Levantamento revela que mulheres
desconhecem riscos da osteoporose
Pesquisa feita no Caism aponta
que pacientes pouco sabem sobre a doença
O
conhecimento sobre os efeitos e sintomas da osteoporose entre
pacientes na pós-menopausa é baixo. Este foi o quadro encontrado
pela ginecologista Débora Alessandra de Castro Gomes em um
grupo de 232 mulheres com diagnóstico de osteopenia ou osteoporose,
acompanhadas no Ambulatório de Menopausa do Hospital da Mulher
Professor José Aristodemo Pinotti (Caism-Unicamp). “Os resultados
estatísticos apontaram um baixo nível de conhecimento das
pacientes sobre a própria doença. Chegou-se a uma média do
escore de 3,78, para um escore máximo que era de 20”, destaca
a ginecologista. O estudo é parte da pesquisa de mestrado
apresentada na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), sob orientação
da professora Lucia Helena Simões da Costa Paiva.
Débora Gomes esperava encontrar
um nível maior de conhecimento por se tratar de uma população
atendida em um centro de especialidade e que, em tese, teria
motivação e interesse para saber mais sobre a doença. Ademais,
na maioria das vezes, essas mulheres têm acesso à medicação
por meio da farmácia de alto-custo. Pelo estudo, o risco de
usar incorretamente a medicação foi 5,67 vezes maior nos primeiros
seis meses de tratamento.
A osteoporose é definida pela
Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma doença que acomete
os ossos, de forma progressiva. Ela é caracterizada pela diminuição
da massa óssea, podendo evoluir sem sintomas ou manifestar-se
através de fraturas ósseas. Acomete, principalmente, mulheres
na pós- menopausa. O seu tratamento envolve uso de terapia
hormonal e medicações específicas, associadas à dieta e atividade
física. A medicação, por exemplo, requer cuidados especiais
como ser ingerida em jejum, com água, devendo a paciente permanecer
em pé por pelo menos meia hora após sua ingestão.
Por conta da complexidade
do tratamento, explica a médica, pode ocorrer diminuição da
sua adesão ao longo do tempo. Esse fator, neste caso, reduz
significativamente a efetividade da terapêutica. Isto contribui
para aumentar o risco de fratura, além de piorar a qualidade
de vida das pacientes. Neste sentido, um dos grandes desafios
seria alcançar uma maior habilidade para seguir o tratamento
e identificar possíveis fatores que possam contribuir para
seu abandono ou uso inadequado.
“Portanto, não basta diagnosticar
as mulheres com osteoporose e iniciar a terapêutica. É necessário
um bom entendimento da doença, implementação de métodos efetivos
que aumentem o conhecimento delas sobre a evolução do quadro
e a importância de manter o tratamento adequado”, completa.
O estudo consistiu na aplicação
de dois questionários: o Osteoporosis Questionary (OPQ) e
o MedTake. As mulheres entrevistadas tinham em torno de 62
anos e um tempo médio de 16 anos de menopausa.
No OPQ, foram 20 questões
sobre informações gerais sobre a doença, fatores de risco,
consequências e tratamento. Neste questionário, as questões
mais acertadas versavam sobre informações gerais e fatores
de risco da doença, enquanto as mais erradas foram em relação
às consequências da doença.
A intenção de tratamento foi
obtida através do questionário MedTake, por meio do qual foram
avaliados o regime prescrito, dose, indicações e modo de ingestão.
Depois de respondidas as questões dos dois instrumentos de
pesquisa, calculava-se um escore, que na sequência era submetido
à análise estatística. “As respostas mais erradas foram aquelas
referentes à dosagem da medicação. O quesito regime prescrito
foi o que as mulheres mais acertaram”, esclarece Débora Gomes.
(R.C.S.)
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Publicações
Aceite Gomes, C. D; Paiva, Paiva, C. L. The Journal of the
North American Menopause Society (Menopause)
Gomes, C. D; Paiva, Paiva, C. L., The European Menopause Journal
(Maturitas)
Dissertação: “Conhecimento
sobre osteoporose e habilidade de seguir o tratamento anti-reabsortivo
em mulheres na pós menopausa com osteopenia ou osteoporose”
Autor: Débora Alessandra de Castro Gomes
Orientador: Lúcia Helena Simões da Costa
Paiva
Unidade: Faculdade de Ciências Médicas (FCM)
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