Quem
um dia já não saiu de um jogo esportivo ou show realizado
em ginásios com zumbido no ouvido ou ainda teve dificuldades
em ouvir tudo que foi dito no ambiente? Os “ruídos” usualmente
observados pelo público em geral levaram o arquiteto Carlos
Eduardo Rodrigues a investigar a acústica de ginásios de
esportes multifuncionais. Ele tomou como exemplo três edificações
na cidade de Campinas e propôs, em seu trabalho de mestrado,
parâmetros e materiais adequados a serem contemplados no
momento de se projetar espaços dessa natureza. “Nestes lugares,
a propagação sonora gera inúmeros problemas de ruídos. Por
isso, a proposta de se estabelecer os parâmetros a serem
utilizados em projetos de edificação com qualidade acústica”,
detalha.
Segundo Rodrigues, uma vez que os ginásios são utilizados
tanto para jogos esportivos como para shows, exposições,
formaturas, feiras e outras atividades, torna-se difícil
adequar as características acústicas às diversas atividades,
por proporcionarem ao usuário diferentes sensações sonoras.
Para a construção de um teatro, por exemplo, são levados
em conta o tempo de reverberação para um melhor entendimento
das falas. Para projetos de salas de músicas e concertos
também existem os aspectos que caracterizam a qualidade
do som. “Mas, para ginásios, constatei que não existem estudos
do gênero, talvez pelas peculiaridades do ambiente”, destaca.
A dissertação de mestrado foi orientada pela professora
Stelamaris Rolla Bertoli e apresentada na Faculdade de Engenharia
Civil, Arquitetura e Urbanismo (FEC). No estudo, o arquiteto
destaca questões de tipologia, forma, dimensões e volume
como os principais parâmetros que podem prejudicar ou favorecer
a acústica.
Rodrigues lembra que os projetos de edificações passaram
a ter maior responsabilidade com a acústica depois das normatizações
recentes. “Antes não existia uma ‘preocupação’ com estes
aspectos. Mas, a percepção mudou. Hoje se sabe da importância
da acústica de ambiente tanto para a saúde como para a sociedade”,
analisa.
Num primeiro momento, as medições necessárias de acordo
com as recomendações vigentes – tais como tempo de reverberação,
tempo de decaimento inicial, clareza, definição, nível de
critério, índice de transmissão da fala e porcentagens de
consoantes –, foram realizadas através da técnica de resposta
impulsiva, com o ginásio vazio. Para isso, o arquiteto utilizou
pontos receptores e pontos de fontes instalados em vários
locais do ambiente. Rodrigues pretende, em uma próxima etapa,
estabelecer comparações com medições realizadas com o ginásio
cheio para detalhar ainda mais as variáveis que estabelecem
os fatores favoráveis e desfavoráveis do projeto arquitetônico
que influenciam o desempenho acústico.