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Reitor faz balanço das ações e
aponta os desafios do programa

Para Fernando Ferreira Costa, progressos já foram consideráveis

Na entrevista a seguir, o reitor Fernando Ferreira Costa explica por que transformou a internacionalização da Unicamp em uma das bandeiras de sua gestão, faz um balanço das ações colocadas em prática até agora e revela quais são os maiores desafios no caminho de uma universidade brasileira que deseja abrir suas portas para o mundo.

Jornal da Unicamp – Por que o senhor elegeu a internacionalização da Unicamp uma das prioridades de sua gestão?


Fernando Ferreira Costa
– É cada vez mais evidente que o progresso de qualquer país depende diretamente da existência de universidades de excelência capazes de formar líderes e realizar pesquisa na fronteira do conhecimento. No Brasil, a Unicamp é uma das universidades com condições de equiparar-se às melhores instituições estrangeiras de ensino e pesquisa. Entre as várias prioridades de uma universidade de excelência de classe mundial, inclui-se o investimento em internacionalização. Universidades em todos os países, como China, Cingapura, Japão, Estados Unidos e Europa, também estão fazendo isso. Quanto melhores e mais internacionalizadas forem as universidades de um país, mais bem-preparado ele estará para sobressair no mundo globalizado em que vivemos hoje.

JU – Quais são as principais características de uma universidade internacionalizada e o que falta para a Unicamp alcançar essa posição?


Fernando Ferreira Costa – As universidades internacionalizadas são aquelas que mantêm intenso intercâmbio de alunos e professores com instituições estrangeiras, além de numerosas e produtivas cooperações de pesquisa. São universidades nas quais a diversidade cultural é muito grande e as ideias circulam com facilidade. Não por acaso, as universidades de maior prestígio no mundo, como Harvard e Cambridge, apresentam elevado grau de internacionalização. A Unicamp está entre as três melhores universidades da América Latina e por isso já é, de maneira geral, bastante conhecida e respeitada no exterior. Mas, para que a Unicamp se torne de fato uma universidade internacionalizada, comparável às melhores do mundo, é preciso que o conhecimento gerado em algumas de suas unidades de ensino e pesquisa tenha maior repercussão fora do Brasil.

Além disso, a Universidade precisa enviar mais professores e alunos para outros países e receber um número maior de estrangeiros interessados em trabalhar ou estudar aqui. Pelo menos 70% dos quase 2 mil professores da Unicamp já tiveram algum tipo de experiência no exterior. Muitos cursaram doutorado fora, outros fizeram pós-doutorado, no entanto, essa porcentagem ainda pode aumentar. No que diz respeito ao intercâmbio de estudantes, queremos que 30% dos nossos alunos de graduação e 10% dos de pós-graduação passem no mínimo seis meses em alguma instituição estrangeira antes de concluírem seus cursos. Também queremos ter as mesmas porcentagens de estrangeiros entre nossos alunos de graduação e pós-graduação. É por isso que estamos tentando – de maneira muito agressiva – estabelecer convênios com universidades das Américas Latina e do Norte, da Europa e da Ásia.

JU – O grupo de trabalho criado pelo senhor para promover a internacionalização da Unicamp apresentou em dezembro do ano passado um plano com metas e ações a ser implementadas até 2013. Que balanço o senhor faz deste primeiro ano de implantação do plano?


Fernando Ferreira Costa – Houve progressos consideráveis nesse período. Desde setembro, quem navega pelo Portal da Unicamp encontra informações detalhadas sobre a Universidade em inglês e espanhol. Embora pareça uma coisa simples, a divulgação de informações em idiomas diferentes do português é essencial para dar mais visibilidade no exterior a uma universidade brasileira que deseja atrair estudantes e professores de outros países. Além disso, os procedimentos burocráticos para alunos estrangeiros cursarem disciplinas foram simplificados. O esforço que estamos fazendo para estabelecer intercâmbio real de estudantes e professores com universidades e agências de diversas partes do mundo é outro ponto que merece destaque.

Em 2010, conseguimos concretizar vários acordos com universidades, como, por exemplo, a Rice University, nos Estados Unidos, e a Feïe University, na Alemanha. Vários outros convênios tiveram origem em visitas de estrangeiros à Unicamp, como a do cônsul-geral da França em São Paulo, Sylvain Itté, e a do diretor-geral da Escola Superior de Eletricidade [Supélec, na sigla em francês], Alain Bravo. Mais recentemente, a partir da visita do diretor-executivo do Consórcio para a Colaboração no Ensino Superior da América do Norte [Conahec], Francisco Marmolejo, começamos a discutir a inclusão da Unicamp nesse grupo e um acordo de cooperação com a Universidade do Arizona (leia a entrevista que Francisco Marmolejo concedeu ao JU nas páginas 5, 6 e 7).

