Cronologia da poesia eletrônica
no Brasil
1964
Décio Pignatari relata duas experiências, em parceria
com Luiz Angelo Pinto, a respeito de análise estatística
do estilo literário por meio do computador.
1966
Erthos Albino de Souza usa o computador para levantar
o vocabulário de autores como Gregório de Mattos,
Pedro Kilkerry e Carlos Drummond de Andrade.
Pedro Xisto, Erthos Albino de Souza e Bernardo C.
Kamergorodski publicam o “Vogaláxia”, utilizando linguagem
de programação para a produção de poesia. Esse mesmo
livro-poema foi transformado em espetáculo de multimídia
na Universidade de Buffalo em março de 1968, no Festival
de Primavera.
1968
Waldemar Cordeiro cria o “Beabá”, uma experiência
artística e computacional com letras, em parceria
com o físico Giorgio Muscati, da USP.
Dezembro - E. M. de Melo e Castro, poeta português
que atua com freqüência no Brasil, cria a videopoesia
“Roda Lume”, em preto e branco, nos estúdios da RTP.
1969
Gilberto Gil cria a letra da música “Cérebro eletrônico”.
1972
“Le Tombeau de Mallarmé”, de Erthos Albino de Souza
(1932-2000), gráfico, poeta, engenheiro e editor da
revista Código, que circulou de 1974 a 1989/1990,
com doze números. É considerada como a primeira poesia
computacional brasileira.
1973/1974
Erthos Albino de Souza publica “Cidade/City/Cité”
na revista Código. Trata-se de um poema visual feito
com cartões perfurados e, depois, pintados.
1974
Mallarmé, tradução e estudos de Augusto de Campos,
Décio Pignatari e Haroldo de Campos. Além do texto
de Un Coup de Dés, em francês, numa separata, o livro
contém dez variações do poema “Le Tombeau de Mallarmé”,
datado de 1972, de Erthos Albino de Souza.
1978
Paulo Leminski publica “Poesia”, reunindo conceitos
poéticos variados, entre os quais um que homenageia
Erthos Albino de Souza.
1980
Silvio Roberto de Oliveira inicia suas experimentações
poéticas com o computador, primeiro com um CP-200
e, depois, com um SHARP Hotbit.
Albertus Marques começa a trabalhar com um micro da
IBM e a linguagem Basic, e a criar poemas em que as
palavras formam sentidos múltiplos em aparições aleatórias
programadas.
1982
“Não”, primeiro poema digital (eletropoesia ou poesia
em videotexto) de Eduardo Kac.
- 5 de novembro
- Daniel Lima Santiago, poeta, artista e
performer, inicia suas experimentações poéticas com
o computador, produzindo o “Soneto Só Pra Vê”, elaborado
com o auxílio do programador Luciano Moreira, no Sistema
Cobra 400/II, em Recife (PE).
1983
“Holo/olho”, primeira holopoesia de Eduardo Kac. O
termo “holopoesia” foi cunhado pelo autor nesse mesmo
ano.
Início das atividades de João Fernando de Oliveira
Coelho, quando se aproximou do computador e dos manuais
de BASIC, por curiosidade.
1984
Início do uso do computador Macintosh por Augusto
de Campos.
Eduardo Kac inaugura o projeto “Eletropoesia” no Centro
Cultural Cândido Mendes, RJ, no qual integra o display
de eletrotela, o circuito interno de rádio e dois
monitores de vídeo.
22 de novembro a 2 de dezembro – “Pulsar”,
primeiro videopoema brasileiro, de Augusto de Campos,
com música de Caetano Veloso, é apresentado na mostra
Level 5, realizada no MASP e organizada por José Wagner
Garcia e Mário Ramiro.
1986
Outubro – Participação de Augusto
de Campos com o poema CODIGO no evento “Sky Art Conference”,
organizado por Wagner Garcia, durante o qual mensagens
artísticas via satélite foram enviadas entre São Paulo
e os EUA (MAC-USP e CAVS-MIT), utilizando o sistema
“slow scan”.
Dezembro - Holograma RISCO (projeto de Augusto de
Campos, com arte-final de Julio Plaza e Omar Guedes,
realização holográfica de Moysés Baumstein), na exposição
TRILUZ, inaugurada em 2/12/86 no Museu da Imagem e
do Som (SP).
1987
Primeiras experiências de Luís Dohlnikoff com poesia
digital, usando um Macintosh, nas primeiras versões
de PageMaker.
