Método rápido e barato
para analisar e quantificar as substâncias presentes
em medicamentos foi testado no Instituto de Química
(IQ) por Wérickson Fortunato de Carvalho Rocha na sua
dissertação de mestrado. A idéia foi utilizar quimiometria
e a técnica do infravermelho próximo para construir
e validar modelos de calibração que permitem aperfeiçoar
um processo bastante usado nas indústrias farmacêuticas
para o controle de qualidade de medicamentos.
A quimiometria, de acordo
com o pesquisador, é união de técnicas estatísticas,
matemáticas e computacionais utilizadas para extrair
informação de medições oriundas da química analítica.
A proposta serve como ferramenta analítica para detecção
de adulteração e quantificação dos compostos presentes
nos fármacos pelos órgãos fiscalizadores, uma vez que
o modelo consegue quantificar e detectar variações tanto
na composição como na quantidade de princípio ativo
presente nos medicamentos.
Wérickson, orientado
pelo professor Ronei Jesus Poppi, iniciou os trabalhos
nesta área em 2005 e usou como objeto para os estudos
o antiinflamatório Nimesulida, um dos mais consumidos
no país. Ele afirma que são recentes no Brasil os estudos
com esta técnica, existindo resistência por parte da
indústria em utilizar o método. Por isso, a motivação
em detalhar o processo e propor algumas alternativas
que torne a aferição ainda mais confiável.
“Nos métodos tradicionais
são necessárias várias etapas, inclusive a destruição
das amostras, para se conseguir os mesmos resultados
alcançados com esta nova técnica. Enquanto no método
atual o tempo envolvido é de meia hora, nós conseguimos
com esta proposta realizar o procedimento em segundos”,
destaca.
Na primeira etapa do
trabalho, o químico estabeleceu limites de concentração
para o princípio ativo do medicamento. Com isso, foi
criado e validado um modelo de calibração multivariada
através do cálculo de figuras de méritos que nada mais
são do que parâmetros para certificação de que os valores
obtidos pelo modelo são confiáveis.Em um segundo momento,
as pesquisas centraram em desenvolver cartas de controle
multivariadas para a identificação, do ponto de vista
qualitativo, do princípio ativo e da composição de outras
substâncias presentes nas formulações, denominadas excipientes
das amostras. Desta forma, foi possível avaliar se o
medicamento está de acordo com a especificação estipulada
na bula pela indústria farmacêutica.
Pelo método, a amostra,
ao ser colocada no espectrômetro de infravermelho e
em contato com a luz na região do infravermelho próximo,
produz espectros que são codificados a partir de modelos
matemáticos. A alternativa ao método-padrão pode ser
feita para qualquer tipo de medicamento, tornando a
análise rápida, barata e não-destrutiva.