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Newton da Costa, um cientista incansável,
recebe título de professor emérito
Matemático, lógico e filósofo também
será
homenageado em evento internacional
MANUEL
ALVES FILHO
A
entrevista havia sido marcada minutos antes. No horário
combinado, ao terceiro toque do telefone, a mesma voz madura
e firme volta a atender. Saudações de praxe. Não é o contato
mais adequado entre entrevistado e entrevistador. Faltam
gestos, olhares. Felizmente, do outro lado da linha está
um dos mais importantes cientistas brasileiros, o matemático,
lógico e filósofo Newton da Costa. Não poderia haver melhor
garantia de boa prosa. Às vésperas de completar 80 anos,
o professor, embora formalmente aposentado, segue fazendo
o que mais gosta: gerando e compartilhando conhecimento.
“Eu me considero um privilegiado. Trabalhei a vida inteira
com o que mais gostava. Fui pago para manter um hobby”,
afirma. No final de agosto, Newton da Costa fará uma pausa
nas suas atividades para uma visita à Unicamp, onde deu
aulas no Instituto de Matemática, Estatística e Computação
Científica (Imecc) e Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
(IFCH). Virá para receber o título de professor emérito
da Universidade e para participar de evento Science, Truth
and Consistency, organizado pela Académie Internationale
de Philosophie de Sciences e pelo Centro de Lógica, Epistemologia
e História da Ciência (CLE), do qual foi um dos criadores,
ocasião em que será homenageado pelo seu 80º aniversário
(veja texto na página 7).
A jactância não é uma característica de Newton da Costa. Ainda
que se diga contente com as homenagens a ele reservadas,
prefere creditá-las, inicialmente, à generosidade dos amigos
que amealhou na Unicamp. “Também significa que fiz algo
sensato, de certo significado”, admite. Para colocar o assunto
na dimensão correta, é preciso assinalar que este curitibano,
que mora atualmente em Florianópolis, é possivelmente o
pensador brasileiro mais respeitado no exterior. Entre suas
contribuições à ciência, a que mais ganhou destaque foi
o desenvolvimento da Lógica Paraconsistente, hoje empregada
em diversas áreas, inclusive a informática. Dito de forma
simplificada, trata-se de um instrumento capaz de trabalhar
simultaneamente informações contraditórias, tarefa que a
lógica clássica não daria conta de executar. “Quando formulei
o conceito, eu jamais poderia imaginar que ele viria a ter
tantas aplicações. Hoje ele é utilizado pelas áreas médica,
de finanças, gestão ambiental, de controle de tráfego aéreo,
entre outras, nas quais é preciso lidar com dados incompatíveis”,
surpreende-se o docente.
A
produção intelectual de Newton da Costa, como ele mesmo
faz questão de observar, resulta em boa medida da educação
que recebeu na infância nos planos formal e familiar, com
elevado destaque para este último. Desde pequeno, foi estimulado
a pensar de forma independente e crítica pelos familiares.
“Minha mãe era professora de literatura francesa e minha
tia, de literatura inglesa. Meu pai, funcionário público,
gostava de matemática. Além disso, tinha um tio que lecionava
filosofia. Em casa, nossas conversas giraram sempre em torno
de ideias”, rememora. No entender do matemático e filósofo,
as crianças e adolescentes de hoje se ressentem desse tipo
de experiência. “A verdadeira educação começa no lar. Se
os pais não são sensatos, se não falam bem de certos aspectos
da vida e se não vivem de acordo com aquilo que dizem acreditar,
como é que seus filhos vão conseguir se desenvolver bem
na escola ou na vida?”, questiona.
Com
mais de 50 anos de docência, Newton da Costa vê a educação
formal brasileira com absoluta perplexidade. “A nossa educação
é uma barbaridade. No Brasil, o aluno que consegue chegar
ao fim do curso médio ou superior deve ser considerado um
herói, visto que tudo concorre contra ele. Falta infraestrutura,
os professores são despreparados e o modelo pedagógico,
com raríssimas exceções, privilegia a decoreba em detrimento
da reflexão”, elenca. O intelectual adverte, porém, que
a despeito de contribuírem para a manutenção deste estado
de coisas, os educadores talvez sejam os menos responsáveis.
“Vou lhe contar uma pequena história. Há algum tempo, professores
secundários de Florianópolis foram entrevistados sobre a
questão de salário. Vários deles disseram que aproveitavam
o período de recesso escolar, entre dezembro e fevereiro,
época em que o fluxo de turistas na cidade é maior, para
catar latinhas de alumínio para complementar a renda. Agora
eu pergunto: isso é admissível? A meu juízo, os professores
primários e secundários deveriam ganhar tanto quanto um
professor universitário”, defende.
