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Líder em patentes
Inova ocupa papel central na liderança
da Unicamp
entre as instituições de ensino do país
A Unicamp é a maior universidade inventora do Brasil, de acordo
com o último levantamento divulgado pelo Instituto Nacional
da Propriedade Industrial (INPI), em julho de 2011. Produzido
pelas pesquisadoras Cristina d’Urso de Souza Mendes, Luci
Mary Gonzalez Gullo e Rafaela Di Sabato Guerrante, do INPI,
o estudo “Principais titulares de pedidos de patente no Brasil,
com prioridade brasileira, depositados no período de 2004
a 2008” aponta que a Unicamp é detentora de 272 pedidos de
patentes depositados no Brasil, o que a coloca à frente das
outras instituições de ensino. Entre todas as instituições
públicas e privadas, a Universidade está em segundo lugar.
A Petrobras, maior empresa do Brasil, lidera o ranking com
388 pedidos. O estudo foi publicado no mesmo mês em que a
Agência de Inovação Inova Unicamp, responsável pela propriedade
intelectual e transferência de tecnologia da Universidade,
completa oito anos de atuação.
Uma das pioneiras entre os
Núcleos de Inovação Tecnológica (NIT) no Brasil, a agência
foi criada em 2003 e representa uma evolução da concepção
e atuação de estruturas de apoio à inovação na universidade.
“A Unicamp tem um pioneirismo anterior à criação da Inova.
Nossa primeira patente foi depositada em 1984, o que já colocava
a Unicamp como uma das primeiras Instituições de Ciência e
Tecnologia (ICT) brasileiras preocupadas com sua inserção
no sistema nacional de inovação. A partir da concepção da
Inova, o processo de proteção dos resultados de pesquisa por
meio de Propriedade Intelectual (PI) não somente expandiu
como foi aprimorado em qualidade”, destacou o diretor executivo
da Inova, Roberto de Alencar Lotufo.
O professor Carlos Henrique
de Brito Cruz, atual diretor científico da Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), era o reitor da
Universidade quando conduziu o grupo responsável pela estruturação
da agência. “A Inova foi criada para ajudar a Unicamp a estabelecer
redes de cooperação com a sociedade, capazes de incrementar
as atividades de pesquisa e ensino, estimular e orientar o
registro e licenciamento de patentes criadas por pesquisadores,
ampliando a liderança da Universidade nessa área, no país”,
afirmou. Como o assunto era inédito, foram necessários estudos
com base em experiências de outros países. “Fizemos com um
grupo de trabalho um estudo detalhado sobre como órgãos do
mesmo tipo funcionavam em universidades internacionais”, asseverou
Brito Cruz.
Na equipe que participou da
comissão estavam o professor Sérgio Salles, atual diretor
da Faculdade de Ciências Aplicadas (FCA) da Unicamp, e o professor
Carlos Américo Pacheco, do Instituto de Economia (IE). A fundação
da agência antecedeu a promulgação da Lei de Inovação da qual
Pacheco, que havia sido secretário-executivo do Ministério
da Ciência e Tecnologia, no ano anterior, participara da elaboração.
A lei, lançada em dezembro de 2004, instituía a obrigatoriedade
de que ICTs – que incluem as universidades – tivessem um Núcleo
de Inovação Tecnológica (NIT). Conforme o presidente do INPI,
Jorge de Paula Costa Ávila, seu impacto foi sentido diretamente
no setor de PI. “Desde a aprovação, o número de patentes depositadas
pelas universidades brasileiras cresce consistentemente”,
frisou.
Entre
2004 e 2008, o total de patentes depositadas foi de 124.145.
O terceiro lugar foi preenchido pela Universidade de São Paulo
(USP), em seguida vem a empresa Whirlpool S.A., fabricante
de eletrodomésticos, a Universidade Federal de Minas Gerais
(UFMG), a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e
a Fapesp. A Unicamp trocou de posições com a Petrobras, já
que de 1999 a 2003 era ela que ocupava o primeiro lugar, com
191 patentes depositadas contra 177 da empresa. Segundo Ávila,
novos patamares têm sido alcançados na relação entre ICTs
e empresas. “A criação dos NITs, que operam com as regras
mais claras instituídas pela nova lei para a relação universidade
e empresa, explica o aumento do interesse e a reversão de
uma situação de isolamento da indústria, que foi característica
da universidade brasileira por muitos anos”, discorreu.