1987/1988
- “Quando? / When?”, primeiro holopoema digital
de Eduardo Kac.
1990
André Vallias cria o poema “Nous n’avon pas compris
Descartes”.
Arnaldo Antunes começa a usar o computador para fazer
um trabalho gráfico com poesia, o que resultou no
livro Tudos (1993).
1992
Agosto - Realização de ilustrações gráficas computadorizadas
de Augusto de Campos, em colaboração com Arnaldo Antunes,
para o livro Rimbaud livre.
Janeiro de 1992 a maio de 1994 - Trabalho desenvolvido
no LSI - Laboratório de Sistemas Integráveis da Escola
Politécnica da USP, São Paulo, com o título de “Vídeo
Poesia - Poesia Visual”. Seis poemas, que foram originalmente
pensados na bidimensionalidade do papel e em preto
e branco, fizeram parte desse projeto: “Bomba” e “SOS”,
Augusto de Campos; “Parafísica”, Haroldo de Campos;
“Femme”, Décio Pignatari; “Dentro”, Arnaldo Antunes;
“O arco-íris no ar curvo”, Julio Plaza. O resultado
final foi uma edição em fita Betacam de todos os poemas.
1993
Arnaldo Antunes, Célia Catunda, Zaba Moreau e Kiko
Mistrorigo publicam Nome, projeto que envolve vídeo
de animações computadorizadas, cd e livro.
Neide Dias de Sá, uma das fundadoras do Poema-Processo,
dá continuidade ao projeto Poemãos, iniciado anos
anos 70 e que não se esgotou até os dias atuais, com
o auxílio do computador. Nos anos 90, ela participa,
com um grupo de seis artistas, da discussão sobre
as possibilidades do uso das imagens digitais na arte.
Foi uma troca de 180 imagens, que foram enviadas por
CD-Rom e pela internet. Quando a troca de imagens
foi finalizada, uma exposição aconteceu no SESC de
Copacabana.
1995
Lucio Agra inicia a produção de poesia digital, com
obras como Mais ou menos (1995-2001), poemas em disquete
3 ¼, depois em cd-rom, e o uso do Microsoft Powerpoint.
A partir de de Explosão sem som (1995-2002), buscou
tornar sistemática a pesquisa com meios digitais,
impondo-a como exercício o uso de software que não
fossem originalmente destinados à autoria, particularmente
o Power Point. Seu sítio Agrarik tem início em 2002.
Segundo semestre - “Moebius”, primeiro
poema digital feito por Alckmar Luiz dos Santos e
Gilbertto Prado. Outras criações foram surgindo e
formaram o sítio Poemas em computador.
Novembro – Philadelpho Menezes coordena na
web o “Verso Universal”, um projeto de poema infinito
que usa a potencialidade de expansão comunicativa
das redes informacionais. O poema se desenvolve com
a contribuição da cadeia de poetas de diferentes países,
em diferentes línguas.
1995/1996
Poemas animados em Macintosh por Augusto de Campos.
1995-1997
Elaboração de .Gif poems: coletânea eletrônica de
poemas visuais digitais, de Elson Fróes, publicado
em cd-rom em 1996. O kit de acesso STI (ao sistema
BBS, na época em uso no Brasil) foi publicado em cd-rom
em 1997.
1996
Goulart Gomes - Fractais - primeiro livro virtual
de poetrix, que se encontra atualmente acompanhado
de Trix, Poemetos Tropi-kais, 27 poemas Powerpoint,
de 1999.
Elson Fróes inicia a distribuição dos gif poems na
BBS nº 1 e em cd-rom.
Junho – Blocos on Line: Portal de Literatura
e Cultura, coordenado por Leila Míccolis e Urhacy
Faustino, um ciberespaço de divulgação e um arquivo
de diferentes tipos de poesia.
Outubro - EPE - Estúdio de Poesia Experimental
– PUC-SP - coordenado por Philadelpho Menezes. Pesquisadores
participantes: Alessandra Vilela, Ana Aly, Carolina
Tenório, Marcus Bastos, Sabrina Rosa e Wilton Azevedo.
Trata-se de um arquivo de poesias visuais, sonoras
e digitais e de videopoesia.
Gilberto Gil cria a música e letra “Pela Internet”.
1997
“Clip-Poemas”, instalação com 16 animações digitais
de Augusto de Campos, na exposição Arte Suporte Computador,
na Casa das Rosas (SP).
