Untitled Document
PORTAL UNICAMP
4
AGENDA UNICAMP
3
VERSÃO PDF
2
EDIÇÕES ANTERIORES
1
 
Untitled Document
 


Licenciamento prevê produção de
dispositivo desenvolvido na FCM

VANESSA SENSATO
Especial para o JU

Fotos: Antonio ScarpinettiUnicamp e a Kolplast assinam neste próximo dia 29, às 10 horas, um contrato de licenciamento para a produção de uma tecnologia que pode ter um grande impacto para pacientes submetidos a procedimentos de drenagem torácica em atendimentos médicos dentro e fora do hospital. Desenvolvido na Faculdade de Ciências Médicas (FCM), trata-se de um sistema de drenagem torácica, utilizado para drenar fluidos gasosos ou líquidos, presentes no tórax de pacientes com traumas.

O professor Alfio José Tincani, inventor
do dispositivo juntamente com o pesquisador Gilson Barreto, explica que o traumatismo torácico é responsável por 25% dos óbitos nas vítimas de traumas em geral, e a drenagem torácica é um dos procedimentos cirúrgicos mais freqüentes nestes casos, associada ao tratamento de pacientes quando envolvidos em acidentes automobilísticos e delitos com arma de fogo, nos quais houve lesão direta ao tórax ou a algum órgão relacionado diretamente aos pulmões.

Segundo Tincani e Barreto, há mais de 150 anos utiliza-se o mesmo método para drenar o tórax. “Por este método tradicional, há a inserção de um tubo entre o pulmão e as pleuras internamente, e este tubo é conectado a outro de borracha até um frasco que antigamente era de vidro e atualmente pode ser de material plástico”, coloca Tincani. Os inventores relatam que no procedimento convencional existem restrições quando empregado, principalmente em ambiente pré-hospitalar, como nas emergências realizadas dentro de ambulâncias, pois na técnica tradicional o frasco utilizado é pesado e contém entre 500 e 1000ml de água, o que dificulta o transporte do paciente em casos de emergências.

O professor Tincani argumenta que a proposta da nova tecnologia é a eliminação do frasco de drenagem convencional com o tubo de borracha. Assim, o novo dispositivo para drenagem torácica é pequeno, leve, pode permanecer junto à pele do tórax e o paciente pode cobri-lo com sua roupa sem expô-lo. Tincani explica que caso haja necessidade de drenagem líquida, um saco de plástico pode ser conectado ao dispositivo e ser trocado quando o mesmo estiver cheio “Com isto, o doente fica livre para andar, sair do leito mais precocemente caso esteja internado, além de evitar riscos de quebra do frasco, o que pode vir a agravar ainda mais o seu quadro”.

O professorAlfio José Tincani,um dos inventores do dispositivo: “Traumatismo torácico é responsável por cercade 25%dos óbitos de vítimas de traumas em geral”Os inventores consideram que o primeiro dispositivo desenvolvido com este propósito era rudimentar e com pouca tecnologia. “Com testes feitos na Faculdade de Engenharia Mecânica da Unicamp [FEM], com o auxílio do professor Celso Arruda, o dispositivo foi tornando-se mais adequado e os materiais foram sendo adaptados para uso em fluidos como sangue e serosidades encontrados quando se necessita drenagem torácica”, comenta Tincani. O grande desafio foi que a presença de ar dentro da cavidade torácica comprime o pulmão e o mesmo pode se tornar restrito para a respiração do doente. “O dispositivo tem de fazer o ar sair e não permitir que o ar externo entre nesta cavidade.

Isto foi um grande desafio, pois a pressão para funcionamento adequado da válvula de uma só via tinha de ser ideal para não causar o bloqueio à saída de ar e também não deixá-lo aberto para a entrada do ar externo”, coloca.

A tecnologia desenvolvida recebeu menção honrosa pelo mérito de invento do Prêmio Governador do Estado de São Paulo em 1992 e foi usada inicialmente em oito casos de pneumotórax (presença de ar nas pleuras, membranas que recorrem os pulmões) tratados no Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp, com resultados apresentados no 12o Congresso Brasileiro de Cirurgia Torácica, no ano anterior. “Na ocasião, o dispositivo mostrou-se seguro e os pacientes tiveram resolução completa da sua doença, sem nenhuma falha ou necessidade de troca de aparato”, afirma o médico.