Também é importante ressaltar o fortalecimento da participação da Unicamp no programa Erasmus Mundos, da Comissão Europeia, e em entidades internacionais como a Associação de Universidades Grupo Montevidéu [AUGM] e a Associação Universitária Ibero-americana de Pós-graduação [AUIP], cuja primeira reunião no Brasil ocorreu em novembro na Sala do Conselho Universitário [Consu]. Nesse mesmo mês, realizamos na Unicamp um fórum sobre internacionalização e excelência universitária e um simpósio sobre o Processo de Bolonha, ambos com a participação de renomados convidados estrangeiros. Isso mostra que o tema internacionalização vem sendo amplamente discutido dentro do campus.

Outra conquista significativa foi o resultado da última avaliação da pós-graduação conduzida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior [Capes]. Nossa meta era aumentar a proporção de cursos de pós-graduação da Unicamp considerados de nível internacional – ou seja, avaliados com conceito 6 ou 7 – de 37% para 50% do total até 2013, mas em 2010 já chegamos a 46%. Há ainda o Programa Professor Visitante, por meio do qual professores do exterior altamente qualificados podem passar até dois anos na Unicamp exercendo atividades de ensino e pesquisa. Quatro candidatos já foram selecionados e devem chegar à Universidade no começo do ano que vem (leia mais sobre o Programa Professor Visitante na página 4).

JU – Quais são as maiores barreiras para a execução das ações que visam à internacionalização da Unicamp?


Fernando Ferreira Costa – Uma das maiores barreiras para a internacionalização de qualquer universidade brasileira é o idioma, pois isso dificulta a atração de professores e alunos de outros países. Aqui na Unicamp, oferecemos cursos de português para estrangeiros e queremos começar a ministrar aulas em inglês na pós-graduação. Estamos estudando a possibilidade de também realizar concursos em inglês para contratação de professores, o que certamente levaria a um aumento no número de participantes estrangeiros. Outros entraves importantes são a burocracia para a obtenção do visto de permanência no Brasil e a questão da moradia. Como as universidades brasileiras não dispõem de alojamento para muitos estudantes, os estrangeiros normalmente precisam alugar apartamento para morar e, nesse caso, existem inúmeros problemas burocráticos a ser contornados, como a figura do fiador. A Unicamp já entrou em contato com imobiliárias de Campinas para fazer acordos que facilitem a locação de imóveis para estrangeiros.

Além das barreiras que mencionei, comuns a todas as universidades brasileiras, temos de convencer algumas das faculdades e institutos da Unicamp a envolver-se mais no projeto institucional de internacionalização.

JU – Este esforço para internacionalizar a Unicamp é inédito?


Fernando Ferreira Costa – A internacionalização faz parte da essência da Unicamp. Os institutos e faculdades da Universidade foram formados, em grande parte, por pesquisadores estrangeiros e brasileiros que estavam no exterior recrutados pelo reitor Zeferino Vaz para vir trabalhar aqui. Em algumas unidades, os estrangeiros chegaram a representar de 30% a 40% do corpo docente. Essa origem, somada ao fato de a Unicamp sempre ter tido uma interação forte com governos e empresas públicas e privadas, transformou-a em uma instituição dinâmica e cosmopolita. No início dos anos 2000, a Unicamp já fazia muita pesquisa em parceria com instituições estrangeiras e enviava um número razoável de alunos para o exterior, principalmente de pós-graduação. Mas foi nos últimos anos que os esforços para incrementar a internacionalização da Unicamp tiveram grande impulso.

JU – Há projetos semelhantes em curso em outras universidades brasileiras?


Fernando Ferreira Costa – Todas as grandes universidades do mundo estão pensando em internacionalização. No Brasil, não é diferente. As universidades federais, as três estaduais paulistas e algumas instituições privadas estão bastante empenhadas em ampliar sua presença no exterior. Um exemplo disso foi o lançamento no último dia 29 do Instituto de Estudos Europeus, resultado de uma parceria entre as estaduais paulistas e cinco universidades federais. O objetivo do instituto é facilitar a interação entre instituições brasileiras e europeias no contexto do Processo de Bolonha (leia mais sobre o Instituto de Estudos Europeus nas páginas 10 e 11).

 



 
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