Mais
da metade do material extraído acaba virando entulho,
causando sérios danos
ao meio ambiente
ANTONIO
ROBERTO FAVA
|
A
pesquisadora Wania Maria Gonçalves Pinheiro: solução econômica |
Depois
de dois anos percorrendo a região sudoeste de Minas Gerais, a pesquisadora
Wania Maria Gonçalves Pinheiro concluiu que 70% das extrações
de quartzito, popularmente conhecida como pedra mineira ou São Tomé,
material de ornamento vastamente utilizado em pisos, paredes e revestimentos de
piscinas, simplesmente acabam virando entulho. E com um agravante: as empresas
responsáveis pela extração do material não sabem o
que fazer com o resíduo acumulado. O objetivo das investigações
da pesquisadora foi, basicamente, buscar alternativas mais econômicas para
o aproveitamento dos resíduos dessas pedras. Há aproximadamente
dois meses, para provar que os resíduos pudessem ser aproveitados como
constituinte do concreto, ela mesma decidiu fabricar uma espécie de argamassa.
Contratou um servente de pedreiro e colocou a mão na massa.
Pude
constatar, sem qualquer margem de erro, que o concreto que desenvolvi com
resíduos de brita e pedriscos, cimento, água e areia usados no concreto
, comparando com o concreto comercial, apresentou resistência bastante
satisfatória, que poderia muito bem ser usado, com segurança e economia,
em pré-moldados, placas de vedação e paredes de edificações
civis, explica a pesquisadora.
Wania
explica que todas as sobras dessas pedras, existentes nos sítios localizados
nos municípios de São João Batista do Glória, São
José da Barra e Alpinópolis, no Estado de Minas Gerais, acabam prejudicando
a vegetação existente nesses locais. Ali cresce apenas mato
rasteiro, ainda assim muito escassamente, e a fauna é praticamente inexistente,
diz a pesquisadora, autora da dissertação de mestrado Utilização
do resíduo da extração da Pedra Mineira como agregado no
concreto, defendida no último dia 30, na Faculdade de Engenharia Civil
(FEC), sob a orientação do professor Vitor Antonio Ducatti.
A
exploração desse tipo de material ocorre em áreas de milhares
de quilômetros quadrados e acaba provocando sérios danos ao meio
ambiente: por um longo tempo o resíduo desse material é depositado
em locais totalmente inadequados, como as encostas de montanhas e nascentes de
rios, ocasionando estragos à vegetação, ao potencial aqüífero
da região, além de prejudicar o aspecto visual da área, transformando
a paisagem num retrato extremamente desagradável.
Wania
alerta ainda que tais áreas tendem a aumentar de tamanho se não
forem tomadas providências urgentes, ou por parte das prefeituras das cidades
onde estão instaladas, ou por parte de autoridades governamentais, com
o propósito de se tentar recuperar a vegetação do local.
É preciso, com urgência, que sejam criados mecanismos de aproveitamento,
ou pelo menos tentar reduzir o volume desse tipo de lixo, diz.