De acordo com o Secretário
de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da
Ciência e Tecnologia (MCT), Ronaldo Mota, os NITs foram criados
no âmbito da Lei de Inovação para intensificar o repasse da
capacidade científica e tecnológica existente nas ICTs para
a sociedade. Dados do MCT mostram que foram implantados até
2010 mais de 200 núcleos, públicos e privados, sendo 19 em
2006, 54 em 2007, 75 em 2008, 80 em 2009 e as demais em 2010
e 2011. “As agências de inovação cumprem um papel central,
especialmente em um momento em que o eixo estruturante da
nova política de desenvolvimento sustentável é inovação. Em
especial, a Inova Unicamp tem sido exemplar e servido de paradigma
para várias outras”, disse Motta.
Conforme Lotufo, a instauração
da Inova consolidou a posição de liderança da Unicamp em número
de patentes e licenciamentos. No ano de 2010 foram depositados
65 pedidos de patentes, contra 57 em 2009. As comunicações
de invenção atingiram o número de 61 em 2010 e 54 em 2009.
Depois da criação do núcleo, o INPI já concedeu 41 patentes
para a Unicamp. Porém, de acordo com o diretor-executivo,
o maior avanço são os licenciamentos. “Mais importante que
ter as 600 patentes depositadas até hoje, são os nossos 43
contratos de licenciamentos ativos. A Unicamp é a ICT mais
experiente em redigir cláusulas e firmar esses acordos”, atestou.
Nos últimos cinco anos, a Inova acumulou R$ 1.258.914 em royalties,
sendo R$ 191.681 no ano passado. O MCT divulgou que, em todo
o Brasil, foram computados até o ano passado 1.630 contratos
de licenciamentos, somando recursos de R$ 67,46 milhões.
“A universidade é um dos atores
no contexto do estímulo à inovação e as parcerias universidade-empresa
constituem uma fonte importante para as empresas inovadoras”,
afiançou Patricia Magalhães de Toledo, diretora de propriedade
intelectual e transferência de tecnologias da Inova Unicamp.
Em geral, as universidades não são a principal fonte externa
de inovação para os empresários, mas o setor produtivo já
tem percebido a necessidade de diversificar suas fontes. “A
Inova estimula o desenvolvimento de projetos de Pesquisa e
Desenvolvimento (P&D) colaborativo da universidade com a indústria,
que podem significar, em especial no Brasil, uma oportunidade
relevante para a estratégia de inovação da indústria”, expôs
Patricia.
Uma das contribuições das
universidades, para auxiliar a inovação no país, foi a criação
em 2006 do Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência
de Tecnologia (Fortec). “A Inova esteve presente em todas
as etapas que precederam a criação do Fortec, sendo um ponto
importante na sustentação dos princípios que balizaram sua
concepção”, relatou a coordenadora do Escritório de Transferência
de Tecnologia (ETT) da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, Marli Elizabeth Ritter dos Santos, membro
da diretoria da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento
das Empresas Inovadoras (ANPEI) e ex-presidente do Fortec.
A sociedade entre o Fórum
e a agência da Unicamp culminou em um programa bem- sucedido
de abrangência nacional: o InovaNIT. Financiado pelo Ministério
de Ciência e Tecnologia (MCT), o programa propiciou a capacitação
de gestores em PI e TT e a estruturação de NITs em diversas
regiões do Brasil. De agosto de 2007 a dezembro de 2010, 268
instituições foram atendidas pelos 44 treinamentos ofertados,
833 profissionais capacitados e mais de 20 núcleos criados.
Para Patricia, gestora do projeto, o InovaNIT veio suprir
uma carência de informações. “O impacto para as ICTs do Brasil
foi muito importante. O projeto faz parte de uma união de
esforços para promover a integração entre os atores e de superar
os entraves à transformação do conhecimento em inovação no
país”, acrescentou.
Para o reitor da Unicamp,
Fernando Ferreira Costa, que na época ocupava o cargo de pró-reitor
de Pesquisa, a Inova contribuiu sobremaneira para o desenvolvimento
da Universidade. “A agência conseguiu organizar todas as ações
de PI, de patentes, licenciamentos e esclarecimento da comunidade
acadêmica, com resultados muito bons e que foram se ampliando
gradativamente”, declarou. O reitor ressalva que a realidade
brasileira ainda precisa mudar, já que em outros países são
as empresas que mais depositam patentes. Informações do MCT,
de 2009, indicam um crescimento de 74,5% em relação ao número
de patentes requeridas em 2008. Todavia, das 1.521 proteções
solicitadas no Brasil e no exterior, 1.391 eram de instituições
públicas e apenas 130 de instituições privadas. Para Patricia,
a colaboração com a universidade é importante, mas as companhias
também carecem de iniciativas próprias. “A parceria com a
universidade é uma complementação para as atividades de P&D
que a empresa possui, mas não substitui o P&D interno da empresa.
Esses projetos incluem, por exemplo, conhecimentos em áreas
estratégicas nas quais a empresa não possui competência central.”
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