Se
a situação da educação desgosta Newton da Costa, o que dizer
da política? “Aos 80 anos, confesso que já não consigo mais
reagir como antes. O que eu podia fazer, eu já fiz. Entretanto,
não deixo de ficar indignado como a sucessão de escândalos.
O que está acontecendo atualmente no Senado Federal é uma
vergonha. Infelizmente, o tal ‘jeitinho brasileiro’ está
entranhado na nossa cultura. Aliás, gostaria de ter tempo
para estudar sociologia para investigar esse assunto mais
a fundo. A prática começa nos altos gabinetes e atinge até
o funcionário público mais humilde. Diante de tudo isso,
infelizmente o jovem começa a considerar que o melhor caminho
talvez seja virar vigarista. Estamos vivendo num tempo no
qual a honestidade virou sinônimo de tolice”, analisa.
Como
a conversa não é linear, o assunto volta a ser a múltipla
formação do entrevistado. “Frequentemente me perguntam por
que me dediquei tanto em várias áreas, algumas aparentemente
conflitantes entre si. Ocorre que matemática e filosofia
não se anulam. Ao contrário, complementam-se. Além disso,
sempre quis contribuir para que o Brasil se projetasse internacionalmente
nos campos intelectual e educacional. Considero um absurdo
que sejamos conhecidos no exterior apenas como o país do
futebol. Ora, temos que ser conhecidos como uma nação que
usa mais a cabeça do que os pés. A cabeça, nesse caso, tem
obviamente que ter uma aplicação mais nobre do que acertar
a bola”.
Mesmo
se considerando, de certo modo, fora da frente da batalha
por um Brasil melhor, Newton da Costa mantém uma indispensável
trincheira na capital catarinense. Lá, continua atuando
como professor visitante na Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC). Na sua rotina, estão as aulas e as orientações
de teses. Quando não está na UFSC, estuda e pesquisa em
casa. Nas horas de relaxamento, dedica-se à leitura dos
clássicos da literatura nacional e estrangeira [adora Euclides
da Cunha e Guimarães Rosa], bem como à audição de música.
“Sempre gostei muito de música. Não me dediquei a ela por
absoluta falta de talento”. Com a conversa se encaminhado
para o final [se o papo fosse presencial haveria ao menos
a possibilidade do prolongamento proporcionado pelo cafezinho],
e considerando-se acolhido pelo interlocutor, o repórter
sente o incontrolável impulso de fazer uma pergunta de principiante.
Que mensagem apreender da trajetória de um intelectual tão
brilhante?
Demonstrando
cumplicidade, Newton da Costa responde com naturalidade.
“Eu diria aos jovens que o mais importante é pensar originalmente.
Sempre pensem por conta própria. Isso não significa que
devam desconsiderar os livros e as autoridades das diversas
áreas. Todavia, é importante que cada um seja o protagonista
da sua história. Em uma passagem de David Copperfield, romance
de Charles Dickens, o protagonista pergunta-se: serei eu
o herói da minha vida? Atualmente, o brasileiro não tem
sido o herói da própria vida. Antes, tem sido um náufrago,
que é levado de um lado a outro por conta das circunstâncias.
Se quiser ser realmente um país de primeiro mundo, o Brasil
precisa oferecer às novas gerações uma educação que estimule
esse pensamento original”. Parece lógico, não?
Colegas exaltam
pioneirismo e liderança
Os
professores Décio Krause, Elias Humberto Alves, Itala
M. L. D’Ottaviano e João Ricardo Moderno destacam, nos
depoimentos que seguem, a importância do trabalho desenvolvido
por Newton da Costa. Os docentes participarão do evento
Science, Truth and Consistency, que ocorrerá de 23 a 28
de agosto no Auditório do Instituto de Matemática, Estatística
e Computação Científica (Imecc).
Organizado pela Académie Internationale de Philosophie
de Sciences e pelo Centro de Lógica, Epistemologia e Filosofia
da Ciência (CLE) da Unicamp, o encontro reunirá mais de
60 matemáticos, lógicos e filósofos de todo o mundo. Trata-se
do primeiro evento da academia francesa no Brasil. No
dia 25, Newton da Costa receberá o título de professor
emérito da Unicamp, em cerimônia no Centro de Convenções.
O título foi proposto pela Congregação do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) e pelo Conselho Científico
do CLE.
DÉCIO KRAUSE
Newton da Costa é um grande cientista e um grande mestre
por várias razões. Primeiramente, seu trabalho mostrou-se
de uma relevância surpreendente em uma área que, antes
dele, o Brasil não tinha qualquer projeção, a Lógica.
