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Jornal da Unicamp -- Novembro de 1999
Página 8

História
Nossa memória, ao seu dispor

Centro de Memória guarda o passado de Campinas e região
e tem uma estrutura admirável, aberta ao público

Marcelo Burgos

Ao percorrer as salas e corredores do Centro de Memória Unicamp (CMU), algo inicialmente abstrato e por demais amplo – a história de Campinas e região – passa a formar um desenho cada vez mais visível. É preciso, claro, um pouco de concentração para detectar as pistas e montar mentalmente um retrato, ainda que preliminar, do tema vastíssimo. Mas as provas estão lá, cuidadas no dia-a-dia por uma equipe que guarda os testemunhos do tempo como se fossem o próprio. "Nosso Centro é único, por várias razões. Primeira, por não sermos apenas guarda de documentos históricos. Outra, nós estimulamos e apoiamos a produção de conhecimento e, além disso, formamos pessoal especializado para trabalhar com memória histórica", resume Olga Rodrigues Von Simson, coordenadora do Centro.

A frase de Olga sintetiza, mas apenas introduz, o enorme empenho do corpo de 23 funcionários, que desde 1987 mantém o centro, tornando possível o trabalho de um número médio de 190 pesquisadores. Estes encontram no CMU sua mina de ouro: afinal de contas, há uma chance muito grande de se achar em seu acervo um documento sobre a vida da cidade e região a partir da explosão cafeeira. "Temos, por exemplo, cerca de 16 mil fotografias produzidas entre 1876 até 1998, 70% das quais já catalogadas", informa Denise Gonçalves, responsável pelos arquivos especiais, acrescentando que este acervo deve ser inteiramente digitalizado a partir do ano que vem.

Estas imagens são apenas uma parte da riqueza que compõe o acervo. A biblioteca dispõe de livros e periódicos raros, hemeroteca com mais de 100 mil recortes de jornais sobre Campinas e região, mapoteca e discoteca, além de seções especiais para partituras e folhetos. A maior parte das peças está disponível a quem quiser consultar e aos poucos está sendo oferecida on-line. "Nosso papel é facilitar o acesso às pessoas comuns e pesquisadores a algo que já pertence a elas, que é a memória histórica", diz Olga.

Entre os destaques do acervo do CMU estão as coleções Antônio Ferreira Cesarino Júnior, Antonio Francisco de Paula Souza, Arthur N. Pereira Villagelin (ANPV), Associação Comercial e Industrial de Campinas, Banco Comércio Indústria de São Paulo, Benedito Barbosa Pupo, Câmara Municipal de Campinas, Celso Maria de Mello Pupo, Cine Produtora Campineira, Coletoria e Recebedoria de Rendas de Campinas, Companhia de Agricultura, Imigração e Colonização, Corpo Municipal de Bombeiros de Campinas, Francisco Glicério de Cerqueira Leite e João Falchi Trinca, entre outras. Dentro destas coleções, documentos originais de todos os tipos, entre certidões, livros, registros de escravos e muitos outros, contam com riqueza de detalhes a história. Acervos importantes como o registro civil do Estado, que inclui Campinas, Grande São Paulo e Vale do Paraíba, também estão microfilmados e à disposição do público. Outros arquivos usados para recuperação da memória da população são os registros de matrículas de imigrantes da região, cada vez mais procurados.

Técnica apurada - Estes documentos, porém, brilham após muito esforço e graças a uma técnica apurada. O centro tem áreas de restauro de fotografias, documentos e livros, que acolhem peças muitas vezes semidestruídas e lhes devolvem a integridade possível. Estes laboratórios, montados e atualizados com verba da Fapesp, contam com equipamentos especializados e caros, como é o caso do microscópio binocular com monitor de vídeo, que ajuda a limpar de forma precisa documentos danificados por fungos e bactérias. O mesmo acontece com o laboratório de restauro de fotos, que realiza verdadeiras cirurgias para higienizar a emulsão e recuperar a aparência original. O Centro forma mão- de-obra, interna e externa à Unicamp, em todas estas técnicas. Outra área em que atua também no ensino é a arquivologia, dentro da qual mantém um curso em conjunto com a USP e a Faculdade de Educação.

A história oral é outra grande preocupação do CMU e, neste sentido, ele põe em prática o seu empenho na produção de memória. Afinal de contas, já conta com cerca de 280 depoimentos de pessoas expressivas da região. Aqui, novamente o CMU destaca-se na excelência da técnica: sua metodologia no roteiro, coleta e transcrição da história oral é repassada em cursos e treinamentos para o público externo e interno.

Pesquisa e publicações - As áreas de pesquisas e a de publicações são fortíssimas dentro do Centro. Por meio delas, os pesquisadores e escritores se alimentam e devolvem ao CMU um trabalho de qualidade, numa saudável e produtiva relação de troca. Atualmente, eles se debruçam sobre temas como os bairros negros de Campinas, criminalidade e modernização, estrada de ferro em Itatiba e a presença alemã na cidade, entre outros. Estes projetos têm gerado também um trabalho de consultoria arquivística, como acontece com a prefeitura da cidade de Jarinu, que pediu ao Centro para ajudá-la na recuperação de sua memória histórica por meio de um programa de recapacitação de professores do ensino fundamental, que, com alunos, suas famílias e o grupo local de terceira idade estão intensamente envolvidos no projeto.

As publicações formam um capítulo à parte. O responsável pela área e ex-diretor do CMU, José Roberto Amaral Lapa, diz que o papel do Centro, que já publicou 42 títulos em cinco diferentes coleções , hoje editadas em parceria com a Editora da Unicamp, destaca-se na área de ciências humanas. "Nós nos notabilizamos por produzir obras de extrema qualidade em prazo de seis meses a partir da entrega dos originais", conta, lembrando que os títulos são avaliados por pelo menos três pareceristas e um conselho editorial.


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