Março a julho – Curso de Infopoesia e Poesia Sonora,
na PUC SP, por E. M. de Melo e Castro.
18 a 25 de junho - Exposição de uma seção
de Infopoesias na Biblioteca Central da PUC SP, sob
a curadoria geral de Ana Cláudia Mei Alves de Oliveira,
e coordenação de E. M. de Melo e Castro.
Agosto a dezembro - Curso de Ciberpoéticas de Transformação
e de Movimento – PUC SP - E. M. de Melo e Castro.
11 a 18 de agosto – Exposição dos
alunos do Curso de Infopoesia e Poesia Sonora (1º
sem. 1997), PUC SP.
1997-1998
Cd-rom Interpoesia Poesia Hipermídia Interativa, de
Philadelpho Menezes e Wilton Azevedo.
Primeiros videopoemas de Amarildo Anzolin, que foram
reunidos em Única Coisa (2000).
1998
Maria Inês Simões cria seu primeiro poema - “C@lice
Cibernético”.
Museu imagINário em eTERNo rETorno - Julio Plaza.
Primeiras poesias digitais de Fred Girauta, que foram
reunidas no sítio Palavrórios, a partir de 2001.
Entrelinhas, de Vera Mayra (Ierecê Rego Beltrão).
Abril – “Do impresso ao sonoro e ao digital”,
curadoria de Philaldelpho Menezes, SP, Paço das Artes.
Foi apresentado o cd-rom Interpoesia: poesia hipermediática
interativa, de Wilton Azevedo e Philadelpho Menezes.
5 a 29 de maio - Exposição de Infopoesia
e Animações Infográficas - Salão Vermelho do Campus
Trujillo da Universidade de Sorocaba.
1999
Início de Acarambola, obra de aLe (Alexandre Venera
dos Santos), poesia digital.
29 de junho - Rodrigo de Almeida Siqueira
cria o sítio Projeto Poesia, uma obra poética coletiva
e colaborativa, à semelhança do henka japonês, um
poema de versos alternados entre diversos compositores.
Setembro – Lançamento do sítio oficial de Augusto
de Campos na Universo OnLine, contendo biografia,
poemas, sons, textos, links e clip-poemas.
2000
Hugo Pontes, autor do poema visual “Nós”, de 1978,
em parceria com Victor Hugo Manata Pontes, apresenta
a versão digital do poema para download.
Única Coisa, de Amarildo Anzolin, videocassete, cd
e livro, com apresentação de Ricardo Corona, direção
de vídeo de Marcelo Borges, direção musical de Lúcio
Machado e projeto gráfico de Amarildo Anzolin e Renato
Larini. São 33 videopoesias / poesias verbais no meio
impresso / poesias sonoras.
Sígnica: um Balaio da Era Pós-Verso
(Apesar do Verso), revista eletrônica elaborada pelos
alunos da disciplina Poética e Criação de Textos,
do Instituto de Artes da Unesp, Campus de São Paulo,
do Prof. Omar Khouri. Foi idealizada em 1998 e lançada
em 2000, sob a edição de Omar Khouri e Fábio Oliveira
Nunes.
Maio - I Mostra Interpoesia – Universidade Presbiteriana
Mackenzie, São Paulo.
Setembro – Criação da revista eletrônica
Arte on Line, no Rio de Janeiro, editada inicialmente
por Regina Célia Pinto, Marcelo Frazão e Paulo Villela,
que depois da quinta edição (2002), se chamou Museu
do Essencial e do Além Disso, edição de Regina Célia
Pinto.
Novembro – Brazilian Digital Art and Poetry on the
Web, coordenação de Jorge Luiz Antonio.
2001
A poética de Philadelpho Menezes / Philadelpho Menezes´s
Poetics, filme dirigido por Jurandir Müller e Kiko
Goifman, realização da Rede Cultura.
Outubro – II Mostra Interpoesia – Universidade Presbiteriana
Mackenzie, Campus SP, organizada por Wilton Azevedo,
Priscila Arantes e Jorge Luiz Antonio.
2001/2002
A Fundação Cultural de Curitiba promove, em 2001 e
2002, o Concurso Nacional de Clipoemas, idealizado
por Décio Pignatari, com assessoria de Rosana Albuquerque
e equipe.
2002
Carlos Vogt publica Ilhas Brasil, seu sexto livro
de poesias, contendo um CD-Rom, com desenho e composição
visual de João Baptista da Costa Aguiar e preparação
da versão digital dos poemas, em programa Flash, de
Evelina Azeredo Rios.