Na verdade, não seria descabido dizer que a Lógica surge
em nosso país com Newton da Costa, pois os trabalhos anteriores
nessa área eram quase que exclusivamente de cunho didático,
sem qualquer desenvolvimento original.
Ademais, com da Costa surge uma forte escola de Lógica,
e seus alunos e discípulos, muitos dos quais radicados
na Unicamp, alcançaram projeção internacional. Seus contatos
com cientistas de várias partes do mundo, em especial
da América Latina, contribuíram para as relações que passaram
a haver entre a escola brasileira e outros centros. Mas
isso não é tudo. Newton da Costa tem contribuições não
só em várias partes da Lógica, mas em temas relacionados
aos fundamentos da Matemática, aos alicerces da Ciência
da Computação, aos fundamentos da Física e à Filosofia.
Com colaboradores, como gosta de trabalhar, tem atacado
muitos problemas nessas diversas áreas, mas creio que
é com relação à sua filosofia que ele tem dado contribuições
significativas depois da Lógica.
Importante em tudo isso é sua atitude. Se posso tentar
resumir o papel de Newton da Costa quanto a isso, faço
uma analogia que, acredito, se aplica perfeitamente a
ele: referindo-se ao seu mentor, J. Müller, o grande físico
Hermann Helmholtz disse que “quando alguém entra em contato
com uma pessoa realmente de primeiro nível, a sua concepção
intelectual toda muda para o resto de sua vida”. Esta
é, acredito, a sensação que, de uma forma ou de outra,
têm todos aqueles que foram alunos, colaboradores, colegas
ou que tiveram a oportunidade de conviver com o prof.
Newton Carneiro Affonso da Costa. A comunidade acadêmica
reconhece com razão a sua importância.
Décio Krause é professor do
Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Santa
Catarina (UFSC).
ELIAS
HUMBERTO ALVES
Newton da Costa é o maior lógico brasileiro, reconhecido
internacionalmente, embora, infelizmente, nem tanto no
Brasil – poderia ser mais. Ele trabalhou em outras áreas,
mas na parte que diz respeito à Lógica Paraconsistente
sua atuação é realmente muito interessante. Trata-se de
algo que foi feito com muito cuidado e que tem uma grande
repercussão, a tal ponto que na Mathematical Review, na
qual aparecem os resumos dos trabalhos de matemática do
mundo todo, há uma sessão especial dedicada à Lógica Paraconsistente,
que é a grande contribuição que Newton deu para a Lógica.
Trata-se de uma criação reconhecida mundialmente. Isso
faz com que ele seja um dos grandes nomes da Lógica contemporânea.
Elias Humberto Alves é professor
da Faculdade de Filosofia de São Bento.
ITALA M. L. D’OTTAVIANO
Newton da Costa é o exemplo vivo do pensador, pesquisador,
criador, sedutor intelectual e professor apaixonado. Indiferente
à crítica mesquinha, sempre ousou inovar e criar novos
caminhos. Muito influenciado por sua mãe, sua tia e um
de seus tios, iniciou-se em filosofia aos 15 anos de idade.
Graduado em Engenharia Civil e Matemática, pela Universidade
Federal do Paraná (UFPR), tornou-se professor titular
de Análise Matemática e Análise Superior na UFPR, em 1964,
tendo trabalhado na Unicamp e na USP e sendo atualmente
professor colaborador convidado da UFSC. Da Costa é membro
fundador do Centro de Lógica, Epistemologia e História
da Ciência (CLE) da Unicamp, tendo sido um dos idealizadores
da Sociedade Brasileira de Lógica, da qual foi o primeiro
presidente, dos Encontros Brasileiros de Lógica, dos Simpósios
Latino-Americanos de Lógica Matemática e da criação do
The Journal of Non-Classical Logic, o primeiro periódico
de circulação internacional na área de lógicas não-clássicas.
É internacionalmente considerado o fundador da Lógica
Paraconsistente, área de pesquisa internacionalmente reconhecida.
Sua paixão pela Lógica, pela Filosofia e pelos Fundamentos
da Ciência, sua mente brilhante, sua intensa dedicação,
a magnitude e a repercussão de sua obra tornaram-no um
dos cientistas brasileiros mais citados e homenageados
em nível nacional e internacional. Newton, entretanto,
não ficou restrito ao trabalho científico, tendo se dedicado
à formação e orientação de muitos estudantes, hoje disseminados
em diversas universidades brasileiras, latino-americanas
e nas mais diversas partes de outros continentes.
Da Costa, uma vez, identificou-se repentinamente como
“um vendedor... de ideias”. Sua criativa e inovadora obra,
sua envolvente personalidade, sua seriedade e sua inquestionável
liderança acadêmica foram fundamentais para a emergência
de uma “Escola Brasileira de Lógica” reconhecida internacionalmente
– tenho muito orgulho em ser citada, em várias partes
do mundo, como uma “filha” de da Costa, representante
da considerada Escola Brasileira de Lógica.
