Unicamp
e a Kolplast assinam neste próximo dia 29, às 10 horas,
um contrato de licenciamento para a produção de uma tecnologia
que pode ter um grande impacto para pacientes submetidos
a procedimentos de drenagem torácica em atendimentos médicos
dentro e fora do hospital. Desenvolvido na Faculdade de
Ciências Médicas (FCM), trata-se de um sistema de drenagem
torácica, utilizado para drenar fluidos gasosos ou líquidos,
presentes no tórax de pacientes com traumas.
O professor Alfio José Tincani, inventor
do dispositivo juntamente com o pesquisador Gilson Barreto,
explica que o traumatismo torácico é responsável por 25%
dos óbitos nas vítimas de traumas em geral, e a drenagem
torácica é um dos procedimentos cirúrgicos mais freqüentes
nestes casos, associada ao tratamento de pacientes quando
envolvidos em acidentes automobilísticos e delitos com arma
de fogo, nos quais houve lesão direta ao tórax ou a algum
órgão relacionado diretamente aos pulmões.
Segundo Tincani e Barreto, há mais de 150 anos utiliza-se
o mesmo método para drenar o tórax. “Por este método tradicional,
há a inserção de um tubo entre o pulmão e as pleuras internamente,
e este tubo é conectado a outro de borracha até um frasco
que antigamente era de vidro e atualmente pode ser de material
plástico”, coloca Tincani. Os inventores relatam que no
procedimento convencional existem restrições quando empregado,
principalmente em ambiente pré-hospitalar, como nas emergências
realizadas dentro de ambulâncias, pois na técnica tradicional
o frasco utilizado é pesado e contém entre 500 e 1000ml
de água, o que dificulta o transporte do paciente em casos
de emergências.
O professor Tincani argumenta que a proposta da nova tecnologia
é a eliminação do frasco de drenagem convencional com o
tubo de borracha. Assim, o novo dispositivo para drenagem
torácica é pequeno, leve, pode permanecer junto à pele do
tórax e o paciente pode cobri-lo com sua roupa sem expô-lo.
Tincani explica que caso haja necessidade de drenagem líquida,
um saco de plástico pode ser conectado ao dispositivo e
ser trocado quando o mesmo estiver cheio “Com isto, o doente
fica livre para andar, sair do leito mais precocemente caso
esteja internado, além de evitar riscos de quebra do frasco,
o que pode vir a agravar ainda mais o seu quadro”.
Os
inventores consideram que o primeiro dispositivo desenvolvido
com este propósito era rudimentar e com pouca tecnologia.
“Com testes feitos na Faculdade de Engenharia Mecânica da
Unicamp [FEM], com o auxílio do professor Celso Arruda,
o dispositivo foi tornando-se mais adequado e os materiais
foram sendo adaptados para uso em fluidos como sangue e
serosidades encontrados quando se necessita drenagem torácica”,
comenta Tincani. O grande desafio foi que a presença de
ar dentro da cavidade torácica comprime o pulmão e o mesmo
pode se tornar restrito para a respiração do doente. “O
dispositivo tem de fazer o ar sair e não permitir que o
ar externo entre nesta cavidade.
Isto foi um grande desafio, pois a pressão para funcionamento
adequado da válvula de uma só via tinha de ser ideal para
não causar o bloqueio à saída de ar e também não deixá-lo
aberto para a entrada do ar externo”, coloca.
A tecnologia desenvolvida recebeu menção honrosa pelo mérito
de invento do Prêmio Governador do Estado de São Paulo em
1992 e foi usada inicialmente em oito casos de pneumotórax
(presença de ar nas pleuras, membranas que recorrem os pulmões)
tratados no Hospital das Clínicas (HC) da Unicamp, com resultados
apresentados no 12o Congresso Brasileiro de Cirurgia Torácica,
no ano anterior. “Na ocasião, o dispositivo mostrou-se seguro
e os pacientes tiveram resolução completa da sua doença,
sem nenhuma falha ou necessidade de troca de aparato”, afirma
o médico.
Depois de um desenvolvimento complementar, a Agência de
Inovação Inova Unicamp fez o depósito da patente junto ao
Instituto Nacional de Propriedade Industrial em dezembro
de 2006 e internacionalmente em dezembro de 2007 através
do sistema de PCT (Patent Cooperation Treaty). O licenciamento
exclusivo ocorreu por meio de um edital, que concedeu à
empresa licença de exploração da tecnologia por 15 anos,
prazo que pode ser automaticamente estendido pelo tempo
de vigência da patente. “É um contrato de longo prazo”,
afirma Giancarlo Ciola, agente de parcerias Inova Unicamp
e responsável pela articulação do contrato. Ciola explica
que o convênio pode ser prorrogado pelo tempo de vigência
de eventuais depósitos subseqüentes de patentes relacionadas
à tecnologia.
Este é o quarto contrato assinado de licenciamento exclusivo
de tecnologia desenvolvida na Unicamp feito a partir de
edital. Ciola explica que a publicação do Edital para Licenciamento
de Tecnologias é uma decorrência da Lei de Inovação, que
traz obrigatoriedade de tornar pública a oportunidade de
exploração da tecnologia com exclusividade a todos os interessados,
sempre que esta pertencer exclusivamente à universidade.
“No edital apresentam-se informações sobre a tecnologia,
assim como os condicionantes e critérios utilizados para
envio de propostas e classificação dos proponentes”, coloca.
Segundo o agente de parcerias, os critérios de classificação
das propostas buscam favorecer o proponente que