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                    Fisioterapeuta avalia
 desenvolvimento motor de bebês
 
   Bebês 
                    pequenos para a idade gestacional - ou PIG, como são 
                    chamados pelos especialistas - apresentam grandes chances 
                    de ter um desenvolvimento motor prejudicado, especialmente 
                    aqueles expostos a ambiente familiar desfavorável. 
                    Uma avaliação realizada na Faculdade de Ciências 
                    Médicas (FCM) pela fisioterapeuta Denise Campos em 
                    95 bebês apontou que os nascidos PIG apresentaram diferenças 
                    significativas no desenvolvimento motor nos primeiros meses 
                    de vida em relação aos bebês adequados 
                    para a idade gestacional, denominados AIG. Os bebês 
                    PIG consistem em um dos alvos de pesquisa do Grupo Interdisciplinar 
                    de Avaliação do Desenvolvimento Infantil (Giadi) 
                    da FCM, que até o início do ano era coordenado 
                    pela neurologista Vanda Maria Gimenes Gonçalves, falecida 
                    recentemente, também orientadora da tese de doutorado 
                    defendida por Denise Campos. Os dois grupos de voluntários 
                    da pesquisa nasceram dentro do prazo ideal de gestação, 
                    ou seja, a partir de 37 semanas. No entanto, os pequenos sofreram 
                    algum tipo de restrição de crescimento já 
                    no útero materno. Em geral, mães fumantes, com 
                    hipertensão ou com quadro de desnutrição 
                    podem ocasionar o nascimento de um bebê PIG. Esta criança, 
                    não necessariamente, nasce com baixo peso ou prematuro. 
                    Mas, a grande maioria dos bebês PIG é também 
                    baixo peso, ou seja, nascem com menos de 2,5 quilos.
 Segundo Denise Campos, as 
                    principais diferenças ocorreram no segundo e sexto 
                    mês de vida da criança. Ou seja, dentro do primeiro 
                    ano, no período de maior aquisição motora 
                    dos bebês, pois justamente nesta fase eles aprendem 
                    a rolar, sentar, engatinhar e andar. "O fato de se encontrar 
                    diferenças não quer dizer que a criança 
                    irá continuar nesta mesma escala de dificuldade o resto 
                    da vida. Mas, é bom que se observe o desempenho motor 
                    deste grupo com maior rigor para que não haja um comprometimento 
                    futuro", destaca a fisioterapeuta.  Os bebês foram avaliados 
                    com a escala americana Bayley de desenvolvimento infantil, 
                    que inclui um total de 48 provas para avaliação 
                    motora dos primeiros seis meses de vida. Além de terem 
                    uma pontuação geral em níveis mais baixos, 
                    os bebês PIG também desempenharam algumas atividades 
                    com menor frequência. No segundo mês de vida, 
                    por exemplo, os movimentos alternantes para se arrastar de 
                    barriga para baixo, virar de barriga para cima e equilibrar 
                    a cabeça, ficaram aquém dos números observados 
                    nos bebês AIG. Já no sexto mês de vida, 
                    a principal dificuldade dos pequenos foi sentar-se sozinho, 
                    equilibrando por um tempo entre dois e trinta segundos. As 
                    avaliações foram feitas ainda no primeiro e 
                    terceiro meses, sendo que nesses períodos nenhuma diferença 
                    estatística foi observada. Num segundo momento, a fisioterapeuta 
                    investigou outros fatores que poderiam contribuir para as 
                    diferenças encontradas entre os bebês PIG e AIG. 
                    Para isso, foram colhidas informações sobre 
                    as características familiares dos bebês, a partir 
                    de um questionário respondido pelos pais. Verificou-se 
                    diferença significativa quanto à ocupação 
                    materna, escolaridade materna e renda per capita, sendo que 
                    no grupo PIG houve maior frequência de mães que 
                    não trabalhavam fora de casa, que apresentavam menos 
                    de oito anos de estudo e com baixa renda familiar.  "Acreditamos que as características 
                    familiares tenham contribuído para as diferenças 
                    motoras encontradas. O ambiente em que a criança vive 
                    pode afetar seu desenvolvimento, principalmente no caso dos 
                    bebês PIG. Um ambiente rico em estímulo ajuda 
                    a minimizar os riscos de comprometimento futuro. Já 
                    o contrário, um ambiente com pouca estimulação 
                    e superproteção, pode contribuir para o atraso 
                    no desenvolvimento motor", explica Denise. Neste sentido, 
                    a pesquisa serve para destacar a necessidade de políticas 
                    públicas voltadas para a orientação dos 
                    pais, e divulgação de estratégias para 
                    estimular o desenvolvimento motor desde o nascimento, a fim 
                    de prevenir ou minimizar alterações motoras.
 
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