indústrias de alta tecnologia, quando não gerou ela própria empresas a partir de seus nichos tecnológicos, através da iniciativa de seus ex-alunos ou de seus professores. A existência desse pólo, aliada à continuidade do esforço da Unicamp, tem produzido grandes e benéficas alterações no perfil econômico da região.

Fortes relações com a sociedade
A tradição da Unicamp na pesquisa científica e no desenvolvimento de tecnologias deu-lhe a condição de universidade brasileira que maiores vínculos mantém com os setores de produção de bens e serviços. A instituição mantém várias centenas de contratos para repasse de tecnologia ou prestação de serviços tecnológicos a indústrias da região de Campinas — responsável por 9% do Produto Interno Bruto brasileiro e uma das mais desenvolvidas do país.

Para facilitar essa interação, a Unicamp conta com um escritório de difusão e transferência de tecnologia, serviço que é hoje a porta de entrada para os empresários que necessitam modernizar seus processos industriais, atualizar recursos humanos ou incorporar a suas linhas de produção os frutos da pesquisa da universidade.

Nos últimos 35 anos, o papel da Unicamp como instituição geradora de conhecimento científico e formadora de mão-de-obra qualificada atraiu para seu entorno um complexo de outros centros de pesquisa vinculados ao governo federal ou estadual, além de um importante parque empresarial nas áreas de telecomunicações, de tecnologia da informação e da biotecnologia. Muitas dessas empresas — quase uma centena somente na região de Campinas — nasceram da própria Unicamp, fruto da capacidade empreendedora de seus ex-alunos e professores.

Além disso, a Unicamp tem se caracterizado por manter fortes ligações com a sociedade através de suas atividades de extensão e em particular de sua vasta área de saúde. Três grandes unidades hospitalares situadas em seu campus de Campinas e fora dele fazem da Unicamp o maior centro de atendimento médico e hospitalar do interior do Estado de São Paulo, cobrindo 90 municípios e uma população de cinco milhões de pessoas.

 

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