RAQUEL
DO CARMO SANTOS
O
professor Roger Castilho, do Departamento de Patologia Clínica da Faculdade
de Ciências Médicas assina como co-autor um artigo da edição
de agosto da mais conceituada revista científica de medicina experimental,
a Nature Medicine (www.nature.com/nm).
Castilho participou de importantes experimentos relacionados ao estudo da proteína
desacopladora 2, presente em mitocôndrias, organelas responsáveis
pela produção de energia nas células, e conhecida no meio
científico como UCP-2. As evidências do estudo destacam uma função
neuroprotetora dessa proteína em situações de isquemia cerebral,
trauma cerebral e morte neuronal. A pesquisa foi realizada em ratos e camundongos.
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O
professor Roger Castilho, da FCM, estudo de diversas abordagens clínicas |
Além
de Castilho, outros onze pesquisadores da Universidade Lund, na Suécia,
da empresa AGY Therapeutics e da Universidade da Califórnia Davis, nos
Estados Unidos, também assinam o artigo. O pesquisador brasileiro teve
seu primeiro contato com o grupo da Universidade Lund, quando realizou seu pós-doutorado
na Universidade, em 1998.
A primeira
proteína desacopladora mitocondrial, conhecida como termogenina ou UCP-1,
conta Castilho, foi descoberta na década de 70 por David Nicholls da Universidade
de Dundee (Escócia). A principal função até então
conhecida era a produção de calor no tecido adiposo marrom, presente
em recém-nascidos, ursos e outros mamíferos. Duas décadas
depois o grupo liderado pelo professor Aníbal Vercesi, na época
pertencente ao quadro docente do Instituto de Biologia da Unicamp, em uma pesquisa
com batatas, casualmente encontrou a presença dessa proteína em
mitocôndrias e superou o dogma científico de que estavam presentes
somente no tecido adiposo marrom. A descoberta, em 1995, foi batizada com o nome
de PUMP (plant uncoupling mitochondrial proteins) e despertou a procura de novas
proteínas do mesmo tipo. Pelo menos, outras quatro proteínas foram
caracterizadas em mamíferos. A UCP-2 está entre elas, mas a sua
função ainda era desconhecida.
O
artigo publicado pela equipe multidisciplinar relaciona a UCP-2 à proteção
contra situações de estresse oxidativo, podendo exercer o papel
neuroprotetor, agora comprovado em camundongos e ratos. A descoberta poderá
ser útil às pessoas que correm risco de isquemias de diversas formas.
Segundo Castilho, diversas abordagens clínicas poderão ser estudadas
a partir desta descoberta. Uma delas é tentar reproduzir o mecanismo da
UCP-2 sem utilizá-la diretamente. Também poderão ser usados
fármacos que estimulem a produção de UCP-2 e, até
mesmo, a transferência do gene da proteína para células do
sistema nervoso central.