Panorama de arte e
tecnologia no Brasil, pesquisa de Arlindo Machado,
Silvia Laurentiz e Fernando Iazzetta, na qual consta
o capítulo “Poesia e novas tecnologías”. – “E-poemas”,
de Ferreira Gullar, por volta de 2002, animações digitais
de cinco poemas, escritos e publicados em 1958.
16 de maio - Sítio da Imaginação, de Álvaro Andrade
Garcia.
2003
I´m not book no! 2.0, palestra-performance de Lucio
Agra, com uso de tecnologias computacionais, na Casa
da Palavra, em Santo André.
Novíssima Canção do Exílio - Virtualidade Sabiá, de
Regina Célia Pinto.
Novembro - Cortex Revista de Poesia Digital, edição
de Lucio Agra, Thiago Rodrigues e Guilherme Ranoya,
SP.
Artéria 8, revista editada por Omar Khouri e Fabio
Oliveira Nunes, faz releituras digitais de poesia
visual.
2004
Gabriela Marcondes inicia a produção de videopoesia
a partir do aprendizado com o Macintosh, usando o
programa LiveType.
Sérgio Monteiro de Almeida, passou a usar processos
digitais para criação e divulgação de poesia a partir
de 2000, cria uma série de poesias digitais com o
PowerPoint.
5 a 29 de agosto - Marcelo Mota faz uma exposição
de dez poesias digitais no Centro Cultural Carlos
Fernandes de Paiva, em Bauru.
2005
Quando assim termino o nunca, videopoesias de Wilton
Azevedo em DVD.
Outubro - Projeto Di(per)Versões Eletrônicas
(Brasi), de Patrícia Ferreira da Silva Martins, Frederico
Assunção Martins e Wilton Cardoso Meira, poesia e
computador, 44 colagens digitais, apresentação pública,
com alguns computadores, na Faculdade de Letras da
Universidade Federal de Goiás.
4 a 18 de novembro – Mostra Internacional
de Poesia Visual e Eletrônica, curadoria de Hugo Pontes,
Jorge Luiz Antonio e Roberto Keppler.
3 de novembro, a palestra-performance I´m not a book
no 2.0, de Lucio Agra, no Museu da Energia, Núcleo
de Itu, uma das atividades da Mostra Internacional
de Poesia Visual e Eletrônica.
2006
Faixa compartilhada, A preferência é do Poeta, de
Regina Célia Pinto, minilivro eletrônico de artista,
em que poesia e imagens se tornam um trabalho hipermidiático.
Início de Estúdio U.N.D.E.R.L.A.B., de Wilton Azevedo.
7 abril - Nóisgrande Revista-Objeto Digital,
concepção e organização de Fábio Oliveira Nunes.
21 de junho - Folha Online publica a série
E-Poemas Inéditos.
Novembro - Kinopoems, de Sylvio Back, ebook.
Dezembro - lançamento de 6X, em formato cd-rom
e na rede, coletânea de poesias hipermidiáticas colaborativas
e interativas organizada por Juliana Teodoro e Alexandre
Venera, em Blumenau.
Dezembro - Condomínio Poético, organizado
por Joesér Alvarez, projeto aberto de intervenção
urbana / site specific que utiliza poemas em grande
formato, apropriando-se da linguagem publicitária
e propondo uma poesia não só para ler, mas também
para olhar.
2007
Videopoesia “A$$alariado” - Goulart Gomes.
Guto Lacaz cria RG enigmático, a partir do poema “Tatuagem
enigmática”, de Duda Machado, para a exposição Viagens
de Identidades, na Casa das Rosas, SP.
Maio - Cânone, de Amarildo Anzolin, poesia
verbal e videopoesia.
8 de maio – Ana Aly faz uma homenagem ao
Dia do Artista Plástico, apresentando, em versão animada
de Felipe Machado, o seu poema visual “Soma”, como
tributo à poética de Philadelpho Menezes (1960-2000)
e a Julio Plaza (1938-2003).
4 de dezembro - Trajetória Infopoética: Poeta
Experimental E. M. de Melo e Castro, Academia de Ensino
Superior, exposição organizada por Maria Virgilia
Frota Guariglia, com exposição de infopoemas do homenageado,
da organizadora e de alunos.
Fonte: Jorge Luiz
Antonio
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