Em 2011, ano do seu bicentenário, a Academia Militar de Agulhas Negras (Aman) espera receber na cidade acadêmica, localizada em Resende, no Estado do Rio de Janeiro, cerca de 60 mil visitantes ao longo do ano. Com isso, estão previstas implementações e melhorias na estrutura turística, pois, afora o calendário de comemorações que contempla diversos eventos durante o aniversário, ocorrem as visitas diárias, inclusive com excursões de grupos de diversas partes do país e do exterior. Foi com essa preocupação que o capitão Rogério Carvalho Mendes Távora buscou na matemática uma forma de traçar um trajeto otimizado a ser percorrido nos principais pontos de visitação na cidade acadêmica. São eles: Saguão Dom João VI, Ala Histórica, Biblioteca Acadêmica, Teatro Acadêmico, Auditório General Médici, Refeitório dos Cadetes, Museu Acadêmico, Auditório do Comando, Monumento do Expedicionário e Maquete.

“Os locais a serem visitados somam um total de dez, mas as possibilidades de trajetos entre eles são mais de 300 mil e, por isso, não se tinha idéia de qual o melhor trajeto a ser seguido. Contava-se somente com a experiência das comissões de recepção e acompanhamento para otimizar o percurso” informa o capitão. O estudo rendeu ao militar o título de mestre pelo Instituto de Matemática, Estatística e Ciência da Computação (Imecc). Sua dissertação de mestrado profissional, que visa oferecer um programa atrativo e ao mesmo tempo adequado aos vários perfis de turistas, foi orientada pela professora Luziane Ferreira de Mendonça.

A Aman, com seus 67 quilômetros quadrados, é considerada a segunda maior academia militar do mundo em extensão. A primeira está localizada na França. A cidade acadêmica tem cerca de 12 mil habitantes, ou seja, quase 10% da população média do município de Resende. Dentro da cidade acadêmica é possível observar um conjunto principal administrativo, praça de esportes, parque aquático, campos de instrução militar, hospital escolar, auditórios, teatro e vila residencial, além de agências bancárias, correios, capela, escola e clube recreativo.

Como possui acesso facilitado pela rodovia Presidente Dutra e por conta do complexo arquitetônico e paisagístico privilegiado, costuma receber muitos turistas. Em 2010, pouco mais de 30 mil pessoas visitaram o local. “A estrutura na Aman para atender todo esse contingente precisa ser muito bem elaborada”, esclarece o capitão Carvalho. Ademais, explica, a distância a ser percorrida para contemplar os pontos turísticos chega a 2,5 km e há que se considerar seus diferentes públicos, como idosos, pessoas com deficiências, crianças e gestantes. “Diferentes tipos de pisos e níveis de acesso entre os pontos de visitação também são motivos para que se otimize o percurso de forma a satisfazer os turistas em suas necessidades”, completa.

O modelo matemático adotado no trabalho foi o denominado “problema do caixeiro viajante”, um exemplo clássico da chamada otimização combinatória. É pertencente à classe de problemas considerados bastante difíceis de solucionar e o nome “caixeiro viajante” – do inglês Traveling Salesman Problem (TSP) – tem origem na questão de um caixeiro que deseja visitar um número fixo de cidades, com a trajetória melhor possível, e retornar ao ponto de partida. “Essa classe de problemas já possui eficientes algoritmos desenvolvidos e, por isso, a preferência por ele. Desta forma, é possível se obter numericamente um itinerário ótimo de visitação, considerando os diferentes grupos visitantes e suas dificuldades de acesso”, explica o capitão Carvalho, lembrando que se buscou um modelo eficiente que definisse o menor tempo e distância possível.

As visitas na Aman funcionam diariamente das 9h30 às 11h30 e das 14 às 16h30. O percurso inclui a visitação aos pontos turísticos e explicações pertinentes fornecidas por um cadete destacado para acompanhamento de pequenos grupos ou uma Comissão de Recepção e Acompanhamento no caso de excursões. Nesse último caso a visita precisa ser agendada. Outras informações: www.aman.ensino.eb.br.

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Publicação
Dissertação: “Grupos de Visitação na Aman: um Estudo de Caso do Problema do Caixeiro Viajante”
Autor: Rogério Carvalho Mendes Távora
Orientador: Luziane Ferreira de Mendonça
Unidade: Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica (Imecc)
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