O evento Science, Truth and Consistency, a ser realizado
na Unicamp no final deste mês, primeira reunião da “Académie
Internationale de Philosophie de Sciences” no Brasil,
conjuntamente com o CLE, e o título de “Professor Emérito”
da Unicamp que será outorgado a da Costa, constituem uma
justa e merecida homenagem aos 80 anos deste brilhante
e dedicado professor e intelectual, que tanto tem contribuído
e enobrecido a Lógica, a Filosofia e a Ciência brasileira.
Itala M. L. D’Ottaviano é professora
do Departamento de Filosofia do Instituto de Filosofia
e Ciências Humanas (IFCH/CLE) da Unicamp e coordenadora
da Cocen (Coordenadoria de Centros e Núcleos Interdisciplinares
de Pesquisa da Unicamp).
JOÃO
RICARDO MODERNO
O grande evento intitulado Science, Truth and Consistency
organizado pelo Centro de Lógica, Epistemologia e História
da Ciência da Unicamp/ CLE e a Académie Internationale
de Philosophie des Sciences/AIPS, e dedicado ao octogésimo
aniversário do gênio da raça Newton da Costa, constitui
uma bela demonstração do enorme prestígio do brasileiro.
Ele é a expressão da inexcedível afetividade da comunidade
acadêmica internacional pela pessoa de Newton da Costa.
Antropológica, política, genética, teológica e filosoficamente
não existe raça. A expressão “gênio da raça” concerne
àquele indivíduo que por valores inatos e adquiridos pelo
mérito alcançou o mais elevado patamar da inteligência
humana em determinada atividade e localizada sociedade.
É o caso de Newton. Desde o primeiro momento da primeira
conversa com ele, percebi imediatamente a presença de
um cintilante espírito singular. Tudo em Newton da Costa
desemboca na mais sofisticada metafísica, ainda que nascida
em tudo concreta.
Newton da Costa reúne as mais finas qualidades intelectuais
às mais elevadas qualidades morais e éticas; e as mais
sensíveis qualidades humanas aos melhores sentimentos
oriundos do mais íntimo recanto da alma humana à imagem
e semelhança de Deus.
Em um Brasil em que uma parcela significativa da nação
parece não ter mais o menor apreço pelos mais elementares
valores humanos, Newton da Costa é modelo de inspiração
para as gerações de hoje e do futuro. Proponho desde já
um desafio à comunidade acadêmica brasileira uma homenagem
perene a Newton da Costa, para que este como exemplo máximo
da excelência filosófica possa habitar o imaginário amoroso
das crianças e jovens de todo o Brasil.
João Ricardo Moderno
é presidente da Academia Brasileira de Filosofia, professor
do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade
do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).
Platão, Aristóteles e Russell
Newton
da Costa nasceu Newton Carneiro Affonso da Costa,
em 16 de setembro de 1929, em Curitiba. Filho de
Dimas Carneiro Affonso da Costa e Sylvia Carneiro
Affonso da Costa, aos 15 anos interessou-se por
questões de Lógica e pelos fundamentos da Matemática.
Com o apoio de um de seus tios, Milton Carneiro,
então professor de história da Faculdade de Filosofia,
Ciências e Letras da Universidade Federal do Paraná
(UFPR), iniciou-se em filosofia por meio de textos
de Platão e de Aristóteles, ambos em traduções francesas.
Encantado com a filosofia, debruçou-se sobre as
obras de autores como Descartes, Poincaré, Lalande
e outros. Mas foi Bertrand Russell que exerceu forte
impacto sobre o jovem Newton, embora este “divirja
fundamentalmente de Russell como filósofo”, como
observou. Newton da Costa obteve três graduações
pela UFPR: em 1952, Engenharia Civil pela Escola
de Engenharia; em 1955, o Bacharelado em Matemática;
e em 1956, a Licenciatura em Matemática, ambos pela
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras.
Ainda na Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras
da UFPR, no ano de 1961, Newton da Costa recebeu
o título de doutor em Matemática e se tornou livre
docente de Análise Matemática e Análise Superior.
Em 1964, tornou-se professor catedrático na mesma
área de sua livre-docência. Lecionou 14 anos na
UFPR. Também foi professor na USP e Unicamp, onde
ocupou o cargo de diretor associado do Imecc. Atualmente,
é professor visitante da Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC). É casado com Neusa Feitosa
Affonso da Costa e tem três filhos: Newton da C.A
da Costa Júnior, Sylvia Lúcia F.A. da Costa e Marcelo
F.A. da Costa.
Fonte: CLE Unicamp
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