Depois de um desenvolvimento complementar, a Agência de Inovação Inova Unicamp fez o depósito da patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial em dezembro de 2006 e internacionalmente em dezembro de 2007 através do sistema de PCT (Patent Cooperation Treaty). O licenciamento exclusivo ocorreu por meio de um edital, que concedeu à empresa licença de exploração da tecnologia por 15 anos, prazo que pode ser automaticamente estendido pelo tempo de vigência da patente. “É um contrato de longo prazo”, afirma Giancarlo Ciola, agente de parcerias Inova Unicamp e responsável pela articulação do contrato. Ciola explica que o convênio pode ser prorrogado pelo tempo de vigência de eventuais depósitos subseqüentes de patentes relacionadas à tecnologia.

Este é o quarto contrato assinado de licenciamento exclusivo de tecnologia desenvolvida na Unicamp feito a partir de edital. Ciola explica que a publicação do Edital para Licenciamento de Tecnologias é uma decorrência da Lei de Inovação, que traz obrigatoriedade de tornar pública a oportunidade de exploração da tecnologia com exclusividade a todos os interessados, sempre que esta pertencer exclusivamente à universidade. “No edital apresentam-se informações sobre a tecnologia, assim como os condicionantes e critérios utilizados para envio de propostas e classificação dos proponentes”, coloca. Segundo o agente de parcerias, os critérios de classificação das propostas buscam favorecer o proponente que

 

Tecnologia foi testada em pacientes do Samu

O médico Alexandre Garcia de Lima: fundamentando pesquisa de mestradoA eficiência da válvula para drenagem torácica licenciada foi comprovada em dissertação de mestrado defendida em fevereiro de 2006 pelo médico Alexandre Garcia de Lima, do Departamento de Cirurgia do HC. No período compreendido entre maio de 2002 e maio de 2004, ele utilizou o dispositivo em 22 pacientes que atendeu como médico emergencista do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Campinas. Segundo Alexandre Lima, o aparato colaborou para o transporte das vítimas com segurança em ambulâncias e contribuiu para acelerar a recuperação clínica. Além disso, comparando o quadro clínico dos pacientes antes da drenagem e no momento de chegada ao hospital, constatou-se melhora dos parâmetros aferidos como pressão arterial, freqüência cardíaca e respiratória.

A peça, que agora passa a ser produzida pela Kolplast, mostrou-se uma substituta com vantagens frente ao incômodo selo de água – recurso tradicionalmente empregado em drenagens.

Para o professor Alfio Tincani, o próximo desafio, que pode ser a parte mais difícil neste desenvolvimento, deverá ser a mudança de hábitos de um procedimento utilizado há mais de um século por algo novo, não tradicional. “O uso do dispositivo em larga escala vai proporcionar muitos benefícios ao doente, pois o mesmo vai permanecer menos tempo internado no hospital e isto significa menos gastos hospitalares”, prevê.

Licenciamento prevê produção de dispositivo desenvolvido na FCMesteja mais qualificado para explorar a tecnologia, refletindo a qualificação técnica e econômico-financeira dos proponentes, que envolvem questões como: histórico da empresa no setor, regularidade fiscal, experiência anterior com projetos de P&D e lançamento de novos produtos, além da proposta da empresa para remuneração à universidade. “Isso significa que não é selecionada a maior proposta, mas sim, a melhor”, afirma Ciola.

A empresa escolhida por meio do edital, a Kolplast, é uma empresa nacional que atua desde 1988 no setor industrial de produtos para saúde. Segundo o Diretor Médico e de Marketing da empresa, Benedito Fittipaldi, para a Kolplast a participação em processos de desenvolvimento industrial tendo como parceira uma instituição de renome, como é o caso da Unicamp, é de suma importância. “Com o convênio, espera-se maior visibilidade e respeitabilidade para a imagem institucional da empresa”, pondera. Fittipaldi afirma que a tecnologia estará disponível no mercado no segundo semestre de 2009, mas que por se tratar de produto inédito, cujo processo produtivo estará sendo desenvolvido pela primeira vez, ainda não há definição do preço do produto. “As estimativas feitas permitem calcular a redução de custos para produtos similares da ordem de 30%”, declara.

 

 
Untitled Document
 
Untitled Document
Jornal da Unicamp - Universidade Estadual de Campinas / ASCOM - Assessoria de Comunicação e Imprensa
e-mail: imprensa@unicamp.br - Cidade Universitária "Zeferino Vaz" Barão Geraldo - Campinas - SP