Projetos de inovação norteiam novo
programa de bolsas para estudantes
Inscrições para o Pibiti estão
abertas até o próximo dia 15
VANESSA
SENSATO
Alunos
da Unicamp atuantes em projetos de inovação têm este ano
a oportunidade de candidatar-se para um novo programa de
bolsas, coordenado pela Agência de Inovação Inova Unicamp
e pela Pró-Reitoria de Pesquisa (PRP). Trata-se do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação em Desenvolvimento
Tecnológico e Inovação (Pibiti), que objetiva estimular
os jovens do ensino superior em atividades, metodologias,
conhecimentos e práticas próprias ao desenvolvimento tecnológico
e processos de inovação.
As
inscrições para as 45 bolsas disponíveis no Pibiti serão
realizadas por meio da PRP no período de 1 a 15 de abril
pela página http://www.prp.unicamp.br/pibic. Segundo o professor
Roberto Lotufo, diretor executivo da Inova Unicamp, as bolsas
do Pibiti obedecem às normas e ao calendário do Pibici-Unicamp
e apresentam os mesmos princípios normativos. (Leia resolução
CNPqRN-017/2006. http://www.cnpq.br/normas/rn_06_017.htm#anexo3).
O diferencial, aponta o professor, é que serão aceitos no
Pibiti projetos de inovação, o que é distinto de um projeto
de pesquisa. “É necessário que o projeto foque no processo
de levar tecnologia à sociedade”, destaca Lotufo.
Além
disso, os programas Pibiti e Pibic apresentam diferenças
no formato de inscrição. “Ao invés dos tradicionais planos
de pesquisa, os alunos deverão propor junto com seu orientador
um projeto de inovação entre as seis modalidades de propostas
possíveis”, orienta Lotufo.
Uma
das modalidades se refere a projetos nos quais há um pedido
de patente já realizado e o professor responsável gostaria
de dar continuidade ao projeto por meio de uma prova de
conceito ou do desenvolvimento de um protótipo. Outra possibilidade
de projeto ocorre quando há a necessidade ou o interesse
em realizar uma prospecção de mercado para a tecnologia.
“Explorar formas de aplicação da patente e buscar quais
empresas atuam no contexto desta aplicação para fomentar
o processo de transferência tecnológica”, afirma Lotufo.
A professora
Maria Helena Santana, da Faculdade de Engenharia Química
(FEQ), acredita que estas duas modalidades vão atender a
demandas de seu laboratório. “Eu irei participar, propondo
projetos para dois alunos de graduação”, afirma. Sobre o
programa Pibiti, ela pondera que as bolsas possuem um diferencial
com relação ao estímulo à criatividade e à inovação e que
podem ser estímulo para levar novos processos e produtos
ao mercado. “Creio que terá um impacto expressivo para os
alunos de graduação, pesquisadores e para a Unicamp”, avalia
a professora.
Para
Lotufo, além do estímulo à criatividade, o programa Pibiti
também apresenta um grau elevado de interação multidisciplinar
que envolve a atuação de alunos da área de gestão junto
a laboratórios de pesquisa, por exemplo. O escopo de alguns
projetos poderá possibilitar que alunos interessados na
área de gestão da inovação prospectem junto aos colegas
de laboratório tecnologias com potencial de inovação, observando
quais pesquisas no laboratório ainda não estão protegidas,
mas possuem potencial inovador.
Já
para pró-reitor de Pesquisa da Unicamp, professor Ronaldo
Pilli, embora a atuação com viés em inovação tecnológica
não seja prioritária dentro da Universidade, há uma clara
necessidade, principalmente na América Latina, para que
as instituições tenham uma ação mais estruturada em prol
da inovação tecnológica. O professor menciona alguns casos
nos quais a pesquisa levou a descobertas que inicialmente
não apresentavam aplicabilidade imediata, mas posteriormente
se concretizaram em invenções importantes na história da
tecnologia, como o transistor. “As invenções podem não ser
imediatamente apropriadas pelo setor produtivo, mas nós
temos que abrir os olhos de nossos alunos desde a graduação,
pois muitos deles podem tornar-se empreendedores e levar
essas invenções à sociedade”, avalia o pró-reitor.
Pilli
também destaca que o programa Pibiti dará ao orientador
a oportunidade de desenvolver uma área que de outra maneira
poderia permanecer latente. “É uma oportunidade de analisar
de maneira sistemática o potencial de inovação de diversos
trabalhos nos laboratórios da Universidade”. De acordo com
o pró-reitor, o programa é voltado principalmente para aqueles
professores cujo trabalho tem uma interface com o setor
produtivo e industrial, como as áreas de engenharias, biologia,
química e outros, que também são unidades com grande representatividade
entre as patentes da universidade. “A Unicamp deposita cerca
de 50 patentes ao ano”, lembra o pró-reitor.
Viés de mercado
Fazem parte do escopo das bolsas do Pibiti projetos de inovação
colaborativa com empresas, desde que o convênio já esteja
estabelecido. Outro diferencial se dará para a aceitação
de projetos de cunho empreendedor, como aqueles de desenvolvimento
de modelo de negócios sobre uma tecnologia, ou mesmo projetos
de gestão da inovação de empresas start-up.
Para o professor Marcelo
Menossi, do Instituto de Biologia (IB), a possibilidade
de inclusão de projetos de desenvolvimento de modelos de
negócio é excelente porque ainda são poucas as possibilidades
na Universidade que tocam esse tópico, principalmente na
graduação. “Este será um desafio interessante aos orientadores
e o envolvimento da Inova para desbravar essas novas atividades
é essencial” coloca Menossi. De acordo com o professor,
quando um aluno de graduação começa a desenvolver um modelo
de negócios, ele fica estimulado a entender como a tecnologia
funciona, e começa a observar a tecnologia num contexto
maior. “É muito enriquecedor ver o que se faz na universidade
em um contexto mais amplo”, avalia.
Menossi
comenta que a inovação é um dos nós a desatar para o Brasil
se tornar um país mais desenvolvido. “Neste sentido, ter
gestores de inovação nas empresas é algo essencial. Há,
entretanto, pouca tradição na indústria brasileira neste
sentido”, afirma o professor. Menossi acredita que o aluno
com experiência em projetos de gestão da inovação possui
uma vantagem competitiva no mercado de trabalho, além da
excelente formação técnica.
O professor Oswaldo Luiz
Alves, do Instituto de Química (IQ), também enfoca o viés
de capacitação para os alunos em relação à realidade de
mercado no Brasil. Para ele, o Pibiti é um programa muito
interessante, que poderá abrir novas perspectivas para os
alunos de graduação da Unicamp, criando oportunidades únicas
para desenvolver novas habilidades somadas àquelas relacionadas
com a formação científica. “Neste importante momento de
desenvolvimento por que passa nosso país, há a necessidade
de profissionais, que ao se relacionar com o setor produtivo,
saibam fazer a leitura dos problemas e encaminhar respostas
dentro da realidade industrial brasileira, que hoje contempla
não só os fatores de produção, como também, a sustentabilidade
e, sobretudo, a inovação”, reflete o professor.
Blog sana dúvidas
e traz informações
Em
razão da novidade relacionada ao Pibiti, a Agência de Inovação
Inova Unicamp criou um espaço para divulgação de novidades
e troca de informações entre os candidatos à bolsa. O Blog
do Pibiti traz informações gerais sobre as modalidades possíveis
no programa, perguntas frequentes e até contatos de laboratórios
interessados em participar do programa. O endereço é www.inova.unicamp.br/pibiti