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Diferentemente de outros anos em que a Unicamp recebeu os Arturos, desta vez a celebração se completou conforme dita o sagrado. Após a abertura oficial, na qual foi prestada uma homenagem ao Congado dos Arturos, como reconhecimento pela pela contrinuição deste grupo étnico ao patrimônio cultural nacional, tiveram início os rituais sagrados. O reino coroado se posiciona em frente ao altar. Uma guarda de Congo vem adiante, abrindo os caminhos com galhos e flores e anunciando a chegada dos filhos do Rosário. O ritmo e a dança são saltitantes, marcados pela ginga e pelo cruzamento de pernas e pés. Os moçambiqueiros, chamados "donos da coroa", vêm em seguida, num movimento mais lento, carregando um bastão, símbolo do poder e da proteção ao reino coroado. Usam azul e branco, cores de Nossa Senhora, e cantam a memória da África e dos antepassados. Izirra Maria da Silva, a Tita, filha do primeiro Arthur, junto ao pró-reitor de Extensão e Assuntos Comunitários, Roberto Teixeira Mendes, foram coroados reis festeiros, figuras participantes do rito por proporcionar sua realização, e se comprometeram a passar a coroa no mesmo ritual dos Arturos daqui a um ano. Pela primeira vez, foi rezada uma missa conga na Igreja de São Benedito, que fica na Praça Anita Garibaldi, para onde o grupo seguiu em cortejo. A Missa Conga, celebrada pelo Padre Nilson Pinto, une aspectos da liturgia católica com a religiosidade popular, com o som do tambor e a entoação dos cantos das guardas de Congo e Moçambique. Ao final da celebração foram erguidos mastros em homenagem à Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Nossa Senhora Aparecida e ao divino Espírito Santo. Os mastros votivos representam a união entre céu e terra e caracterizam o centro energético das comemorações coletivas. "A Universidade deve preservar a memória popular não só visual ou escrita, mas também espiritual. É papel dela avivar elementos constitutivos de aspectos da sociedade. O ritual dos Arturos não foi como um trio elétrico importado da Bahia, mas uma cerimônia real, na data certa. Sempre se vê o folclore de fora. Desta vez, viu-se de dentro. A espiritualidade era flagrante, e eu me senti envolvido pelo sagrado", diz o pró-reitor Roberto Teixeira Mendes. O coordenador e idealizador do Encontro com o Folclore, José Avelino Bezerra, capitão da coroa dos Arturos, diz que a função de um evento como esse é histórica e social. "A festa cumpriu o mesmo ritual do lugar de origem e por isso encantou os pesquisadores, professores e público presente, que sentiram a autenticidade da prática cultural", diz. "Folclore é uma palavra estigmatizada porque não é compreendida. A tradução correta é saber do povo. Resgatamos com o rito dos Arturos a religiosidade popular, sem institucionalizar a festa, porque a mesma celebração que ocorreu aqui ocorre lá", diz. Avelino também foi responsável pela presença no encontro do Tunchengun Lhama Omar Khayam, monge, médico e mago, arcebispo da Igreja Gnóstico-Taoísta. O mestre Omar Khayam assistiu à cerimônia dos Arturos acompanhado por discípulos e discursou em favor da preservação da cultura do povo negro. O pró-reitor Roberto Teixeira Mendes lembra que ainda em novembro a Unicamp promoveu a Semana da Consciência Negra, proposta pela comunidade negra da Universidade. O professor Teixeira diz que no ano que vem o 7º Encontro com o Folclore/Cultura Popular tende a ser ampliado com mais atividades. Satisfeito com a repercussão junto à comunidade da festa folclórica sagrada dos Arturos, Olhos do Rosário, ele acredita que a Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Comunitários cumpriu seu propósito, que é facilitar as relações da sociedade com a universidade, por meio de atividades culturais e prestação de serviços. "Campinas não tinha mais procissão há muito tempo, e as pessoas saíram à rua ao ver passar o cortejo dos Arturos. Foi uma celebração sagrada que precisa ter continuidade", diz. O evento teve apoio da Coordenadoria de Relações Institucionais e Internacionais (Cori). Maiores informações em |
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