LUIZ
SUGIMOTO
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O pôster - “Auto-retrato
tateando o busto de Hércules Florence”, com pôster da
exposição da “Photographs by Paul Strand”, no Museu
de Arte Moderna de Nova York (MoMA). Fernando de Tacca,
que aparece junto ao busco do “patriarca da iconografia
paulista, dedica esta foto a Boris Kossoy. |
O fotógrafo Fernando de Tacca está mostrando “Souvenirs”
na Galeria de Arte da Unicamp até o dia 11 de setembro.
Para comemorar seus 30 anos na fotografia, o professor do
Instituto de Artes (IA) reuniu 30 fotos inéditas por meio
das quais propõe um jogo lúdico relacional com o visitante
observador: o convite é para brincar de associar objetos
aparentemente despidos de uma significação com elementos
que remetem a ícones da cultura e da história da arte.
A imagem de um olho e uma lágrima (“Tears”, famosa foto
de Man Ray) decorando uma xícara de café inspirou Fernando
de Tacca a produzir a série. A xícara foi presente do crítico
e colega do IA Jorge Coli, autor do texto que apresenta
a exposição. “Ao usar a imagem para uma capa da Studium
[revista eletrônica de fotografia cujo acesso ao conteúdo
se dá clicando sempre num olho] é que percebi o uso que
tinha feito do souvenir, deslocando o seu significado”,
diz o fotógrafo.
O processo de criação das fotos durou três anos, período
em que Tacca submeteu cada uma delas à opinião de uma extensa
lista de amigos. “Os elogios que recebi sugerem que cheguei
a um trabalho artisticamente maduro e com uma dose de ousadia,
desafiando o observador ao jogo, com referências para que
forme a imagem. Muitas vezes, as pessoas não conhecem o
que está por trás da obra do artista”.
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A cadeirinha - O autor
associa a “Cadeirinha” tão presente nas obras de Van
Gogh, souvenir do National Gallery de Londres, com o
mictório de Duane Michals (“Things are queer”), que
criou uma série de obras bizarras. “Por trás, tem a
brincadeira com um gigante de tamanho desproporcional
ao banheiro”. |
A exposição do professor da Unicamp fará parte das comemorações
dos 10 anos da Fnac no Brasil, a convite da curadora Roseli
Nakagawa, percorrendo as oito galerias mantidas pela rede
de lojas no país, a começar pelas do Barra Shopping no Rio
de Janeiro e do Shopping D. Pedro em Campinas. A mostra
também será levada ao evento que familiares promovem em
homenagem a Hércules Florence, pioneiro da fotografia, que
viveu aqui na cidade.
Detalhe lúdico: Fernando de Tacca teve
o capricho de criar um souvenir que o visitante pode levar
para casa.
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A coroa - “Réplica da coroa
real”, souvenir do Museu Imperial de Petrópolis, foi
transportada até o Museu de Arte Contemporânea de Niterói,
no propósito claro do autor de coroar a obra de Oscar
Niemeyer. “A imagem é um tanto jocosa, pois sabemos
das posições ideológicas do arquiteto, avessas ao Império”.
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A xícara
“Xícara com olho e lágrima” é um souvenir do MoMA, com
célebre olho fotografo por Man Ray (“Tears”). Na foto
que deu início à série de 30 da exposição “Souvenirs”,
o autor colocou xícara e pires sobre um prato de sopa
Schmidt: “Deslocamento do seu significado”. |
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Outra cadeirinha - Sobre
uma cadeira mineira de madeira reciclada, a “Cadeirinha
metálica para indicar lugar à mesa”, do Nymphenburg
Palace de Munique, que dá suporte à fotografia “Shop
Window – Fête du Trone”, de Eugène Atget. “A foto é
um prenúncio do surrealismo. Atget, que Walter Benjamin
elegeu como o fotógrafo que percebeu outra Paris, tem
seu lugar à mesa na história da arte”.
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A dançarina - “Pequena
dançarina de 14 anos”, de Edgar Degas, souvenir do Art
Institute de Chicago, e máscara veneziana sobre grafite
no asfalto – citação a “Dance of Death”, conjunto de
imagens de Alfred Rethel, e a “The Aleph”, de Joel Peter
Witkin. “A máscara dá um toque sombrio ao grafite que
vi pintado em frente ao Insituto de Artes da Unicamp”.
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