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Grupo desenvolve técnica de pesquisa e
atuação Um teatro que une o modo de atuar da Commedia DellArte renascentista em que o ator fazia tudo, do figurino à atuação, da montagem ao cenário, do texto à dança a uma reflexão técnica atual, sintonizada com o que há de mais moderno nas artes cênicas. São estas as marcas do grupo de teatro que assina Lume (Núcleo Interdisciplinar de Pesquisas Teatrais) e tem levado o nome da Unicamp para diversos lugares do mundo, como Itália, França, Argentina, Peru, Grécia, Espanha, Escócia, Equador, Egito e Israel. Ao tirar da pesquisa de ponta e da milenar devoção ao teatro o que cada um destes universos tem de melhor, o pequeno grupo idealizado em 1985 pelo ator Luís Otávio Burnier (1956-1995) realiza montagens cuja linguagem peculiar já foi admirada por quase 100 mil pessoas dentro e fora do país. As duas dezenas de espetáculos criadas pelo Lume procuram não só produzir arte e disseminá-la, mas estudá-la com profundidade. "Focamos os mais diversos componentes, técnicas e métodos de trabalho, sempre tentando olhar o ator como uma pessoa dentro de uma cultura", explica o ator Renato Ferracini, no grupo há cinco anos. Formado atualmente por seis atores Raquel Scotti Hirson, Ana Cristina Colla, Ricardo Puccetti, Renato Ferracini, Carlos Simioni e Jesser de Souza o Lume realizou sua primeira montagem, "Macário", em 1985, com direção de Luís Otávio Burnier, e a mais recente "Café com Queijo", deste ano, dirigida pelo próprio grupo. Esta peça permitiu ao Lume pisar em palcos importantes e encantar muitas platéias. Fôlego dobrado - Estar ligado à Universidade permite a eles um fôlego dobrado em um país onde historicamente é difícil subsistir no meio artístico. "Para nós, viver de teatro é viável por meio do apoio da Universidade", explica Raquel Scotti. E ter a tranqüilidade necessária para criar sua marca e explorar potencialidades geram frutos de que eles se orgulham muito, como a receptividade do público estrangeiro. "Hoje nosso trabalho de pesquisa é referência", completa. Só com grupos ou instituições de pesquisas do teatro de outros países o Lume já realizou mais de 20 intercâmbios, que envolvem visitas e estágios, entre eles, grupos do Canadá, Itália, Japão, Polônia, Dinamarca e China. O contato mais recente foi neste ano, no Brasil, com o Sue Morrison, do Canadá. Para se ter uma idéia da aceitação do público estrangeiro para o espetáculo que o Lume produz, basta citar que o "Parada de Rua", de 98, foi apresentado na Bolívia para um público de mais de três mil pessoas, e visto também no Egito e na Dinamarca. Outra razão para o sucesso do Lume é que, ao trabalharem muito tempo juntos, os atores acabaram desenvolvendo técnicas corporais e de representação que se ajustam perfeitamente. Uma especial dedicação de cada profissional ao ofício e ao grupo completam a fórmula. "Respiramos teatro o tempo todo. Lemos os mais diferentes textos, trocamos idéias, montamos projetos, planejamos e estudamos novas estratégias para colocar o nosso trabalho no mercado", diz Ana Cristina. O texto de "Café com Queijo" é um bom exemplo deste envolvimento e do trabalho coletivo. É um espetáculo gerado a partir de histórias, crenças, causos, lendas, material coletado com habitantes de diversas regiões do país, como Tocantins, Amazonas, sertão de Minas Gerais e Pará. "A montagem é constituída de diferentes contextos, tons, músicas, temperos, que tentam capturar as experiências vividas por nós nas nossas andanças por essas regiões", diz Ricardo Puccetti. Segundo Renato Ferracini, o trabalho reúne vivências e faces de pessoas que colocam os espectadores diante das mais diversas realidades do país. "Para a elaboração do texto, usamos falas dos próprios habitantes dessas regiões. As falas foram costuradas para tecer um perfil do universo cultural dos habitantes". Já "Parada de Rua", também encenada atualmente, é um espetáculo cênico-musical em forma de cortejo que busca a teatralização de espaços não-convencionais. O espetáculo é uma procissão de fanáticos, em que há uma banda, um grupo de ciganos e atores-músicos que tocam e cantam melodias tradicionais brasileiras e de outras partes do mundo. Estruturada como um alegre ritual, a peça procura interagir com o público, ao mesmo tempo provocando e divertindo. A base teórica do Mestre Burnier "A verdadeira técnica da arte do ator é aquela que consegue esculpir o corpo e as ações físicas no tempo e no espaço, acordando memórias, dinamizando energias potenciais e humanas, tanto para o ator como para o espectador". A frase é do ator, diretor e dramaturgo, Luís Otávio Burnier, morto em 1995 e responsável pela criação do Lume, há doze anos. Burnier trouxe para a Unicamp o conhecimento acumulado em sua carreira, que incluiu oito anos na França pesquisando mímica corporal. Estudou três anos com Etienne Decroux, trabalhou com Eugenio Barba, Philippe Gaulier, Jacques Lecoq, Ives Lebreton, Jerzy Grotowski e com teatro oriental. Burnier retornou ao Brasil com o plano de criar um centro onde pudesse pesquisar a arte do ator em suas mais diferentes concepções, mesclando-a à cultura Brasileira. O sucesso no exterior Aos poucos, o Lume vai se tornando conhecido também em terras estrangeiras. E a imprensa não economiza espaço para falar do grupo da Unicamp. Ana Cristina diz que na Bolívia, durante o VI Festival Internacional da Cultura de Sucre, em setembro, o grupo chegou a ser motivo de reportagens de páginas inteiras dos principais jornais da cidade, entre eles o El Deber e o Correo del Sur. O crítico argentino e ator Cesar Brie, considerado
um dos mais respeitados diretores de teatro daquele país, classificou como
"simplesmente extraordinário" o espetáculo "Parada de Rua". Em
particular, elogiou a capacidade de improvisação dos atores que compõem o Lume. Não
foi pouco também o interesse da Imprensa da Finlândia, Egito, Grécia e Israel, que
apresentou o Lume como um importante grupo de teatro brasileiro, pelo trabalho sério de
pesquisa e pela esmerada performance. |
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